COP26. Activistas portugueses esperam mais um fracasso na conferência das Nações Unidas e apontam alternativas
“Um bom resultado na COP26 tem 0% de probabilidade”, afirma o colectivo activista Climáximo.
A COP26, 26.ª conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas, acontece de 31 de Outubro a 12 Novembro, em Glasgow, na Escócia, e o colectivo activista Climáximo, que luta por justiça climática, afirma em comunicado que “não tem expectativas diferentes, em relação a esta cimeira, do que teve em relação a conferências anteriores porque as instituições políticas estão desenhadas não para proteger as pessoas e o planeta, mas o lucro das empresas”, afirma o colectivo.
Ao invés de participar nas negociações institucionais na COP26, como muitas organizações ambientalistas portuguesas, o Climáximo vai participar e dinamizar sessões na Cimeira Popular do Clima, que decorrem em paralelo, faz parte da organização portuguesa da Marcha Mundial pela Justiça Climática, de 7 de Novembro, e convocou, para 18 de Novembro, o protesto “Vamos Juntas!“: “que promete bloquear a Refinaria da Galp em Sines, a infra-estrutura com maiores emissões em Portugal“, pode ler-se no mesmo documento.
Quando questionado sobre o que seriam bons resultados na COP26, o colectivo refere “a eliminação do lobbying de empresas de combustíveis fósseis, planos concretos para limitar o aquecimento a 1,5ºC, planos de financiamento da mitigação necessária no Sul Global, pagos por países do Norte Global, e uma moratória para todos os novos projectos de combustíveis fósseis em qualquer parte do mundo. Resultados que, dizem, têm 0% probabilidade de acontecer”, acrescentam.
Ainda no mesmo documento, o Climáximo denuncia ainda “a influência na União Europeia em 6 petrolíferas (Shell, BP, Total, Equinor, ENI e Galp) e de cinco das suas associações empresariais de lobbying desde a assinatura do Acordo de Paris, apontando ao relatório apresentado esta semana que encontrou 71 casos de portas giratórias e 568 reuniões com dirigentes da Comissão Europeia (1,5 reuniões por semana, durante 7 anos)”, pode ler-se ainda.
Este mesmo colectivo já tinha divulgado em Abril um Guia para Seguir Cimeiras do Clima onde explicavam porque é que eventos diplomáticos — apesar de serem quase sempre em tom de celebrações de vitória — não resultam em avanços na acção climática. Pretendem assim, com este guia, apoiar o público e a imprensa interessada a interpretar os “resultados” desta e de outras cimeiras duma forma mais clara e recorrem a 7 perguntas-chave:
– Quem foi convidado?
– Quem está presente?
– As discussões são sobre que ano?
– Qual é o ano de referência?
– Vão cortar as emissões?
– Quanto aquecimento causam os compromissos declarados?
– Esse compromisso já não tinha sido feito antes?