Gregório Duvivier: “A única coisa que me salva da depressão quando vejo o absurdo da vida é a conversão desse absurdo em ação”

por Linda Formiga,    4 Dezembro, 2019
Gregório Duvivier: “A única coisa que me salva da depressão quando vejo o absurdo da vida é a conversão desse absurdo em ação”
Gregório Duvivier em ‘Sísifo’ – Fotografia de Elisa Mendes

Gregório Duvivier não é propriamente estranho para o público português. Além de ter estado em Portugal por diversas vezes, Gregório é um dos criadores da Porta dos Fundos, que foi distinguida com o Emmy na semana passada, e o criador de GregNews, onde, ao jeito de John Oliver, disseca temas actuais da política e da sociedade. Cronista na Folha de S. Paulo, Gregório Duvivier tem também vários livros publicados — apenas três editados em Portugal, pela Tinta da China — e é voz activa contra as injustiças sociais e ambientais que se fazem sentir no enorme país a que chama pátria.

Desta vez, Gregório Duvivier traz-nos Sísifo, uma peça que se baseia no mito grego transportado para os dias de hoje, para a sociedade actual e para a história do Brasil. Sísifo é um homem que transporta, todos os dias, uma pedra por uma colina acima e todos os dias a mesma desce, tornando inglório e infrutífero o esforço. Mais do que uma mera metáfora, Sísifo pode ser entendido como a sociedade invisível, como o cidadão anónimo que, nas malhas de uma sociedade cada vez mais individualista, não consegue sair do ciclo vicioso de uma vida sem esperança. É uma peça de confronto, de constatação, de revolta e de acção. É, nas palavras de Vinicius Calderoni, co-autor da peça, “compreender que não há esperança para a humanidade e relembrar que o que nos faz e nos mantém humanos é ter esperança”, porque “toda e qualquer batalha já está perdida e a gente luta”.

Estivemos à conversa com Gregório Duvivier no dia de estreia da peça. Depois de Lisboa, Sísifo andará por Braga (30/11), Caldas da Rainha (01/12), Porto (02/12), Estarreja (03/12), para voltar a Lisboa no dia 4 de Dezembro.

Como é que Gregório se define? É actor, comentador…
Ator, sou ator. Se for para escolher uma coisa só, mas sou ator e escritor.

N’”O mito de Sísifo” de Camus, este define a filosofia do absurdo como “o homem em busca de sentido, unidade, clareza, no rosto de um mundo ininteligível, desprovido de Deus e de unidade”. À pergunta “A realização do absurdo exige o suicídio?”, Camus responde “Não, revolta.” Esta peça, Sísifo, é a sua revolta?
Que bonito isso, e é isso, é uma revolta. Porque eu acho que única maneira de você não ficar triste é você se revoltar. Eu acho que esse absurdo da vida, tanto da morte quanto das injustiças, pode gerar muita depressão, pode gerar também revolta. Pode gerar ação. A opção de se confortar e ficar feliz — ponto — não existe. Para mim a única coisa que me salva da depressão quando eu vejo o absurdo da vida, das injustiças do meu país, é realmente a conversão desse absurdo, desse espanto, em ação.

Gregório Duvivier em ‘Sísifo’ – Fotografia de Daniel Barboza

Na contracapa de Sísifo – Ensaio sobre a repetição em sessenta saltos (Tinta-da-China), Gregório escreve que “A história da Humanidade é a história de um progresso cujo custo, ao que parece, será o fim da civilização”. Por um lado temos a extrema-direita que está a crescer um pouco por todo o mundo, e temos também empresas que estão a degradar cada vez mais a condição humana, como é o caso da Amazon, que quase robotiza os seus colaboradores. Estamos a criar “Sísifos”?
Sim, claro. É engraçado porque parecia que a robotização iria terminar o trabalho alienado, parecia que a automatização fosse tornar obsoleto qualquer trabalho alienado, que a máquina faria, no lugar do homem, qualquer trabalho que não fosse digno. Só que não, verificou-se que a Amazon, mesmo automatizando, o que faz, na verdade, é pagar super mal às pessoas empregadas. A Uber também. As novas empresas são todas muito velhas, têm uma roupagem nova mas fazem exatamente a mesma coisa que a Ford fazia, ou que qualquer empresa do início da Revolução Industrial fazia, que é explorar e tirar o máximo do trabalhador, pagando o mínimo possível, para gerar lucro para o dono da empresa e para os acionistas. O que acontece hoje é que o Sísifo, o sujeito preso nesse trabalho vão e sem sentido, é hoje considerado o empreendedor. Esta é que é para mim a diferença. O trabalhador precarizado hoje considera-se um empresário, uma espécie de “emprecário”, como chamamos. Fiz um programa sobre isso, o “emprecariado”, um empresário que na verdade é um trabalhador precarizado, e é isso que a tecnologia inventou.

