Furúnculos, ‘mindfulness’ e o riso como vingança. Henrique Dias fala-nos da peça “Cheque-Mate” e revela segredos do seu processo de escrita
Um banqueiro com uma amante, um gerente bancário, que fica bêbedo com meia garrafa de aguardente, e um cheque de dez milhões de Euros sem dono. Estes são os ingredientes de “Cheque-Mate”, uma peça sobre dinheiro, poder e enganos que estreia dia 21 de setembro no Casino de Lisboa. Da autoria de Juca de Oliveira, este clássico da comédia brasileira chega pela primeira vez a Portugal, pelas mãos de Henrique Dias. Com 27 anos de carreira, o co-autor de ícones da televisão como “Herman Enciclopédia”, “Não Há Pai” e “Pôr do Sol”, conta ainda com outros 55 projetos realizados entre série, filmes e peças de teatro dentro e fora das fronteiras nacionais. Numa tarde de quase outono, Henrique Dias cedeu-nos esta entrevista onde, além de falar sobre teatro, ficámos a saber mais sobre os prazeres que retira do TikTok, o seu processo criativo e como ajudar uma nova geração de argumentistas a chegar onde ele chegou.
Como tomaste conhecimento da peça?
A Ana Rangel da Plano 6, trabalha muito com produtores brasileiros e abordou-me com este projeto, que foi um grande sucesso no Brasil, mas seria preciso um grande trabalho de adaptação já que a peça tem alguns anos. Sendo uma adaptação, foi-me dada liberdade total para mexer no texto. Percebi que este era um clássico do teatro do Juca de Oliveira, que além de dramaturgo é ator. Apesar de ser fruto do seu tempo, o enredo e as personagens eram tão boas que achei que poderia ser interessante. Deu-me muito trabalho, mas ficou muito giro porque tem a ver com a nossa realidade atual, a história dos banqueiros e dos seus lucros excessivos. Acho que no Brasil as pessoas sentiam-se vingadas, quando viam aquilo em palco. O riso serve sempre como uma vingança. E acho que isso também vai acontecer cá.
A história passa-se, num Brasil dos anos 90. Primeiro houve a peça em 1997 e 10 anos depois, o filme. Estando nós em contextos culturais, económicos e temporais diferentes, o que é que tiveste de adaptar para o público, que irá assistir a versão portuguesa em 2024? E ao mesmo tempo pergunto, apesar da liberdade que tu tiveste, o que é que foi mais difícil?
Quando vais adaptar um texto dos anos 80, 90, o grande problema são os telemóveis. A importância que os telemóveis têm atualmente, para aquela que tinha anos atrás, pode dar cabo de uma peça. Há peças que se resolvem com um [finge uma chamada] “tô, isto é verdade ou mentira? É mentira”. Pronto, acabou a peça. Isso e questões tecnológicas, mas que são resolúveis do ponto de vista técnico da escrita. Além disso, há uma diferença do estatuto que o banqueiro tinha no Brasil naquela altura, com o de cá e que tive de atenuar. Enquanto no Brasil ele assumia-se prepotente e não ligava nenhuma às pessoas abaixo dele, cá um banqueiro até pode ser assim, mas tem de o transmitir de forma mais suave para transmitir uma imagem de ser alguém como os outros, um man of the people. Relativamente à linguagem, optei por deixar as falas que são ditas pelo [Marcos] Caruso totalmente como estavam em português do Brasil. E todas as outras reescrevi para o português de Portugal. Tive ainda de adaptar expressões e referências culturais, em relação a partidos políticos e comissões de inquérito. Se bem que comissões de inquérito é o que não nos faltam, não é? Fui buscar todos os casos que há e exemplos políticos portugueses. O humor tem este fator de identificação. Portanto, quanto mais tiveres algo que o português conheça o nome da pessoa ou da situação, melhor vai funcionar, que era o que acontecia no original.
A história tem a ganância como pano de fundo e como o ganancioso vai passar a ser humilde quando perde essa capacidade…
E quando de repente vês uma pessoa que tu não consideras ter poder e passa a decidir se ganhas um milhão ou dois milhões ou nada, o que é que isso faz em ti. Espero que tenha uma espécie de moral que seja interessante no final.
