Fomos a uma festa de anos soprar copos em vez de velas

por Comunidade Cultura e Arte,    3 Fevereiro, 2018
Fomos a uma festa de anos soprar copos em vez de velas
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O Salgado​ faz anos há bastante tempo; talvez mais do que queria, mas isso é com ele. A verdade é que nos últimos 6 aniversários, as comemorações ganharam um relevo quase de culto, um bom hábito que assentou nos Maus Hábitos​ e que “obriga” centenas de pessoas a subir centenas de degraus até ao 4.º andar mais fixe do Porto​. A viagem compensa? Por certo, mas eu já aprendi a lição em outras noites de enchente: levantas o guito previsto e compras o tabaco suposto. A mim não me apanhas a exercitar nas escadas antes da hora de bazar. E por mais que não haja elevador que aguente com tantos amantes de música (e do Salgado, vá), a escadaria não justifica a boa forma desta gente toda, apenas superada pela lente e sorriso da nossa/minha Teresa Queirós​, que esteve por lá a reportar os acontecimentos.

Chegou a um ponto em que os copos eram tantos e os concertos tão frenéticos, que bem podiam cantar o “Parabéns a Você​” em uníssono e eu não reparava. Certo é que à hora de jantar não havia sinal do aniversariante, mas tinhas um salão cheio de amig@s com historial nestas vidas, estradas e palcos. Uma excelente oportunidade para pôr a conversa em dia, certificar-me que a Teresa não come nada que lhe faça mal, marcar alguns concertos ou cravar cigarros (ya, falhei na minha própria estratégia).

Numa espécie de incubadora de bandas em formato de festa de anos (onde os bilhetes esgotam à velocidade dos finos), as honras da casa ficaram a cargo dos Torto. Ou melhor, dos OTROTORTO, a 2a “digivolução” do conjunto portuense que deu o pontapé de saída com um balázio na bola, uma autêntica cavalgada psicadélica repleta de progressões e pessoas com mais de 1,80m a tapar-me a visão. Bastou-me a música (e os copos) para saber que temos aqui um bandão com nova roupagem e que foi aqui que nos apercebemos disso.

Daqui para a frente, tudo uma overdose de concertos que já se previam de peso, e que mesmo que não tenhas ido e eu não refira que os nomes, tens a obrigação de saber quem são e da pedalada que precisas para acompanhar estas horas à Benfica​. Se o Salgado​ não curtir esta caracterização que saiba que vi mais concertos do que ele e que o Vermelho lhe fica mesmo bem. Tanto que, foi com os olhos postos perto do Seixal (na Geografia e na Prospecção) que o “vozinho” nos presenteou com Scúru Fitchadú​, e este Punk-Funana que ganha o título de “cena mais interessante” do momento, dando um concerto macumbeiro de cima a baixo. É como se Stiv Bators​, mítico vocalista dos Dead Boys​, atracasse na costa atlântica de África​ e ficasse retido duas semanas no meio de uma tribo e, no regresso a Cleveland​, resumisse as suas vivências numa espécie de workshop de percussão. Adjetivar isto para quê? É top, pronto.

O dia seguinte foi complicado; quase tão complicado quanto andar no meio de Killimanjaro​ e Stone Dead​, mas na ressaca a pastilha é outra e, consequentemente as memórias dos DJ set’s também. Mas curti bué o deus Lynce, de certeza. Curto sempre, e nas próximas eleições europeias era capaz de votar no partido que defenda que todas as festas do espaço Schengen​ deviam acabar com um set dele. Não me lembro, mas curti bué.
Resta-me a Teresa​, rainha que mantém a postura e o sorriso que me salva a pele.

Texto de: Luís Dixe Masquete
Fotografias de: Teresa Queirós

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