Entrevista. José Gusmão: “A minha politização não partiu muito do activismo mas sim através dos livros”
Cresceu na Estrela, e entre escolhas como astronomia, que “não correu bem”, e o interesse pelo cinema, José Gusmão acabou por ver na política a área de eleição para trabalhar, ainda que com algumas frustrações diárias. Em entrevista ao projeto Os 230, o eurodeputado do Grupo da Esquerda no Parlamento Europeu assume ter crescido “completamente imerso no meio político” e defende que o país não deveria ter optado por ser membro da União Europeia (UE).
A opinião de José Gusmão em relação à entrada de Portugal na UE é clara. Para o deputado do Bloco de Esquerda, quando “essa escolha nos foi dada, acho que Portugal não devia ter entrado no euro e penso que há futuros piores para o país do que regressar ao escudo mas considero que a questão da saída do euro não se coloca (…)”.
E o que há a melhorar no funcionamento do Parlamento Europeu em concreto? O deputado português formado em economia defende que este organismo europeu deveria “ter mais poderes formais, nomeadamente poder de iniciativa legislativa”, até porque há dias em que a frustração acaba por ser uma realidade presente.
Mais livros do que ativismo e a “gota de água” que levou à saída do PCP
Assumindo que, ao contrário do que é habitual, a ligação à política surgiu sobretudo através dos livros, e não do ativismo, José Gusmão viu, inicialmente, no Partido Comunista Português (PCP), a melhor decisão. Na altura, até “costumava dizer que tinha ido a mais festas do Avante do que o Álvaro Cunhal”.
No entanto, a ligação com o PCP acabou por se dissolver. A “gota de água”? A leitura do partido sobre o processo do Fórum Social Português.
Tendo crescido na Estrela, Lisboa, em 1976, no mesmo ano da Constituição, José Gusmão recorda outros tempos, nos quais era “muito mais comum crianças andarem na rua”. Agora, adulto e eurodeputado, assume querer conhecer outras realidades além fronteiras.
Artigo escrito por Ana Filipa Duarte, colaboradora do projeto Os 230.