“As Bravas”: a fanzine que mostra relatos de mulheres anónimas, heroínas, que lutam no dia a dia
O projecto Enxoval, promovido pela Associação PELE, financiado pela Iniciativa PARTIS, da Fundação Calouste Gulbenkian. Dentro deste projecto, insere-se a realização de uma colecção de zines “As Bravas”. O primeiro número, “Ana, a Brava”, é ilustrado por Clara Não.
Quem são as nossas “Bravas”? São as mulheres anónimas, heroínas, que lutam no dia a dia.
Ao longo dos tempos, têm sido ocultados os relatos das mulheres anónimas que contribuíram para as conquistas históricas, políticas e civis. A sua invisibilidade reflecte-se não só nos aclamados “grandes nomes que fizeram história” mas também, por exemplo, na estatuária e na toponímia, onde a figura masculina é desde sempre predominante nas estátuas que povoam as praças e nos nomes das ruas e avenidas.
Os espaços de participação das mulheres, seja na esfera pública ou privada, são mais limitados, sobretudo quando cruzados com outras camadas: etnia, orientação sexual, monoparentalidade, saúde mental ou pobreza.
“É esta invisibilidade enraizada que gostaríamos de contrariar, acrescentando às histórias que se contam sobre o Mundo as histórias das mulheres do nosso dia-a-dia. Mulheres que nos são próximas ou até mulheres que no seu anonimato nos fazem admirá-las: negras, ciganas, brancas, novas, velhas… Todas. Juntxs pela desocultação das histórias, das vidas, das lutas travadas no dia-a-dia para resistir, sobreviver e construir colectivamente outras formas de (re) existirmos: Livres e Iguais.”, pode ler-se no comunicado enviado para a nossa redacção.
“Ana, a Brava” é a primeira história das fanzines produzidas no âmbito do projecto Enxoval, promovido pela PELE e financiado pela Iniciativa PARTIS da Fundação Calouste Gulbenkian.
Esta fanzine conta um episódio da história de uma mulher, Ana Leite de Vila Chã do Marão / Amarante, que na sua juventude caminhava diariamente “quilómetros e quilómetros” descalça, para recolher a lenha que alimentava os fornos das padarias. Cada fanzine tem no verso um QRCode que permite aceder a uma biblioteca digital e ouvir a história contada na primeira pessoa.
Esta Fanzine foi concebida pela Clara Não que ilustrou a história desta mulher, a partir de um levantamento de imagens e gravações. Ao longo do decorrer do projecto ENXOVAL, mais histórias serão recolhidas, não só entre os participantes directos como através de uma convocatória ao público geral. Assim, a partir de agora, qualquer pessoa poderá partilhar a história da sua “Brava”, enviando uma gravação áudio por e-mail (pele.associacao@gmail.com) ou whatsapp (+351 915920764), com duração máxima de um minuto e meio. Esses relatos vão sendo coleccionados numa biblioteca digital (Soundcloud), as histórias seleccionadas serão ilustradas em formato de Fanzine, distribuídas gratuitamente por vários pontos do país e compiladas enquanto colecção “As Bravas”.