“Sou daqueles que considera exacerbada a função social do humor. O humor tem de fazer rir. Se pelo caminho der uma mensagem, ótimo.”
Mas de propósito ou achas que a moral virá naturalmente?
Será natural. Sou daqueles que considera exacerbada a função social do humor. O humor tem de fazer rir. Se pelo caminho der uma mensagem, ótimo. Quando o humor é bem feito já é em si um retrato da sociedade, é inerente ao que estás a fazer. A gargalhada vem de um sítio, de uma fragilidade ou de reveres-te numa realidade que em si, ao estares a rir dela, já é uma crítica que estás a fazer.
Como argumentista, estiveste presente em todas as fases deste projeto, por exemplo, na cenografia, na escolha dos atores, ou só fizeste a adaptação do texto?
Parte do elenco já estava escolhido. Pediram-me alguns conselhos para outros elementos mais tarde na atribuição dos papéis; quem é que poderia fazer o quê, porque, lá está, tenho um conhecimento maior da realidade portuguesa. Quando o [Carlos] Thiré veio encenar trabalhei com ele expressões que no Brasil fariam sentido, mas cá não. Esse trabalho foi muito importante porque adaptar o humor de país para país não é fácil.
“Escrever é um processo solitário e é fundamental dar a ler o que se escreve a pessoas em quem se confia. Ouve tudo o que dizem. Depois podes ou não utilizar. Ter estas vozes é importante, porque escrever é um processo solitário e tu perdes-te no teu próprio trabalho, no teu próprio mundo.”
Deve ser mais fácil traduzir do que adaptar para a mesma língua.
Muito mais, muito mais.
Porque tens de criar não só o equivalente da fala em si e da cultura.
Exatamente. Porque quando estás a adaptar e decides cortar uma coisa, depois tens de arranjar uma espécie de uma «barriga» que seja um equivalente cultural daquilo que está a acontecer. Enquanto do outro é um equivalente semântico, que é muito mais fácil.
Então, para conseguires ter esta amplitude do léxico cultural brasileiro, como é que tu te nutriste ao longo do tempo? Ias sempre à procura de mais humor, ou simplesmente as coisas aconteciam e tu pescavas?
Não é uma especialidade minha, mas acho que, devido às novelas, qualquer português, cresceu com a cultura brasileira. Somos o país que parou para ver o final de uma telenovela brasileira [Gabriela Cravo e Canela]. O parlamento parou! Além disso, crescemos com cantores brasileiros, com música brasileira. Aos poucos comecei a descobrir a literatura, o humor brasileiro, o Milôr Fernandes… Durante muito tempo, por exemplo, o “Saio de Baixo” foi um fenómeno brutal cá. A cultura brasileira já faz muito parte de nós, não é? Ajudou também o facto de conhecer o Brasil um bocadinho.
E também já trabalhaste com atores brasileiros.
Já. Conheci o [Miguel] Falabella quando ele esteve cá a escrever uma novela e acompanhei o processo de trabalho dele. Conheci-o por circunstâncias sociais, mas depois tivemos uma relação próxima durante algum tempo o que me ajudou muito. Acho que a maneira como os brasileiros escrevem as didascálias, usando o gerúndio para indicar uma ação da personagem, é muito mais dinâmica do que a nossa, o que ajuda no resultado.
“Não podemos ignorar que, cada vez mais, a cultura pop se está a alterar. Isto é algo muito generalista, mas antigamente tínhamos a arte, que cada vez mais está a passar a entretenimento e com o TikTok passou a distração.”
Postaste um texto sobre a peça “Cheque-Mate” que achei muito interessante e parte ficou-me na cabeça. Qual é ponte entre “os vídeos do TikTok com a malta a espremer furúnculos e o Feijó”? Ajuda-me.
