Cineasta afegã Sahraa Karimi: “Os talibãs vão banir toda a arte e retirar os direitos das mulheres”
Os talibãs assumiram ao longo do dia de ontem o controlo de Cabul, capital do Afeganistão. O Presidente afegão Ashraf Ghani também já abandonou o país para evitar “um banho de sangue“.
O escritor Khaled Hosseini e a cineasta Sahraa Karimi foram duas das personalidade afegãs que já manifestaram a sua preocupação com a ocupação do poder por parte dos talibãs. Karimi, autora do filme do “Hava, Maryam Ayesha” e chefe da agência estatal Afghan Film, escreveu uma carta aberta onde se poder ler que “[os talibãs] vão retirar os direitos das mulheres, e serão empurradas para as sombras das nossas casas e das nossas vozes, a nossa expressão será abafada no silêncio. Quando os Talibãs estavam no poder, nenhuma menina frequentava a escola. Desde então, existem mais de 9 milhões de meninas afegãs em escolas. Nestas poucas semanas, os Talibãs já destruíram muitas dessas escolas e 2 milhões de meninas são forçadas a abandoná-las novamente ”, disse a cineasta, que foi mais longe e disse ainda que “Tudo o que trabalhei, tanto para construir-me como cineasta no meu país, corre o risco de cair. Se os Talibãs assumirem o controlo, eles banirão toda a arte. Eu e outros cineastas podemos ser os próximos na sua lista de alvos”, afirmou a realizadora afegã.
Para o escritor Khaled Hosseini, autor dos livros “The Kite Runner” e “A Thousand Splendid Suns”, “A decisão norte-americana [de abandonar o território] está tomada. E o pesadelo que os afegãos temiam está a acontecer diante dos nossos olhos. Não podemos abandonar um povo que há quarenta anos procura a paz. As mulheres afegãs não devem definhar novamente atrás de portas trancadas e cortinas encerradas”, assumiu o escritor afegão na sua conta de Twitter.
João Gomes Cravinho, ministro da defesa português, revelou que a retirada de refugiados afegãos está a ser coordenada pela NATO e que há 243 funcionários afegãos, e respectivas famílias, que colaboraram com os portugueses no país e que, caso queiram, Portugal está disponível para os receber, pode ler-se no site da RTP.