Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica está de regresso. Conhece o programa completo
O FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica está de regresso, entre 1 e 16 de maio, com um programa misto – presencial e digital – que inclui 14 espetáculos presenciais e 10 online, dos quais 7 são estreias absolutas e 7 estreias nacionais. A programação foi anunciada esta manhã em conferência de imprensa.
A 44.ª edição do festival organiza-se em torno da ideia de sustentabilidade nas mais variadas vertentes: ambiental, política, individual, afetiva, sexual e mental e traz algumas novidades. A principal é o lançamento da nova plataforma FITEI DIGITAL, pioneira nas plataformas de streaming dedicadas ao teatro em Portugal, onde, além dos espetáculos que integram a programação online, estarão disponíveis para visualização diversos conteúdos complementares em constante atualização.
Este novo palco digital inaugura com Estado vegetal, da dramaturga chilena Manuela Infante, uma reflexão sobre as formas de habitar o planeta e a relação com as entidades vegetais, temas abordados também no espetáculo Selva Coragem, do Teatro do Frio. Em Amarillo, a companhia mexicana Línea de Sombra reflete sobre as fronteiras – físicas e mentais – que separam o México dos EUA. Já Reconciliação, resultado de uma residência artística no FITEI 2019, é uma entrevista transatlântica em que Alexandre Dal Farra e Patrícia Portela falam de gestos de reconciliação entre Portugal, Brasil e África. A sustentabilidade na esfera da intimidade, do corpo e dos afetos, é abordada pela brasileira Renata Carvalho em Manifesto transpofágico, obra na qual usa o seu corpo travesti como cobaia na experimentação, à semelhança do premiado Stabat Matter, de Janaína Leite, em que esta se revela como uma das artistas mais ousadas e originais da contemporaneidade teatral. Raquel André experimenta também a partilha da intimidade das práticas artísticas na sua nova criação Colecção de artistas, outro espetáculo fruto de uma residência no FITEI 2019. Artaud, do argentino Sergio Boris, construído a partir das cartas de Artaud ao seu psiquiatra e O Dia da matança na história de Hamlet, de Koltés, uma encenação de António Júlio para o Teatro Experimental do Porto que questiona a “desrazão” de Hamlet enquanto máscara para vingar a morte do pai, são dois exemplos de obras que representam a sustentabilidade mental, outro dos eixos que cruza diferentes espetáculos do festival.
No âmbito de uma nova parceria com Viseu, serão também transmitidos online Noite Fora, um projeto do Teatro Viriato e de Sónia Barbosa que convida Janaína Leite para uma série de leituras e conversas sobre teatro com atores participantes e A minha História da Dança, uma conferência com Sónia Baptista promovida pelo Fórum Dança e O Rumo do Fumo.
A programação presencial do FITEI arranca, pela primeira vez, em Viana do Castelo, no Teatro Municipal Sá de Miranda, com os espetáculos Qué locura enamorarme yo de tí, da escritora e jornalista peruana Gabriela Wiener, encenado por Mariana de Althaus, que abre as portas à sua vida familiar poliamorosa em plena crise de casais e Santa Inés, da companhia galega Feroz, com texto de Lorena Conde e ideia original e interpretação de Inés Salvado, que parte da lembrança das visitas ao Convento das Clarissas em Santiago de Compostela para uma obra sobre liberdade, obediência, violência e a mística na contemporaneidade.
No Porto (Rivoli, Teatro Campo Alegre, TNSJ, MSBV, TECA, Bonjóia, Mala Voadora, THSC, CACE, ESAP, Armazém 22), Vila Nova de Gaia (Auditório e Zé da Micha) e Matosinhos (Teatro Municipal Constantino Nery) serão apresentadas propostas nacionais. É o caso de MAPPA MUNDI, uma estreia de Eduardo Breda e Joana de Verona, que parte de relatos de pessoas em trânsito num mundo cada vez mais incompreensível. Museu vivo de histórias pequenas e esquecidas, de Joana Craveiro, que regressa ao FITEI, é outra das obras que leva a cena a sustentabilidade da democracia. Rottweiller, com texto de Guillermo Heras e encenação de Ricardo Simões para o Teatro do Noroeste, relaciona fake news, violência e extrema-direita. O festival contará também com Os Possessos, que releem manifestos pós-2000 na performance de Isabel Costa, Maratona de manifestos, e Diogo Freitas e Filipe Gouveia, que encenam Democracy has been detected, para a Momento – Artistas independentes. Em estreia, Regresso do Futuro, de Igor Gandra, é uma coprodução entre o Teatro do Ferro e o Teatro de Marionetas do Porto. Perda e resiliência podem ser caminhos para um novo pensamento em Luto, da companhia Circolando, ou Gatilho da Felicidade de Ana Borralho e João Galante, um experimento para a vocalização do que os adolescentes de vários países sentem. As estreias de InFausto de Jorge Andrade/Mala Voadora, e dos criadores emergentes Paulo Mota, que pensa a possibilidade de comunidade em Um Jogo Bastante perigoso, e Raquel S., que encena amor.demónio, em co-produção com o TMP, sobre o enclausuramento de mulheres, dão continuidade ao eixo da sustentabilidade mental. André Amálio estará em residência artística no FITEI para a estreia de Perfect Match, que recolhe histórias de amor num tempo de migrações. Já a estreia de Estrada de Terra de Tiago Correia, a Turma, falará de questões prementes da sua geração.
À semelhança das edições anteriores, a programação do FITEI abre portas aos atores em formação através da secção O FITEI E AS ESCOLAS DO PORTO, que contará com espetáculos do balleteatro, ESAP e ESMAE. A aposta na formação de profissionais e estudantes de teatro mantém-se com workshops presenciais e masterclasses online com o selo ISTO NÃO É UMA ESCOLA FITEI. Por sua vez, o FITEI ABERTO, que inclui atividades gratuitas para o grande público, propõe lançamentos de livros, conversas presenciais e online e concertos. É neste contexto que Marcela Lucatelli, performer brasileira da expressão vocal e sonora, radicada na Dinamarca, chega ao festival, numa parceria com a Matéria Prima, para um workshop e performance. Também aqui os Favela discos, lançam o seu novo álbum, em colaboração com a Circolando e o Criatório.