“La Casa de Papel”: à quarta parte, mais que nunca, é tempo de guerra
A nova temporada de La Casa de Papel chega esta sexta-feira (3 de abril) na íntegra à Netflix. A quarta parte da popular série espanhola tem prometido mais tensão e intriga, depois de uma terceira temporada cujo desfecho deixou várias questões no ar.
O bando de assaltantes continua a busca por justiça, ao fazer aquilo que consideram saber fazer melhor. Mas não está a ser tarefa fácil. O grupo está mais dividido que nunca, com mais pressão do que inicialmente planearam. O Professor avisa: “Estão por vossa conta“; e o caos parece estar prestes a começar.
O Espalha-Factos já viu os primeiros episódios da quarta parte da série. Será que, quase três anos depois da estreia, ainda consegue manter multidões coladas ao ecrã? Contamos-te o que podes esperar, sem spoilers.
Este texto pode conter revelações do enredo das temporadas anteriores.
Um regresso contestado
O fenómeno espanhol não só captou a atenção dos espectadores a nível mundial, como garantiu outra conotação para a música Bella Ciao. No entanto, há quem ache que já deveria ter chegado ao fim.
As opiniões acerca da temporada passada são díspares: há quem tenha adorado, tal como há quem tenha detestado, argumentando que perdeu a essência. Sem dúvida alguma que é arriscado prolongar uma série como esta. O enredo não dá muita margem de manobra, mas os produtores parecem saber como contornar esse problema.
Inevitavelmente, estamos cada vez mais perto do fim de La Casa de Papel. Tal como muitos outros, um dos maiores receios era o de que estes novos episódios não fizessem sentido — algo que acontece a tantas outras produções.
Há dúvida no ar. Até que ponto é que dá para realizar um novo assalto, sem que tudo se desmorone, ainda para mais quando parte das identidades já foram reveladas? A verdade é que os planos ardilosos do Professor agarram-nos como se de alunos nos tratássemos. “Como se vai safar desta vez?“, é a questão que fica no ar.
Importa referir que o gangue está (quase) todo de volta: El Profesor (Álvaro Morte), Tóquio (Úrsula Corberó), Lisboa (Itziar Ituño), Rio (Miguel Herrán), Denver (Jaime Lorente), Estocolmo (Esther Acebo), Helsínquia (Darko Peric) e, os membros mais recentes, Bogotá (Hovik Keuchkerian) e Palermo (Rodrigo de la Serna).
Ainda assim, só esta sexta-feira se poderá saber se é possível contar com aparições de Nairóbi (Alba Flores) ou Berlín (Pedro Alonso), dois dos personagens envoltos em maior mistério nesta quarta parte da produção.
O que já sabíamos. Quem vai à guerra… dá e leva
A temporada anterior termina com o Professor convencido de que Lisboa, o amor da sua vida, teria sido assassinada por sua causa e com uma Nairóbi ferida, entre a vida e a morte. Agora, mais do que nunca, é tempo de guerra.
Os nervos estão à flor da pele e todos procuram vingança. Assaltantes versus polícia, inteligência versus impulsividade, vida versus morte, amor versus traição. São várias as batalhas a combater nesta quarta parte.
Quer emocional, quer fisicamente, os soldados vermelhos encontram-se desgastados. Estão prestes a atingir o ponto de rutura. Prontos para abdicar do plano, quaisquer sejam as consequências. Está a tornar-se demasiado. A motivação, a força, a esperança e a determinação entram em colapso à medida que tudo se desmorona à sua volta. A estrutura está frágil, a hierarquia falível e a garra escassa.
Que comece a resistência
Os clássicos portadores das máscaras de Dalí medem força com as autoridades desde os primeiros episódios nesta quarta parte. Contudo, nesta altura, têm de resistir aos impulsos para desistir, para boicotar, para deitarem a toalha ao chão. “Tudo pode correr mal numa milésima de segundo” e a verdade é que parecem milésimas as situações que correm mal.
Quando finalmente pensam que têm algo sob controlo, o tapete é-lhes tirado de baixo dos pés. Nada a que já não estejamos habituados, afinal de contas. Ainda assim, as derrotas aparecem em maior número que as vitórias e a disponibilidade emocional já não é a mesma.
Apesar de previamente avisados do contrário, ligações foram criadas. E ai de quem ouse quebrá-las. No entanto, todos tentam. A família que deviam formar desmembra-se a cada episódio que passa.
A possibilidade de existir um traidor entre eles, de não conseguirem sair com vida e de não voltarem a ver os seus entes-queridos cega o seu discernimento e aumenta a desconfiança. As relações estão encurraladas e as amizades enfraquecidas. Afinal, a que se podem agarrar estes assaltantes quando até a cola que os une – El Profesor – parece estar a perder tal capacidade?
A vida numa “panela de pressão”
À beira de perderem a cabeça, as personagens de La Casa de Papel sentem-se dentro de uma panela de pressão. Manter o controlo é imperativo enquanto esperam que Sergio – o Professor – vá ao seu salvamento. Os espectadores acabam por viver a situação como se estivessem eles próprios dentro do Banco de Espanha.
São inúmeros os momentos de cortar a respiração; também não falta suspense, tristeza ou receio. As reviravoltas são imensas e, quando tudo parece perdido, há outra carta na manga. Seguindo o mesmo raciocínio, quando tudo parece estar a endireitar-se, algo corre mal. O castelo feito de cartas é destruído.
Vamos testemunhar conflitos inesperados (e outros expectáveis), amizades improváveis, alianças surpreendentes e, como não podia faltar, reviravoltas emocionantes.
Não sabemos o que o futuro reserva para a série espanhola, mas sabemos que, enquanto fizer sentido, queremos continuar a acompanhar os planos dos bandidos, que, para além de roubarem o Governo espanhol, nos roubaram o coração.
A quarta parte de La Casa de Papel, com oito episódios, estreia esta sexta-feira, 3 de abril, no catálogo internacional da Netflix.
Este artigo foi escrito por Mariana Coelho e originalmente publicado em Espalha Factos.