Este espetáculo estende-se ao grande público. Acho que tem a obrigação de se aproximar das pessoas e fazer um esforço para isso. Não podemos ignorar que, cada vez mais, a cultura pop se está a alterar. Isto é algo muito generalista, mas antigamente tínhamos a arte, que cada vez mais está a passar a entretenimento e com o TikTok passou a distração. Os últimos projetos que fiz tinham muitos elementos de cultura pop e acho que isto faz toda a diferença. Sempre que posso, nas peças, sejam elas mais eruditas ou menos eruditas, tento por a parte coloquial, que é algo de que gosto, e que o Tarantino tem nos filmes dele e a pequenez do dia-a-dia, que no final é uma coisa tão grande. E quando passas para o cinema, para o teatro, deixa de existir. Isso é importante para dar realidade às cenas para depois haver o contraponto quando falas em algo maior. Assisti há pouco tempo a uma adaptação de Shakespeare no Trindade que tinha momentos de comédia. Eram coisas tão parvas, que quando vinha um momento mais profundo, estavas mais atento.
Porque já tinhas comprado a ideia, já te tinham convencido.
Exatamente. Tu já lá estavas. Se começas logo um solilóquio de 3 horas, já te cria algum desconforto. Nos tempos em que vivemos, se conseguires atrair as pessoas com pequenas coisas e depois lhes deres o solilóquio é porque elas já estão predispostas a isso. Acho que não é só no teatro, no cinema e numa série de áreas em Portugal, a ausência deste equilíbrio afasta as pessoas em vez de as aproximar.
Sem dúvida. Até porque, como bem referiste, especialmente neste trinómio, a distração acaba pode ser demasiada…
Exato. Os furúnculos do TikTok são a distração.
Que horror!
O TikTok é mesmo isso porque faz-te descobrir coisas horríveis que tu tens. Descobri a cena dos furúnculos, fico fascinado a ver aquilo. Outra é um gajo que corta a relva, que chega às pessoas que têm as casas cheias de relva, musgos e oferece-se para limpar tudo de borla. Fico horas a ver aquela porcaria. Isto deve ter um sentido qualquer psicanalítico muito mais profundo, mas por enquanto sou um purista. Aquilo descansa-me. Relaxa-me completamente.
Sim, sim. É uma espécie de conteúdo vazio. O problema é parar.
Tenho um alarme. Se eu estiver mais de uma hora no TikTok, aquilo bloqueia. Fui eu que o pus porque mais que uma hora é estupidificar. Um dia estou virado para ler um texto mais denso, depois para ver entretenimento, vejo uma série. Hoje estou muito cansado, deixa ver aqui… corta-relva! Sei que a minha mente não se alimenta com o entretenimento. A série “Os Sopranos” é entretenimento e faz-me crescer e faz bem a qualquer pessoa que a assista. Mas não é propriamente um alimento à alma tão profundo, é mais um prazer intelectual. E depois há aqueles momentos que não quero nada, não me chateiem…
Dêem-me os meus furúnculos!
Dêem-me isto, dêem-me cães, dêem-me vídeos de cães. E depois há o silêncio, muito importante, o ócio, que anda perdido. O não fazer nada. Não fazer nada é a coisa mais criativa que há.
Mas quando dizes isso são esses momentos de distração?
Não. É mesmo…mindfulness total. É estar na praia e não fazer nada, deixar a mente vaguear por aí. Aliás, a etimologia da palavra negócio vem da negação do ócio, acho que a etimologia é essa. Deves ter parte da tua mente completamente vazia para depois começares um processo criativo. Porque senão não dá, não consigo estar o tempo todo a pensar e a absorver… sim, há uma altura para absorveres, há uma altura para te inspirares, para veres séries, filmes, ir a Londres ver um bocadinho de teatro, tudo isso existe, mas depois também há momentos, em que estás no jardim, a ver o verde, a olhar as pessoas a passar e isto tem um efeito em ti. Num livro sobre criatividade, o John Cleese faz uma analogia com o trabalho dos arquitetos que começam logo a rabiscar quando lhes dão um projeto e outros que tomam o seu tempo para amadurecerem melhor ideia e conclui que forçar-se a ter ideias pode não ser a melhor coisa.
