As sete vidas e o mito que perdura: o retrato de Pier Paolo Pasolini

por Lucas Brandão,    20 Agosto, 2020
As sete vidas e o mito que perdura: o retrato de Pier Paolo Pasolini
Fotografia de Pier Paolo Pasolini durante as filmagens de “L’Évangile selon saint Matthieu” / Wikimedia Commons
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Pier Paolo Pasolini é um dos enfants terribles da criação artística no século XX, em especial na literatura e no cinema. Trata-se de alguém que fez da sua vida uma constante superação, quebrando tabus e superando os obstáculos que a sua homossexualidade e a sua efervescência criativa lhe causavam. De igual modo, trata-se de um dos mais controversos e complexos artistas italianos, numa escola habituada a rotinas clássicas e à sua estima, batendo-se de frente com esse legado. Embora com um final trágico, é uma vida rica, entoada em 53 anos de uma diferenciação que é mais louvada que visada em críticas nos dias de hoje.

Uma vida conturbada e demarcada

Pier Paolo Pasolini nasceu em Bolonha, a 5 de março de 1922, uma das cidades mais partidárias da esquerda política. A sua família tinha origens judaicas e foi saltando de vila em vila, sofrendo vários revezes. O pai, tenente no exército, fora preso por dívidas com o vício do jogo, mas viria a redimir-se após prender um potencial assassino de Mussolini, que passou a apoiar desde então. Pier Paolo viveu, em criança, sempre com a sua mãe e veio a desenvolver um gosto pela poesia, escrevendo-a espontaneamente desde a tenra idade dos sete anos. A pequena vila de Casarsa, nas redondezas de Veneza, inspirou-o na escrita, tendo o francês Arthur Rimbaud como referência. Com o seu pai de volta, voltaram as constantes mudanças de casa e de cidade. Aquilo que ia perdurando era o seu gosto pela poesia e pela literatura, desbravando caminho pelos dramas de Dostoiévski e de Tolstoi e pelas peças de William Shakespeare. Abdicava, assim, a fé profundamente católica que a sua família nutria por uma fé nos seus escritores prediletos.

A sua infância foi marcada por uma amizade que fez com Luciano Serra quando viva em Reggio Emilia, no centro de Itália. Com ele, desenvolveu uma tertúlia literária com outros amigos, para além de desenvolver uma paixão por futebol. A adolescência também bebeu muito disto e os tempos da universidade chegaram. Aos 17 anos, cursou literatura na Universidade de Bolonha, onde se pôde maravilhar com o estudo da filologia (da linguagem e do idioma) e da estética, para além de ter os primeiros contactos com o cinema, encontrando um palco para a sua inquietude interior. Dividia o seu tempo entre as artes e o desporto, tendo participado em diferentes provas organizadas pelo regime fascista, que já se tinha imposto por todo o país.

Na poesia, vinha juntando o friuliano, um idioma com origens no centro de Itália mas que se vinha tornando minoritário com o passar do tempo. Foi neste mesmo idioma que viria a publicar a sua primeira coleção de poesia, em 1942, de seu título “Versi a Casarsa”. Enquanto ia cessando a Guerra, Pasolini começou a viajar, nomeadamente para a Alemanha, onde contactou com uma outra sociedade, mais evoluída e moderna, que ajudou a que o escritor tomasse consciência do provincialismo do seu país. Foi um gradual impulso para que os valores comunistas começassem a predominar as suas convicções. Na vila em que viveu, Casarsa, foram muitas as dificuldades sentidas em moverem-se a outras cidades circundantes, para além dela ter sido bombardeada pelos Aliados. Para procurar distanciar-se do rumo dos acontecimentos, Pasolini, a sua mãe e colegas seus começaram a dar aulas aos jovens que não conseguiam ir para as suas escolas.

