“Bem Bom”, de Patrícia Sequeira: começa doce, termina amargo

por Pedro Barriga,    19 Agosto, 2021
“Bem Bom”, de Patrícia Sequeira: começa doce, termina amargo
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Depois da sua estreia ter sido adiada no ano passado devido à pandemia, eis que finalmente chega aos ecrãs “Bem Bom”, filme biográfico da autoria de Patrícia Sequeira sobre as Doce, a primeira girl band portuguesa.

Do elenco, destacam-se Bárbara Branco e Lia Carvalho nos papéis de Fátima “Fá” Padinha e Teresa Miguel, respetivamente. A entrega por parte das duas atrizes confere dinamismo e credibilidade às suas personagens. Há que elogiar também a recriação fiel e detalhada do icónico guarda-roupa e maquilhagem das Doce.

“Bem Bom”, como qualquer filme musicado, prende a atenção durante os momentos que ilustram o processo criativo e as cenas de interpretação das canções. Lamentam-se os incessantes planos de traseiros e a constatação clara de que o mesmo palco foi utilizado para todos os números musicais. Porque não inserir gravações de arquivo nestas ocasiões, em vez de remeter esse conteúdo para os créditos finais?

A respeito da cinematografia, destacam-se as cores vibrantes e alguns planos interessantes, como o de uma mão que surge para pôr fim a uma chamada telefónica, ou os jogos com espelhos durante o ensaio da coreografia.

Infelizmente, “Bem Bom” sofre de um mal comum a tantos outros filmes: uma segunda metade fraca. Se já no início “Bem Bom” se estendia por tramas secundárias supérfluas (a mãe doente, Lena Coelho e namorado na “apanha” da laranja), é na segunda metade que o filme descarrila quando se torna em “Laura e Reinaldo: Realidade ou Rumor?”. Parece contraproducente que a posição do filme seja simultaneamente “este boato ridículo teve demasiado protagonismo nos anos 80” e “ocupemos metade do filme a falar sobre o assunto”.

Ainda assim, “Bem Bom” é um agradável entretenimento. Quer pelo humor frequente, quer pelas canções contagiantes das Doce, são duas horas bem passadas e divertidas. Divertido foi também o comentário de uma espectadora à saída da sala: “Que pena, o Pedro Passos Coelho não apareceu!” Minha senhora, não perca a esperança! Estreará em breve na RTP1 uma minissérie sobre as Doce, assinada por Patrícia Sequeira. Pode ser que tenha mais sorte.

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