“Deves ter parte da tua mente completamente vazia para depois começares um processo criativo.”
É dar à mente o seu tempo.
O meu psicanalista contou-me que, segundo [Friedrich] Nietzsche, os melhores momentos do ponto de vista criativo são aqueles em que a nossa mente está mais próxima entre o inconsciente e o consciente. Ou seja, exatamente antes de adormecer e antes de acordar. Não é que eu faça de forma consciente ou de propósito mas as melhores ideias que tive para peças, para filmes, até frases, são naquele momento que eu estou quase a adormecer e…pum, acendo a luz, escrevo no bloco de notas do telemóvel, às vezes nem percebo no dia a seguir, mas é aquele o momento em que a mente é apanhada desprevenida e agarras a ideia quando ela está no ar. O David Lynch diz que as ideias andam no ar e se não as apanharmos elas nunca mais voltam.
Como é o teu trabalho de supervisão dos guiões e a consultoria e seleção dos projetos na RTP Lab?
Há duas fases. Faço parte de um grupo que recebe os projetos depois de uma pré-seleção interna da RTP e que tem a ver com questões técnicas, custos e coisas desse género. Escolhemos os mais interessantes e que também possa ir de encontro ao que a RTP Lab procura: dar hipótese a jovens criadores, espaço a ideias novas e disruptivas. Se for alguém que já seja um criador de 50 anos, mas queira fazer uma coisa completamente maluca, tudo bem, mas obviamente o orçamento está mais vocacionado para a malta que está a começar agora. Acho fantástico que a RTP, sendo paga pelos impostos de todos nós, aposte nisto e ser o único espaço onde uma miúda, um miúdo que sai da escola de cinema, ou não sai de lado nenhum, não tem formação nenhuma mas tem uma ideia para fazer uma série, possa não só ter o seu projeto financiado como ter a hipótese de evoluir e de ter contato com uma série de pessoas do meio. A “Casa no Cais” nasceu aí, a Filipa Amaro, agora o Pedro Ferreira e os tipos do “Astro-Mano“, começaram assim. É verdade que os miúdos hoje em dia têm o Youtube, mas, mesmo assim, precisas de um orçamento. Na RTPLab damos a hipótese de entrares na RTP Play, que é a melhor plataforma de conteúdos em Portugal. A outra fase é a de trabalhar com eles nos guiões, mas num sentido muito próprio, a orientá-los sem desviar da visão deles porque isso seria desvirtuar a coisa.
Encoraja-os a quebrarem as regras depois de as conhecer mas num trabalho de construção constante, um género de scriptdoctor mas em porreiro.
Sim, há coisas que eles não sabem e tenho de lhes dizer. É aquilo do conhecer as regras como profissional e quebrá-las como artista. Outras coisas estão erradas, mas que eu lhes digo, “olha, isto está errado no ponto de vista formal, mas tu queres quebrar esta regra? Quero! Então bora lá.” Ou seja, nunca lhes castrar a criatividade de fazerem coisas diferentes. Pelo contrário. Qualquer alteração que façam no guião, a decisão é sempre deles.
Depois dos projetos que passaram pela tua mão, tu continuas de alguma forma a segui-los? Para saber como é que foi a reação do público?
Sempre. A edição passa sempre por mim e por toda a equipa e vamos acompanhando na mesma lógica de aconselhamento e companheirismo, nunca é algo impositivo.
Reúnes-te pessoalmente com eles?
Fazemos tudo por Zoom, mas sempre que achamos que é necessário encontramo-nos. Até porque eu só entro no processo quando o guião já está feito. A não ser entre eles, acho que não se justifica estarmos todos no mesmo espaço.
Então achas que o conceito de writer’s room, ainda faz sentido?