É também o nosso consumismo que está a levar para isso…
Exatamente.

E acha que nos vamos revoltar, como acontece, por exemplo, no Chile actualmente, um país onde existe um extremo liberalismo económico?
Sim, eu acho que sim. Tanto é que a arte em geral antecipa muitas coisas que a sociedade vai sentir. Há uma leva de filmes deste ano que quase anteciparam o Chile, que foram feitos muito antes. São Bacurau, do Brasil, o Coringa (n.a.: Joker), dos Estados Unidos, o Parasitas na Coreia do Sul. São três filmes que falam da revolta popular perante o desmonte da estrutura do Estado, ou de um Estado que ao invés de acolher, oprime e mata. Então os três filmes parecem uma resposta à necropolítica, essa política de extermínio praticada pelo Estado, que é o que acontece nos países subdesenvolvidos. Acho que a arte parece que está a prenunciar um levante, até porque esses três filmes tiveram muito sucesso, e existem certamente mais filmes deste estilo mas são os que me ocorrem.

O Parasitas fala muito da condição humana e de uma certa ambição desmedida também…
Sim, fala também. Mas o que eu vi ali foi um paralelo muito forte com o Joker e com o Bacurau de falar de pessoas. Fala de resistência em algum lugar também, do lugar de resistência e de invisibilidade.

Como cidadão do Brasil, e bastante atento a tudo o que se passa, qual acha que será a saída?
Eu acho que tivemos uma ruptura democrática há 3 anos, em 2016. Não se rompe com a democracia impunemente. A partir dali abriu-se um abismo na sociedade, desde o golpe de 2016, que não se fecha do dia para a noite. Depois daquilo, o Lula foi preso, depois daquilo, elegeram o Bolsonaro e desde então parece que é tudo filho dessa mesma ruptura. Eu acho que sem o fechamento dessa chaga, não vamos conseguir progredir como democracia. A prisão do Lula, por exemplo, arbitrária e completamente insustentável do ponto de vista jurídico. Enquanto o Lula não for inocentado ou julgado por um tribunal que não seja o Moro, porque quem julgou é hoje Ministro da Justiça do seu adversário, do Bolsonaro, então se ele não tiver um julgamento justo, e ao que tudo indica, inclusivamente pelos diálogos vazados pelo Intercept que ele não teve, a democracia não pode reestabelecer-se. Não existe. Ele é o primeiro candidato nas sondagens, até hoje, mesmo depois de preso. Bolsonaro é o segundo, por isso foi eleito, e só foi eleito com a prisão do primeiro.

Mesmo agora, que está em liberdade, o Lula não poderá candidatar-se…
Não. Eu acho que ou ele é julgado decentemente, e a população precisa de perceber isso, que houve um julgamento justo… porque é que as pessoas continuam a querer votar nele? Não é porque gostam de criminosos, ou bandidos, é porque não reconhecem que é criminoso. Não reconhecem que ele teve um julgamento justo. Enquanto ele não tiver um julgamento justo, a população vai continuar a considerá-lo como um herói injustiçado e foi isso que a Lava-Jato fez. Conseguiu a proeza de transformar o Lula num herói nacional, porque quando se prende uma pessoa injustamente, eleva-o à categoria de herói da nação. Como o Lula traduziu perfeitamente “Se me prendem, viro herói, se me matam, viro mártir, se me soltam, viro presidente”. O Lula soltou essa frase que é brilhante. (risos) E é verdade, a Lava-Jato conseguiu, elegeu-o em qualquer situação, porque foi um processo tão absurdo, tão cheio de atropelos que conseguiu tornar praticamente unânime um sujeito que era muito criticado. Eu adorava criticar o Lula. Em tudo! Em 2003, tinha 17 anos, tinha votado no Lula em 2002, ele foi eleito e em 2003 eu estava a ir para a rua contra o PT, contra a reforma da Previdência. Depois fui várias vezes contra Belo Monte. Criticar o PT era o que se fazia muito antes da Lava-Jacto. Depois a Lava-Jato veio, atropelando de uma maneira tão grosseira a justiça que até isso nos foi proibido [criticar o PT], porque já não faz sentido, você não quer estar alinhado com essas pessoas.

