A Fontana di Trevi: quando a arte e a natureza se unem
Na região de Trevi em Roma, com quase 50 metros de largura e 26 de altura, encontra-se uma das fontes naturais de água mais antigas de Roma, a Fontana di Trevi. Uma obra nas traseiras do Palazzo Poli que nasceu da vontade do Papa Clement XII que lançou um concurso para encontrar o melhor arquitecto para a obra. Alessandro Galilei, da mesma família do famoso Galileo, foi em primeira instância o vencedor, mas acabou substituído por Nicola Salvi, uma vez que o seu nome tinha a oposição do povo. Allessandro era de Florença, enquanto que Salvi era romano.
O mentor de Salvi foi Antonio Canevari, um arquitecto que fazia trabalho de consultadoria para João V, “O Magnânimo”, então Rei de Portugal, tendo mesmo mudado-se para Lisboa em 1728. O seu trabalho em Portugal ficou marcado pelo Aqueduto das Águas Livres e a Torre da Cabra na Universidade de Coimbra. Salvi continuou o seu trabalho em Roma.
Em 1971, Salvi morre quando a Fontana di Trevi tinha apenas as bases construídas. O monumento foi acabado por Pietro Bracci, que executou Oceanus, a figura central que representa o Deus da Água e os tritones. Oceanus encontra-se numa carcaça em forma de concha, rebocada por dois cavalos marinhos, um com ar plácido e o outro agitado, simbolizando assim os dois aspectos do mar, conduzidos por tritones.
Nicola Salvi e Pietro Bracci eram amigos, ambos eram membros da Arcadia e da confraternidade dos virtuosos no Panteão.
Existe também a tradição de atirar uma moeda para a Fontana com mão direita por cima do ombro esquerdo. Estima-se que em média são atirados 3000 euros para a Fontana. A lenda diz que isto assegura um regresso a Roma. As moedas são recolhidas de noite e doadas a um instituto de caridade italiano de seu nome Caritas. É ilegal alguém tirar moedas da Fontana, coisa que acontecia muito no passado.
A sua beleza não passou despercebida ao mundo do cinema. No seu imortal “La Dolce Vita”, Federico Fellini criou uma das cenas mais emblemáticas do seu cinema, quando Sylvia entra dentro da Fontana e Marcello, personagem principal, acaba por segui-la, o resto é magia de Fellini.
Mesmo quando se caminha nas redondezas, é possível começar a escutar a água da Fontana, afinal de contas representa o oceano. Um monumento majestoso de invulgar beleza onde as pessoas se sentem bem simplesmente pelo lento e silencioso contemplar do que as rodeia. Todos os anos milhões de turistas passam na Fontana, lançam a moeda e tiram as habituais fotos. Este é o tipo de monumento que infelizmente já não vemos ser feito. É um conjunto de esculturas executadas com um detalhe fenomenal a dimensões que só quem viu ao vivo conhece. Aliás, é um lugar muito apertado para o tamanha da obra, mas que causa uma impressão enorme quando se olha pela primeira vez. A Fontana di Trevi poderá ser uma agradável surpresa para quem vai com poucas expectativas ou para quem está apenas excitado para ver o Coliseu ou o Panteão. Tanto de noite como de dia, a Fontana di Trevi é um lugar mágico com formas e símbolos da natureza e onde só temos pena de não poder olhar as estátuas de mais perto.