A criatividade do designer de moda Paul Smith
Por volta dos 17 anos, Paul Smith era um jovem, natural de Nottingham, Inglaterra, que ambicionava ser ciclista profissional. No entanto, um acidente provocou-lhe graves lesões que o impediram de prosseguir o seu sonho. Durante os 6 meses que passou no hospital, fez vários amigos da localidade, alguns dos quais estudantes de colégio de Artes que lhe apresentaram o mundo da Arte e da Moda. Antes disto, não pensava sequer nestes assuntos; as conversas que teve com estes alunos começaram a gerar novas ideias e acima de tudo curiosidade. O seu interesse pela área desenvolveu ao ponto de ter aulas de costura em horário nocturno. Começou a trabalhar numa empresa de roupa. Mais tarde, conhece a sua futura namorada Pauline Denyer, e actual esposa, que estudou para designer de moda. Paul Smith refere várias vezes nas suas entrevistas a importância que esta teve no desenvolvimento das suas novas ambições. Na conferência Here 2012 disse inclusive que tinha sido esta quem um dia lhe disse “tu podes abrir a tua própria loja de roupa, tens muita energia para isso” e descreve-a como uma autêntica “professora” que lhe ensinou vários aspectos, desde as proporções nas roupas até à maneira “certa” de cortar um fato. Pauline é uma mulher tímida e que gosta de ficar na retaguarda de Paul. O agora designer contou, ainda na mesma conferência, que começou a trabalhar nos dias de folga até que um dia abriu a primeira loja, muito pequena por sinal, “3 metros quadrados” como ele refere com humor, uma vez que não teve sucesso durante os primeiros tempos. No entanto, fez vários trabalhos extras para outras lojas para ganhar dinheiro e a sua primeira coleção surgiu 7 anos depois.
Aind na conferência Here 2012, Paul Smith, demonstrou, com o auxílio de imagens projectadas, como muitas das suas criações nascem de observar a grande variedade de coisas que o mundo tem. A sua criatividade tem várias fontes, sobretudo cinco: Arte, Música, Arquitetura, Viagens e Humor. Considera que os grandes quadros são sempre uma grande fonte de inspiração. Ainda assim, as ideias mais curiosas surgem das suas viagens. É também interessante ver como, por exemplo, os têxteis da Guatemala influenciaram certas peças de roupa, cachecóis por exemplo, ou como os Palácios de Moscovo inspiraram padrões de várias camisolas.
Todas as suas lojas são diferentes. Paul acha perigosa e aborrecida a ideias que várias empresas suportam: ter um modelo standard de loja e copiar isso por todo o mundo. Na opinião dele, isso é “aborrecido”. Um das suas “conquistas” foi a de suavizar o uso de fato. Até meados dos anos 80, usar fato assinalava um funeral, um casamento ou uma entrevista. A ideia de Paul foi a de encontrar diferentes maneiras de fazer o uso do mesmo como algo normal, sem qualquer motivo especial. O seu trabalho foi sempre além fronteiras: desenhou para a Land Rover Defender, veste os jogadores do Manchester United com os seus fatos desde 2009, desenhou uma edição especial do grande clássico Tinker, Tailor, Soldier, Spy de John le Carré e fez roupa de ciclismo para a Tour de France.
Num anúncio que fez em colaboração com a Land Rover em 2016, o designer inglês revelou que nunca teve a forte ambição de ter lojas por todo o mundo, simplesmente queria trabalhar numa área criativa e ser feliz. A sua personalidade, como é notório em entrevistas, como as que concedeu à SHOWstudio ou à Channel 4 News, não é a de um homem que procure passar a imagem de génio, pelo contrário, fala com muita simplicidade e transparência sem esconder que tira muitas influências de trabalhos de outros. Considera que a atual geração faz mal em seguir muitos planos. Em 2013, numa entrevista para a The Talks disse:
“Receio pelos jovens de hoje em dia viverem as suas vidas como se fossem um plano de negócios. Têm tudo previsto e muito cliché, em vez de viverem com espontaneidade, isto porque têm uma autoconsciência de como as coisas devem ser.”