‘Linhas de Baixo’: o banho de punk dos 800 Gondomar
Rui Fonseca, Frederico Ferreira e Alô Farooq formam os 800 Gondomar, a banda portuense de ritmo frenético que toma de assalto qualquer sala de espetáculos. No passado dia 13 de outubro, lançavam o seu disco de estreia Linhas de Baixo, com o apoio da Cão da Garagem, a editora formada por uma outra banda portuense, os Sunflowers, com o apoio de Pedro Feio, dos Fugly, nas gravações, e masterização de Rafael Silver, baixista dos Fugly e Lazy Faithful.
O início do álbum vem de mansinho, com “Conduta”, para nos preparar para a ‘porrada’ de punk que levaremos ao longo das restantes canções. A lição começa com “Gigantes”, que bem podia ser a alcunha desta banda, dada a sua presença onde quer que se apresentem com a sua música. Numa alusão ao nome do álbum, a “linha de baixo” deste tema deixa-nos rendidos desde logo. Se juntarmos a isto uma composição incrivelmente bem conseguida, temos aquilo que se ouve (e tão bem que sabe ouvir). Segue-se “Eclipse”, e voltamos a insistir na linha de baixo, o elemento que inicia o tema e o liga entre riffs e compassos, que já nos erguem da cadeira num headbanging energético.
O headbanging continua com “Cordoaria”, mais uma lição de punk. E que lição esta, na qual se sente uma imensa energia, que se mantém em “Meu Menino”, um tema que deixa qualquer amante de música irrequieto e qualquer mosh em efervescência. “Sou Cidadão” foi o single de avanço do álbum e pode ser tomado como prova número um do melhor punk que se tem vindo a fazer no nosso país. “Miúdos Muito Jovens” é provavelmente um hino à harmonia das linhas de baixo, tão bem conseguidas que nos deixam ébrios de êxtase musical. “Preguiça” é mais uma balada onde a guitarra e a letra se entrelaçam para nos abraçarem num momento doce, que dá para recuperar a respiração necessária para o banho de punk que é “Cru”.
Mais punk vem em seguida com “Coração”, cuja letra já pede ser decorada para se cantar a plenos pulmões em concertos próximos. “Sacrilégio” é ainda um tema fresco, mas já tem aquele ar de clássico, que daqui a uns anos ecoará nas rádios, ao lado de canções de bandas como os Peste e Sida, a fim de reviver os grandes momentos do punk em Portugal. “Fumo Preto” será certamente o motivo do início de muitos moshes, com o seu frenesim que não deixa ninguém indiferente.
“Argélia” tem uma participação especial na voz e é uma balada que volta a trazer um lado doce a este álbum. É ainda mais uma das razões que o torna tão brilhantemente composto e conseguido. Fechando o ciclo, “Cedofeita” apresenta-se como mais uma balada, onde a guitarra e a letra nos levam numa viagem pela nossa Cedofeita: a rua onde não há música, mas na qual dançamos; onde caminhamos sem ninguém, mas sempre acompanhados.
Com um primeiro álbum como Linhas de Baixo, os 800 Gondomar inscrevem-se na indústria musical portuguesa como uma das grandes promessas do punk, e podemos certamente esperar ouvir falar muito deles no futuro. Por agora, apresentam o álbum pelo país fora antes de embarcarem numa tour europeia com os Sunflowers, já no próximo mês de novembro.