Nesta fase, a sua homossexualidade começou a exprimir-se, sentindo a sua primeira atração por um dos seus estudantes. Porém, a sua vida seria marcada por um forte revés, com a morte do seu irmão, Guido, aos 19 anos, numa emboscada a um partido anti-fascista no qual estava integrado. Com isto, o pai regressou a casa e Pasolini procurou encontrar consolo no idioma que vinha estimando, acabando por fundar a Academia da Língua Friuliana. 1945 foi também o ano em que concluiu o seu curso, com uma tese sobre o poeta do movimento decadente Giovanni Pascoli. Um ano depois, lançou uma coleção de poesia ao abrigo da sua “Academiuta”, com o título “I Diarii”, assim como seria “I Pianti” (1946), e aventurou-se no teatro com “Il Cappellano”.

Pasolini sentiu a necessidade de se envolver política e socialmente e, como tal, e em prol da região de Friuli, onde cresceu e que tanto cuidou durante toda a sua vida, juntou-se ao movimento Patrie tal Friul, fundado na urbe da região, a cidade de Udine. As suas convicções, orientadas para a tradição cristã, mas também com um forte ênfase no progresso social e cívico, contrastavam com aqueles que eram apoiantes da autonomia regional e na salvaguarda dos privilégios sociais. Criticava o Partido Comunista Italiano por ser profundamente centralista e, como tal, procurou encontrar outro caminho, tanto por iniciativas próprias, como por intervenções em órgãos de comunicação, como o jornal “Libertá”. Apesar de ser oposto ao partido, convencera-se que o comunismo era a solução política capaz de transformar a sociedade e de lhe prover uma nova cultura.

Assim sendo, e passado algum tempo, acabou por se juntar ao partido, enquanto foi em busca de prolongar o seu trabalho em prol da Academiuta, expandindo a sua área de estudos para as demais línguas de origens latinas. Algo que se tornaria crucial na sua vida política seria a sua presença no Congresso da Paz, que se realizou em Paris, em maio de 1949. Contactou com as grandes questões prementes, nomeadamente as vicissitudes dos trabalhadores e das comunidades mais carenciadas, mas sem negar a importância do cristianismo como uma possibilidade para solucionar os seus problemas. Essa sua crença no comunismo e no cristianismo em simultâneo viria a trazer-lhe olhares de desconfiança e até ameaças, ele que era professor à data e tinha sido forçado por um padre a escolher a renúncia política ou a perda da profissão. Estava numa posição delicada, posição à qual se habituou para o resto da vida. Afinal de tudo, era diferenciada, demarcada e provocadora.

O cinema chegou ao seu caminho artístico num filme de Federico Fellini, em “Le Notti di Cabiria” (1957), escrevendo o diálogo das comunidades dos subúrbios de Roma que nele aparecem, dada a sua familiaridade com elas. Trabalho semelhante fez em “La Dolce Vita” (1960), embora não constando nos créditos. A sua estreia oficial foi como ator e foi-lo em “Il Gobbo” (1960, de Carlo Lizzani, num filme relacionado com a Resistência Italiana na II Guerra Mundial). Porém, começou a realizar-se na escrita e na direção, sendo co-autor de “Long Night in 1943” (1960), de Florestano Vancini, num filme também cujo trama se concentra na II Guerra Mundial e no regime pós-Mussolini, controlado pelas forças nazis. Dirige o seu primeiro filme no ano a seguir, em “Accattone”, no coração da marginalidade romana. É um filme que procura dar voz aos ladrões, às prostitutas e aos seus chulos, bebendo muito das suas obras “Ragazzi di Vita” e “Una Vita Violenta”, e procurando, a partir de um elenco composto por gente não formada, mas natural daquela zona, dar um cariz mais realista e vivido, colocando em causa as diferenças entre o sagrado e o profano. É com naturalidade que, perante temáticas tão chocantes à data, Pasolini é visto quase como herege e alguém totalmente propenso para o escândalo.

Sobrevivemos na confusão
de uma vida renascida para lá da razão.

