Martin Scorsese: “Devemos convencer as pessoas a irem ao cinema e a protegerem esse ritual”
Martin Scorsese ainda não parou desde que iniciou a sua carreira nas lides da realização. Entre curtas e longas-metragens já assinou a realização de 61 filmes.
Agora, o próximo trabalho do cineasta será “The Irishman” e contará com Jesse Plemons, Anna Paquin, Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci e Harvey Keitel no elenco. A estreia do filme poderá acontecer na Netflix no entanto o realizador continua a preferir o ritual de ver filmes nas salas escuras de cinema. Em Oviedo, Espanha, cidade onde Martin Scorsese receberá amanhã, 19 de Outubro, o Prémio Princesa das Astúrias pelas Artes, o cineasta reforçou precisamente essa ideia aos jornalistas.
A nova obra cinematográfica Scorsese tem um orçamento de cerca de 86 milhões de euros, valor que só a Netflix esteve disposta a pagar pelo filme: “Onde vamos? Não sei. Devemos proteger o cinema, o ritual e a arte, contra os produtos de super-heróis ou quase de animação, que são um género próprio e estão bem, mas não é o cinema a que vou, aquele que quero preservar e gosto de restaurar. Esse também precisa do seu público e devemos convencer as pessoas a irem ver esses filmes. Eu preferia nas salas e não em casa. E esse hábito deve ser encorajado o maior tempo possível, mas os estúdios pararam de apoiar os cineastas: no meu caso, apenas a Netflix apoiou“, disse Martin Scorsese aos jornalistas.
O cineasta norte-americano disse ainda, e de acordo com a agência EFE, que as escolas de cinema “são extraordinárias“, mas “ninguém te pode ensinar a fazer um filme“, já que a chave é ter “entusiasmo, habilidade e destreza” e “ter algo a dizer“. “Não importa qual escola de cinema que frequentas, isso tem que vir do aluno“. Scorsese reconheceu ainda que teve “muita sorte” por ter trabalhado com o actor Robert de Niro, com quem tem uma relação “telepática” e é o “único que realmente sabe de onde eu sou” e que Leonardo DiCaprio o levou para fora de si e que é “uma nova energia“.
O realizador norte-americano disse ainda que a violência dos filmes de acção nos últimos 25 anos é representada de maneira “abstracta” e “o impacto não é sentido“. “Isso mantém-te distante e não te deixa evoluir, as notícias são mais violentas do que tudo isto.“, admitiu Scorsese.
“The Irishman”, que ainda não tem data de estreia definida, é baseado em factos reais e é uma adaptação do livro “I Heard You Paint Houses”, da autoria de Charles Brandt. O argumento será adaptado por Steven Zaillian, o mesmo de “Schindler’s List” (1993), “Searching for Bobby Fischer” (1993) ou “The Girl with the Dragon Tattoo” (2011).