Gregório Duvivier em ‘Sísifo’ – Fotografia de Elisa Mendes

Mesmo cá fora e não podendo candidatar-se a um cargo político, e como disse num episódio do GregNews, acha que o Lula poderia funcionar como um conciliador?
Eu acho que o Lula conseguiria hoje, por incrível que pareça, porque ele é muito odiado numa parcela da população, ainda assim apaziguar o Brasil, porque é isso que ele sabe fazer. Ele é um grande conciliador, e, para mim, esse é inclusive um problema dele. Ele é um sujeito que, se fosse hoje eleito, iria sentar todos os setores da sociedade a uma mesa. E todos iriam sair a achar que lhe ganharam. O Lula tinha no ministério dele, juntos, sectores mais diversos da população, da direita à esquerda, era um ministério muito vasto e ele fazia essa costura muito bem. Antes da Geringonça, o Lula já tinha feito um ministério que era uma geringonça louca, algo inusitado. Todos os sectores inclusive os corruptos, mas não só. Tinha o Márcio Thomaz Bastos, um “puta” jurista, longe de ser de esquerda, na justiça. O Gilberto Gil na Cultura. O Ciro Gomes no Desenvolvimento. Era um ministério diverso e louco. Mas funcionou e o Lula fazia com que funcionasse, porque é alguém que se senta com as pessoas mais diversas e orquestra-as. Se há alguém que conseguiria apaziguar o Brasil, esse alguém é o Lula. Está longe de ser, para mim, o candidato ideal exatamente por isso, por ser um grande conciliador. Eu acho que o Brasil talvez precise de alguma convulsão, por incrível que pareça. Nunca tivemos, fomos sempre sufocados. Quando há convulsão, ganham na base da porrada e a polícia mata gente. Existe uma revolta popular muito grande, que eu acho que o Bolsonaro vai sofrer, sem dúvida. Há dois caminhos, o caminho que para mim seria o mais pacífico seria “deixa o Lula candidatar-se”, se acham realmente que o PT foi a pior coisa deste país, então que se deixe que o povo decida isso nas urnas. Provavelmente não vai, o Lula vai ganhar e ganhando apazigua o país. A outra opção é a população tirar o Bolsonaro à força, até porque eu tenho a impressão de que isso vai acontecer. É um presidente em queda franca, em todos os setores, até a elite – no sentido que o dólar vai bater os 5 reais, é algo que para ele era absurdo. A nossa elite e ele viviam dizendo “olha o que a Dilma fez, o dólar está quase  4”, o Bolsonaro foi para o poder e não pára de subir, está a 4,26 agora. Então vai chegar, com este ritmo. Para a elite, isto é gravíssimo, porque eles gastam em dólares, ganham em reais e gastam tudo em Miami, então para a elite brasileiro isto é uma facada. O Bolsonaro está a perder o apoio de todos inclusive da elite, já nem falo da população, que está a perder todo e qualquer benefício, está a trabalhar e a voltar à escravidão, com uma lei laboral bizarra e draconiana, que não existe em lugar algum. Tudo indica que o Brasil está a caminhar para o Chile, sendo que o Chile era inclusive o modelo do Paulo Guedes, o ministro da Economia do Bolsonaro, braço-direito do Bolsonaro, que se formou politicamente com Pinochet, no regime do Pinochet, e admira muito esse modelo. É esse modelo que ruiu. É o Chile que está em convulsão. Acho que o fato de o modelo do Bolsonaro ser o Chile é especialmente irónico nos dias de hoje. Se tudo continuar do jeito que está, ou vai para o Chile ou vai para uma conciliação mais pacífica.