“Poemas de Roma” (1986)

Em 1963, no filme de antologia “Ro.Go.Pa.G.” – feito em conjunto com Jean-Luc Godard, Ugo Gregoretti e Roberto Rossellini -, faria o episódio “La Ricotta”, em que a crucificação de Jesus é colocada em diálogo com o protagonismo de um dos que tinham sido crucificados a seu lado. Novamente a heresia e novamente a justiça – Pasolini ia mesmo a tribunal responder por ofensa à religião e ao Estado italiano. Um ano antes, tinha feito “Mamma Rosa” (1962), um filme que coloca uma mulher que havia sido prostituta numa nova etapa da sua vida, procurando vender legumes. A seu cargo, está o seu filho de dezasseis anos, que se desvirtua após saber o ex-trabalho da mãe até ser preso, sem esquecer o peso de uma sociedade moralmente disposta a repreender a devassidão.

Daí em diante, passou a viajar com frequência, tendo conhecido a Índia, o Quénia, a Nigéria, a Jordânia e o Israel. A sua reputação vinha crescendo ao ponto de fazer parte do júri do Festival de Cinema de Berlim em 1966, para além de entrevistar o poeta americano Ezra Pound. Foi um ano em que produziu o filme “Uccellacci e Uccellini”, protagonizado pela sua grande paixão, Ninetto Davoli, que foi um fiel colaborador nos seus filmes. Este fez de filho da grande referência do teatro cómico italiano, Totò, num filme que relata as peripécias de ambos, sentindo na pele os constantes conflitos de classe que lhes faz encontrar um paralelismo: a história de dois frades franciscanos, com a referência do narrador: um corvo. No ano a seguir, adaptou a peça do grego Sófocles, “Édipo Rei”, para o cinema, algo que lhe permitiu explorar todo o potencial carnal e sexual e adaptar à realidade pré-Guerra em Itália.

Assistiu ao movimento dos estudantes com atenção, apesar de os considerar como “antropologicamente de classe média” e destinados a falhar nas suas reivindicações. Muito embora toda a esquerda estivesse a favor do movimento, defendendo as desordens como expressão da luta proletária contra o sistema, Pasolini entrava, novamente, em contramão em relação às forças comunistas. Receava a extrema-esquerda fascista, tanto que tomou a posição a favor das forças policiais, a quem chamava filhos dos pobres, desconhecedores daquilo contra o que lutavam, contra os manifestantes na La Sapienza, a Universidade de Roma, criticando as suas origens burguesas e classificando os moldes da própria manifestação como “uma hipocrisia de classe”. No entanto, aquilo que se conclui era, mais do que a defesa dos polícias, um ódio profundo que Pasolini nutria pelos burgueses e por achar que somente a classe trabalhadora teria legitimidade para fazer as reivindicações da luta de classes. Tanto que, sobre os polícias, já havia defendido o seu desarmamento, de forma a mitigar a sua sensação de poderem pautar pelo seu autoritarismo. No cinema, “Teorema” seria o sexto filme da sua conta pessoal mas o segundo de maior relevância, sendo o primeiro em que trabalhou com atores profissionais. Aqui, coloca em confronto a força divina com a comodidade de uma família de classe média-alta de Milão e volta a desconstruir preconceitos sexuais de forma quase devastadora.

Chegada a década de 1970, e depois de Pasolini comprar um velho castelo perto de Viterbo, vila nas redondezas de Roma, começou a escrever a sua última obra literária, de título “Il Petrolio”, que não chegou a terminar. Aqui, procurou compilar as relações de corrupção e de obscuridade ligadas ao mundo corporativo e aos governos nacionais, especialmente o papel da Máfia e da multinacional Eni. Em caminhos cada vez mais tumultuosos, envolveu-se com o grupo de extrema-esquerda Lotta Continua, assinalando a sua ousadia e atrevimento em confrontar a realidade, dando apoio na continuidade do partido e procurando produzir um documentário sobre o ataque em Piazza Fontana, em 1969, com o rebentamento de uma bomba no Banco Nacional Agrícola, causando mais de 15 mortes. Não obstante, escreveu no célebre jornal “Il Corriere della Sera”, o mais lido do país.

