Francisco Geraldes cria projecto para promover a leitura
Francisco Geraldes continua a contrariar o preconceito de que o futebol e a literatura não podem coexistir num jogador profissional de futebol ou em quem se interessa por desporto.
Geraldes é actualmente jogador do Rio Ave FC e é fruto das escolas de formação do Sporting CP. Tem 25 anos e também já passou, a título de empréstimo, pelo Moreirense F.C., Eintracht Frankfurt e pelo AEK Athens F.C.
No entanto, nem só de futebol vive Geraldes. Há cerca de quatro anos, foi notícia, tanto em jornais desportivos como em jornais mais genéricos, por ler horas antes de um jogo. Em 2020, e entrevista ao podcast Ponto Final, Parágrafo, de Magda Cruz, afirmou que não foi aí começou a ler, mas que foi desde aí que até já foi acusado por fingir o hábito, admitiu: “Não forço nada. Já fui acusado de: ‘Andas sempre com um livro para mostrar que estás a ler…‘”. Geraldes ainda afirmou a este podcast, dedicado aos livros, e com quem a Comunidade Cultura e Arte tem uma parceria de comunicação, que recomendar livros a seja quem for (e não só a colegas de plantel, se bem que já conseguiu) é uma tarefa difícil. “Naquilo que são as pessoas que me rodeiam, acho que se perdeu um bocado o hábito da leitura. Cada vez mais estamos numa bolha de consumo rápido. Por isso, não conseguimos estar quietos num sítio a folhear um livro de 300 páginas. Porque isso no imediato não me dá nada. Se calhar daqui a uma semana vou ter. Mas as pessoas não estão dispostas a «perder» esse tempo.”, acrescentou.
Agora, e em parceria com o Plano Nacional de Leitura e o seu actual clube, o Rio Ave, o médio ofensivo português, criou a rubrica “As Leituras do Francisco“, para ajudar a criar “uma sociedade mais preparada“, promovendo “a leitura junto dos mais novos, mostrando que o livro é o alimento da alma, do conhecimento, da partilha, da experiência e da sabedoria”.
“Com esta iniciativa pretendo criar consciência. Creio que terá sido essa a mais valia que a literatura me deu: um despertar. Através da criação das minhas próprias imagens, emergi e tomei consciência de muitos estados de espírito e visões que sempre me foram alheias. Saí diferente daquele que era quando entrei. Quando se termina um livro de Saramago, Valter Hugo Mãe, Fernando Pessoa, Orwell, Kafka ou Thoreau: nunca se é a mesma pessoa depois de se abrir um livro e de o começar a ler. É isto que quero levar o leitor a experienciar.”, revelou Francisco Geraldes à Comunidade Cultura e Arte.
No primeiro vídeo, que tem como “cenário” a Casa-Museu de José Régio, conceituado escritor natural de Vila do Conde, Geraldes sugere “O Principezinho“, de Antoine de Saint-Exupéry, onde lê um excerto e faz um paralelismo com a filosofa política Hannah Arendt, “Alice no País das Maravilhas“, de Lewis Carroll, “A Noite“, de Elie Wiesel e “Mil Sóis Resplandecentes“, de Khaled Hosseini.
Recentemente, Geraldes também escreveu duas crónicas para a Comunidade Cultura e Arte; são elas Modernidade líquida e Não matem a cotovia.