Na população geral, as notícias da destruição da Amazónia, que está a acontecer, não serão o desencadeador de alguma revolta, tendo em conta o orgulho que muitos brasileiros sentem na Amazónia?
Infelizmente não. O Brasil não tem o mesmo apego à Amazónia do que a população indígena, por exemplo. As pessoas são muito pouco ligadas à floresta, é muito estranho. Falo obviamente das pessoas em centro urbanos, como em São Paulo. Existe uma juventude mais ambientalista, mas existe também uma grande parte da população para quem a Amazónia é, como o próprio Bolsonaro diz, fonte de riqueza. Nesse sentido, até o PT. Não vou dizer que foi o mesmo desmatamento, porque na verdade não foi. Mas a verdade é que o meio-ambiente não é prioridade tampouco da esquerda, do Ciro Gomes, por exemplo, que é um candidato teoricamente à esquerda, que disse que faria Belo Monte, por exemplo, que a Dilma fez igual. A Amazónia, infelizmente, assim como o meio-ambiente de uma forma geral, não é ainda pauta prioritária nem da esquerda. Acho que esse é um dos problemas. Mas você falou bem, existe uma parcela da população para quem isso é indefensável. Existe uma ou outra que diz “se estiver a gerar riqueza para o Brasil, tudo bem”. O que mais vai pegar na popularidade dele [de Bolsonaro] é realmente a economia. Ele prometeu sei lá quantos empregos e nada está a acontecer, o país está com um índice gigantesco de desemprego. Acho que é isso que o vai derrubar.

Gregório Duvivier em ‘Sísifo’ – Fotografia de Daniel Barboza

O Gregório disse uma vez que o português do Brasil era um português com espaço, por o território ser muito vasto. Acha que o Brasil, ao contrário do português do Brasil, está a fechar-se em si próprio?
Acho. E o mais doido é que está a fechar-se em si próprio com uma abertura gigantesca só para os Estados Unidos. Há um deslumbramento com os Estados Unidos que é uma coisa muito vergonhosa, constrangedora. Bolsonaro é fã do Trump, diz isso com todas as letras. O Bolsonaro disse inclusive “I love you, Trump” e o Trump nem respondeu — uma coisa constrangedora porque… nem vale a pena dizer porquê, ia explicar mas não há nada a explicar. Então o fechamento de tudo aquilo que o PT tinha construído, que era relações sul-sul. O PT fortaleceu muito as relações do Brasil com a Argentina, com África do Sul, com a China… com as economias emergentes, sem enfraquecer as relações com os Estados Unidos, que o Obama adorava o Lula e as relações eram muito amistosas. O Lula conseguiu essa proeza diplomática, não dá para criticá-lo porque foi uma época em que o Brasil exerceu muito o seu soft power. Melhorou a sua imagem no mundo e foi uma época em que o Brasil foi muito querido. Desde então, desde que o Bolsonaro ganhou, ele enfraqueceu as relações com a União Europeia, falando contra o Macron e “xingando” e não só. A Argentina nem se fala. Tem comprado brigas com a ONU, todos os órgãos internacionais. O que está a acontecer realmente é um país que se está a isolar, o que é uma pena. Porque para mim a maior vocação do Brasil é a troca, o intercâmbio com o mundo inteiro. O Brasil é que é um país de grande sincretismo, em todos os sentidos, religioso, cultural, musical. É um caldeirão, e é o nosso grande ativo.

Já sentiu pressão sobre o que diz, o que escreve…
Sim, pressão política o tempo inteiro, dizem que vão cancelar a assinatura da HBO, ou a assinatura da Folha [de S. Paulo]. Cancelam de facto, boicotam, etc. e tal, mas na prática não faz muita diferença, porque todos sabem que são balelas. São pessoas que já não assinam a Folha. O Brasil nesse sentido está bem dividido. Os fanáticos não vão gostar de mim nem de nada do que eu escreva, então fazem muito barulho, mas não muda muito.