Estamos cansados de nos tornar jovens sérios,
ou contentes à força, criminosos ou neuróticos:
queremos rir, ser inocentes, esperar
algo da vida, perguntar, ignorar.
Não queremos ser tão confiantes imediatamente.
Não queremos ficar imediatamente sem sonhos

“Lettere Luterane: il progresso come falso progresso” (1976)

Uma morte violenta de quem não soube lidar com o diferente

Contudo, Pasolini seria assassinado a 2 de novembro de 1975, numa praia de Ostia, na costa de Roma. Fora atacado, violentado, arrancado do seu próprio carro, atropelado inúmeras vezes e queimado com gasolina. Inúmeros ossos foram totalmente quebrados, assim como os próprios testículos. Foi um crime com proporções mafiosas e anticomunistas, havendo, ainda hoje, discussão sobre a identidade dos seus assassinos. Pasolini morreria, assim, por causa das suas convicções e dos seus ideais, tão incompatíveis com uma sociedade ainda profundamente corrupta e conservadora. Ao todo, contou com 33 processos judiciais, nomeadamente por obscenidade, pornografia e ofensas ao Estado e à Igreja, embora fosse sempre ilibado de todas as acusações imputadas.

A sua preocupação com o proletariado era especializada no chamado subproletariado, ou seja, naquelas classes que são caraterizadas no filme “Accattone”, que não possuem consciência de classe, nutrindo uma admiração humana e artística por elas. Sentia que esse tipo de pureza da cultura popular era algo que se ia desvanecendo consoante as ambições burguesas se iam instalando, sentindo-se a alegria de viver a perder proeminência com a necessidade de ter uma casa e de constituir família. Era avesso aos membros da esquerda que desprezavam essas comunidades e desafiava o Partido Comunista a ser a voz dessas gentes. Igualmente, criticava o consumismo pela forma como corroeu a sociedade italiana e antevia-o como um novo tipo de fascismo, que alimentava a alienação e, por conseguinte, a homogeneização da ideia de que a condição humana dependia da produtividade e do seu aumento. Por isso, apontava-a como um ninho de degradação e de vulgaridade e como uma fonte de manipulação tal que não deixava nada a desejar ao regime nazi.

Por sua vez, era também critico da democracia cristã, denotando alguma continuidade entre o fascismo e o sistema político que sucedeu à Guerra. Continuava a ver a marginalização de uma parte da sociedade a acontecer e a prosseguir enquanto as forças da democracia cristã iam absorvendo as noções do capitalismo, que entravam em colisão com a dimensão humana e social. Defendia, mesmo, que os seus protagonistas fossem postos a depor em tribunal e a serem julgados, corrompidos pela influência da máfia e camuflando uma série de circunstâncias que obstavam ao desenvolvimento e à maior influência da esquerda política. Era, assim, alguém muito contra o rumo do progresso mundial e global, já que a própria televisão, uma das principais fontes dessa sensação de globalidade, proporcionava a possibilidade de se assistir a uma autêntica dominação cultural.

As suas causas, para além destas, iam contra a possibilidade do aborto, apesar de defender um referendo sobre a questão, para além de defender as línguas minoritárias italianas, assim como os países do Terceiro Mundo, com quem estabelecia um paralelismo com as comunidades que tanto defendia no seu país, e como as novas correntes da esquerda política que nasciam nos Estados Unidos, que chegou a visitar. De igual modo, era já sensível para a causa de uma maior dignificação das mulheres, sendo amigo de grandes referências artísticas que o ajudaram a pensar dessa maneira e a ampliá-lo para uma consciência social ainda mais arguta.

