Festival Rádio Faneca regressa com novo palco, exposição sonora e um disco da Orquestra da Bida Airada
“Tudo o que for para a Faneca peçam, filhos, estejam à vontade”, foi o que Armanda, moradora da Rua do Grande Banco, um entre os dezenas de becos ilhavenses, disse em reacção ao aparato que surgiu nas imediações da sua casa na manhã desta terça-feira. As toalhas nas mesas que serviram de apoio à conferência de imprensa de apresentação da sexta edição do Festival Rádio Faneca eram suas, “estavam ali guardadas, nem bem passadas estavam, que disparate”, lamentou.
O Rádio Faneca, um festival que se distingue pela relação com comunidade, regressa ao Centro Histórico de Ílhavo nos dias 8, 9 e 10 de Junho e, além das novidades que trouxe, é também isto que faz: entra em casa das pessoas, mas também as traz para a rua. Três horas mais tarde, quando Ricardo Batista e Ana Isabel Bragança da ondamarela, Maria Teixeira e Rita Ferreira, da Orquestra da Bida Airada, e Hugo Pequeno e Maria Inês Santos, da equipa do 23 Milhas, projecto cultural do Município de Ílhavo, se sentavam à mesa para gravar um podcast ao vivo, Armanda percebia que as suas toalhas pareciam, afinal, engomadas.
E sobre a mesa três grandes novidades na edição do Festival Rádio Faneca: o lançamento de um disco com o repertório de cinco edições da Orquestra da Bida Airada, um novo local para a rádio, que serve agora de palco e abraça novos contextos e uma exposição sonora que percorre os becos do Centro Histórico.
A Orquestra da Bida Airada, que existe desde 2014, e que tem a coordenação artística da ondamarela, reuniu ao longo dos últimos anos centenas de pessoas, de várias idades e formações, para a criação de um cancioneiro único, original, que assenta no território imaterial ilhavense. Dezenas de elementos da Orquestra, de várias edições, juntaram-se para gravar o disco “Os Maiores êxitos da Bida Airada”, num “desafio difícil, com muitas repetições”, confessava Maria Teixeira, da Orquestra. O resultado é, segundo esta participante veterana, um bom reflexo de Ílhavo que, para Ricardo Baptista, é fácil de resumir em duas palavras: “alegria” e “comunidade”. Numa edição que o Festival Rádio Faneca dedica ao Arquivo, o artista João Martins reúne memórias e histórias da comunidade, artistas, público e equipa. O resultado será uma exposição sonora, pelos becos do Centro Histórico, que o público poderá ouvir enquanto vê e interage com elementos da história do Festival. Luís Ferreira, director do 23 Milhas, afirma que “arrumar a casa não é mais que uma forma de olhar para o futuro, sobretudo para crescer”. Também cresce a rádio do Festival, que se muda para o Jardim Henriqueta Maia e a que na sexta edição se acrescenta um palco onde acontecem programas de artistas como Samuel Úria, Benjamim ou João Moreira e Pedro Santo (criadores de Bruno Aleixo), entrevistas e concertos. No Festival Rádio Faneca, de 8 a 10 de Junho, há ainda concertos de Manel Cruz e Cais Sodré Funk Connection, Psychtrus, Motiv, Ermo, Tomara, Luís Severo, Dj 20_Age e Dj Renato Alexandre; Histórias nos Becos, Casa das Brincadeiras, Casa Aberta e jogos do Hélder espalhados pelo Centro Histórico de Ílhavo.
O Festival é gratuito. O disco “Os Maiores Êxitos da Bida Airada” é lançado no Festival Rádio Faneca. Custa 5,00€, inclui um livro e ficará disponível, depois do festival, nos espaços do 23 Milhas.
O Festival Rádio Faneca surgiu em 2012 como um festival de criação em comunidade e cruzamento de artes performativas, em que se recupera o nome daquela que foi, durante décadas, uma rádio de publicidade e discos pedidos no Centro Histórico de Ílhavo. Mantendo as premissas do encontro no jardim, do centro histórico como elemento unificador do lugar e da rádio como veículo de propagação de mensagens, canções e memórias, o Festival Rádio Faneca convoca a comunidade a ser co-produtora, envolvendo-a na preparação, execução e implementação dos projectos de programação.