A Folha é talvez o único órgão de resistência, mas a HBO é uma grande empresa…
É, mas faz nos Estados Unidos o John Oliver, o Jon Stewart… as empresas americanas entendem melhor do que as brasileiras. A liberdade editorial precisa de ser completa para os artistas, a HBO sabe e chamou-me porque confia em mim. Nos Estados Unidos — eu digo que isso é comum porque, por exemplo a Fox. A Fox é uma empresa conservadora de direita, mas tem o Family Guy… É comum, é uma diversidade de pensamento que, se estiver a dar lucro, para eles tudo bem. Eu acho que é saudável assim, esse aspeto do capitalismo que eu acho que é até benéfico. O problema no Brasil é que as empresas são pouco capitalistas nesse sentido. Temos a Globo, por exemplo, não há ninguém dissidente dentro da Globo News. A Globo Entretenimento tem um monte de gente, é super diversa, agora a Globo News, por exemplo, não se vê uma pessoa a criticar uma medida liberal, são todos economistas, são todos neoliberais. Então, se fossem menos ideológicos, teriam mais público, porque há um público que não se vê contemplado a ver a Globo News, mas para eles não interessa esse público, interessa mais passar uma agenda ideológico. Nesse sentido, acho que falta até uma noção de mercado, porque nestas empresas a ideologia está à frente.

Estranha o sucesso, além da Porta dos Fundos, que tem no nosso país?
Isso para mim é muito prazeroso. Sou muito fã da cultura portuguesa e assisto há muito tempo. Assisto há, sei lá, 15 anos, altura em que vi o Gato Fedorento. Era ainda em DVD, na época ainda não havia YouTube, então pedia para amigos trazerem e via assim. Acho que vi tudo o que eles fizeram. E não só, Bruno Aleixo, que também era fã. E anterior, como o Herman e tal. Acho que vocês têm uma vocação gigantesca para a irreverência, sou muito fã de Portugal, sem falar da literatura e da música. De humor, é um aspeto surpreendente porque não é o primeiro quando se pensa em Portugal, mas para mim é muito forte. Vir para cá e ver que o meu humor é compreendido aqui, deixa-me muito feliz… E da Porta dos Fundos nem se fala. Mas fico muito feliz ver que atravessa fronteiras e ajuda a traduzir esse país tão complexo. É uma das funções do humor. A primeira é, realmente, fazer rir, mas tem outras funções e, entre elas, está em explicar e em ajudar a entender um pouco do mundo. Esse mundo tão louco, e eu acho que o humor às vezes dá uma “resumida”. Eu, pelo menos, gosto muito de consumir notícias através do humor, e não só notícias, mas também política, conjuntura. Sei muito da política portuguesa através do Ricardo [Araújo Pereira], das crónicas dele, tudo o que eu sei é a partir da visão do Ricardo. Dos Estados Unidos é através do John Oliver, do Jon Stewart ou do Trevor Noah. São pessoas que eu acompanho para saber o que está a acontecer. Fico feliz de cumprir essa função para algumas pessoas em Portugal.

O que podemos esperar agora destas datas de Sísifo?
Vou fazer esta temporada, curta, só de 6 dias. Mas volto em breve, quero voltar já para o ano que vem. Portugal é um daqueles países que eu não consigo ficar muito tempo longe, venho e tenho de voltar logo.

Nunca pensou em sair do Brasil, depois da eleição de Bolsonaro?
Olha, se começar a ficar complicado, vou sair sim. Claro que há uma função de ficar lá, e é importante marcar posição e fazer o que eu faço. Eu acho que tenho uma função hoje no governo do Bolsonaro. Mas ao mesmo tempo, no dia em que eu sentir que a minha integridade física está em risco, não terei o menor problema em sair e vou sair com certeza.

Para Portugal?
Acho que sim, tomara. Aqui sou muito bem recebido e consigo viver do que eu faço, por causa da língua. Em Portugal eu consigo fazer tudo o que eu faço lá, e tenho muitos amigos aqui e seria um prazer gigante. Se a situação apertar, claro.

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