Jean-Luc Godard rejeita convite da Rússia em apoio ao realizador ucraniano Oleg Sentsov
Godard “esconde-se” da realidade já faz uns anos, no entanto nunca parou de trabalhar a realidade. A sua obra reaparece com frequência no primeiro plano do cinema mundial. Quem vê os seus filmes, como o mais recente “Le Livre d’Image“, reconhece que o realizador por muito “escondido” que esteja reaparece sempre com um olhar atento e perspicaz.
“Entre ataques de tosse, com uma voz fraca que transmite debilidade, sobre imagens de um homem dançante retiradas de Le Plaisir (1952), o cineasta defende o trabalho da sua vida, a sua incessante luta pela utopia: “Tal como o passado é imutável, também as nossas expectativas do futuro o são.”. Até que o homem dançante cai. Longe de elitista, esta obra pretende falar com as pessoas, pretende intervir na sociedade. Apenas necessita que a ouçam.”, palavras de Diogo Lucena e Vale a quando da crítica de “Le Livre d’Image“.
Agora, e segundo o jornal francês Le Figaro, o realizador de “À bout de souffle” (1960), “Prénom Carmen” (1983) ou “Alphaville” (1965) rejeitou o convite do Museu Hermitage, que se localiza nas margens do rio Neva, em São Petersburgo, na Rússia. O cineasta franco-suíço agradeceu o convite, “independentemente da minha amizade para com povo russo“, mas dadas as condições da detenção do cineasta ucraniano Oleg Sentsov não se sente autorizado a visitar o museu.
“Dadas as condições da detenção do cineasta Oleg Sentsov, não me sinto autorizado de momento a visitar o Hermitage”, Jean-Luc Godard.
Recentemente, um grupo de artistas e intelectuais de todo o mundo, que incluía cineastas como Godard, Wim Wenders ou Aki Kaurismäki, pediu, através do envio de uma carta, a líderes de várias democracias para pressionarem o Presidente russo, Vladimir Putin, para libertar o cineasta Oleg Sentsov.
Sentsov opôs-se à anexação da Península Ucraniana da Crimeia pela Rússia e foi condenado, em 2015, a 20 anos de prisão por “terrorismo” e “tráfico de armas”, depois de um julgamento denunciado como “Estalinista” pela Amnistia Internacional.
O cineasta de 42 anos, que recebeu o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu no final de Outubro, passou 145 dias em greve de fome neste ano exigindo a libertação de todos os “prisioneiros políticos” ucranianos detidos na Rússia.