O trabalho artístico e o seu legado

As primeiras referências literárias e cinematográficas da carreira de Pasolini já foram referenciadas, com o livro “Ragazzi di Vita” e o filme “Accattone”. Porém, o seu percurso provocatório foi uma constante e desenvolveu-se por diferentes vias, em diferentes áreas. Por exemplo, em 1964, “Il Vangelo Secondo Mateo” é uma adaptação cinematográfica do Evangelho segundo São Mateus, desde a Natividade até à Ressureição de Jesus Cristo. Poderia ser um filme de Páscoa mas torna-se de tal forma a expressão das crenças de Pasolini que é quase uma experiência personalizada e torna-se a catalogação da sua fé e da sua visão do Novo Testamento. Seguidamente, Pasolini adaptou “Il Decameron” em 1971, do poeta medieval Giovanni Boccacio, assim como “The Canterbury Tales”, do medievalista inglês Geoffrey Chaucer, em 1972. Em ambos, obras de época de refinada erudição, Pasolini transforma-os em sátiras humorísticas, recheadas de referências sexuais, quase como as profanizando no seu próprio exercício criativo. Em 1974, “Il Fiore delle Mille e Una Notte” adapta a célebre história árabe das “Mil e Uma Noites” e recheia-a de nudez, de humor e de sexualidade, sem colocar em causa o eroticismo que a própria história, no seu núcleo, já traz.

São três filmes normalmente agrupados numa trilogia, já que se inspiram os três em clássicos da literatura. Pasolini foi o responsável por redigir os guiões e por procurar um caminho em que a sacralização do corpo vai contra os controlos sociais impostos pelo homem e pela religião, sendo os seus intervenientes, por norma, ridicularizados nos seus filmes. A sexualidade é vista como inocente, mas parte essencial da emancipação da humanidade, tornando-a, verdadeiramente, livre. Estes trabalhos estão recheados de símbolos e de um visual bastante arrojado e arriscado, roçando quase o surrealismo. Porém, e apesar da fama que os filmes conseguiram granjear, Pasolini sentiu-se desconsolado por ver a sua posição desdenhada, pelo que procurou uma alternativa, uma resposta.

Foi assim que chegou “Salò” em 1975, inspirado nos “120 Dias de Sodoma”, obra do francês Marquês de Sade, que deu o nome ao sadismo, ao gosto pela violência com vista à excitação sexual. Os seres humanos perdem a sua vitalidade, passando a ser meras mercadorias sob um controlo autoritário rígido da República Fascista de Saló. Assim, os protagonistas são quatro libertinos corruptos e extremamente ricos que raptam 18 adolescentes e os submetem a uma violência física, mental e sexual profunda. Pasolini dá a volta com uma série de conceitos, que passa desde o darwinismo social – o darwinismo das espécies biológicas aplicado à sociedade -, a corrupção política, o consumismo e o niilismo, sem deixar de abraçar o pós-vida da “Divina Comédia”, de Dante Alighieri, e a própria genealogia da moral de Friedrich Nietzsche. Como se Pasolini não pudesse ir mais longe, este é, de longe, o filme mais provocador de todo o seu cinema, podendo chocar pela violência bruta e sem filtros que exprime, sem colocar um travão na própria forma como retrata a juventude. Este seria o seu último filme e a questão que fica no ar é, mesmo, onde poderia ir o realizador até à atualidade.

Pier Paolo Pasolini é este enfant terrible daqueles que tem um prazo de validade. Viveu pouco mas fez o suficiente que valesse por sete vidas. Procurou reconfortar e revalorizar os mais distantes, os mais marginalizados. Fê-lo, talvez, com uma pitada muito profana, embora seja importante não esquecer a pureza das suas intenções, à imagem dos tantos enfant terribles que vão aparecendo na criação cultural. Procurou na poesia prolongar essa voz de quem era esquecido, de quem caía num passado cada vez mais distante, em especial dos dialetos do seu país e das suas comunidades. De igual modo, abriu-se para o amor sem tabus e para a estima que sempre devotou à sua mãe. Porém, foi mesmo o cinema – onde arrecadou diferentes galardões em diferentes festivais – que o abriu para a tal globalidade de que desconfiava, no qual queria mostrar o pensamento e as coisas do ponto de vista da verdade, algo que a língua não conseguia, nos constrangimentos que impunha ao pensamento e à visualização da realidade. Mais do que as sete vidas que viveu, fica presente o mito, daqueles que nunca morrem e que para sempre permanecem por desvendar e por se compreender.

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