Faz. Para o meu trabalho de supervisão não é preciso. Quando fiz o “Da Mood“, não havia orçamento para ter mais pessoas comigo. O problema de não haver writer’s room não é de egoísmo dos argumentistas. Quem me dera ter mais pessoas comigo. Mesmo assim, eu fiz questão de falar com o João Nunes e com o Patrícia Muller para fazerem a história comigo e o script fi-lo sozinho. Escrever é um processo solitário e é fundamental dar a ler o que se escreve a pessoas em quem se confia. Ouve tudo o que dizem. Depois podes ou não utilizar. Se não estás num writer’s room, a ouvir opiniões, é a melhor coisa que podes fazer. Ter estas vozes é importante, porque escrever é um processo solitário e tu perdes-te no teu próprio trabalho, no teu próprio mundo.
Nos teus trabalhos, alguma vez tiveste alguém com esta função de script doctoring?
Tive no início. Várias vezes. Por exemplo, nas Produções Fictícias, quando comecei, eram o Herman, o “Contra Informação”, todos no mesmo espaço, cada programa com a sua equipa. Às vezes, os tipos do “Contra Informação” estavam a discutir uma ideia e nós, do Herman, ouvíamos e “olha, isso era giro fazer não sei o quê…”. Havia essa troca de informação de uns grupos com os outros. Isso é o ideal, quando estão todos no mesmo espaço criativo. Tive, por exemplo, um dos primeiros e maiores guionistas que existe, o Carlos Saboga, que vive agora em Paris e foi quem supervisionou “O Lampião da Estrela“, escrito por mim e pelo Eduardo Madeira. É importante para quem está a começar, que lhe seja dada a capacidade de pensar e investigar e não meter palas nos olhos.
Estudei guionismo, ouvi muito que para se entrar na indústria vais ter de fazer aquilo que já foi testado milhões de vezes. Não que defenda esta ideia, é mais no sentido em que acho que a disrupção é uma coisa boa, por espelhar a personalidade que alguém coloca numa determinada obra, seja ela qual for. Ao mesmo tempo, até fazer com que a tua criação chegue ao conhecimento geral, quanto é preciso, de facto, estar ali dentro daquela forma que se é colocado quando se sai das escolas?
O [Martim] Scorsese diz que faz um filme para “eles” e um para ele. E tem de ser assim, tens de jogar com isto. Agora estou a trabalhar num projeto com o Manuel Pureza e com o Rui Melo, não sei se alguém vai pegar naquilo, que é uma coisa absolutamente estúpida. Percebo que quando estás a começar, quando tens 20 anos, vais ganhar dinheiro, precisas de pagar as contas. E aí provavelmente, pegando de novo no Scorsese, são dois para eles e um para ti. Acho que isso é a maneira que tu tens de trabalhar e de sobreviver nisto. Se pensas em trabalhar só para eles, mais tarde ou mais cedo, só sabes fazer comédias em que o velho sai do lar e depois vai com os outros numa carrinha. E está tudo bem. Não há problema nenhum. Ou então, cais no outro lado, em que só fazes coisas que é um tipo durante três horas a falar para o mar e também não vais a lado nenhum. Portanto, eu acho que tem de ser o jogo das duas coisas. Neste momento, estou com dois para mim e três para eles.
Parece uma boa média. Dos projetos da RTPLab, que passaram pelas tuas mãos, gostavas que algum tivesse sido uma ideia tua?
Houve um que gostei muito: o “Lugar 54“. É muito inteligente a maneira como, num único cenário, só com bons textos e bons atores, conseguiram contar diversas histórias. Queria ter tido essa ideia. Mas está muito bem entregue.
Para encerrar a nossa conversa, o Henrique respondeu algumas perguntas do Questionário Proust para devotos de Nosso Senhor do Coisinho:
Qual consideras ser a virtude mais sobrestimada?
Otimismo.
Que talento mais gostarias de ter?
Conseguir aguentar um fato de linho.
Se morresses e voltasses, que pessoa ou coisa serias?
Aaron Sorkin.
Quem é o teu herói na ficção?
Tony Soprano.
Qual é a tua aversão de estimação?
Moralistas.
Qual o segredo para dormir pouco e produzir tanto criativamente?
Ter duas cadelas para passear e não estar à espera da inspiração. A revisão é tão importante como a escrita.