Memória de Peixe apresentaram ‘Himiko Cloud’ no Musicbox
Os Memória de Peixe passaram pelo Musicbox, no passado dia 4 de novembro, para apresentar o seu mais recente Himiko Cloud, lançado a 14 de outubro.
A banda portuguesa apresenta-se num palco relativamente despido. Vemos a bateria de Marco Franco e um espaço onde Miguel Nicolau toca a sua guitarra, ladeado de uma torre de amplificadores e variados pedais, que usa para os seus loops.
O concerto começa com o álbum que vêm apresentar, com a pulsante “Supercollider”. Podemos logo analisar o estilo musical como sendo um rock matemático, com estruturas rítmicas e tempos complexos e irregulares, em constante mutação. Juntando a isso as melodias de guitarra retorcidas, mas ao mesmo tempo coloridas, podemos compará-los aos americanos Battles, aos quais parecem ter ido buscar alguma da sua sonoridade. A segunda canção do alinhamento, “Haverö’s Dream”, ajuda a esta comparação, mas traz para a mesa melodias mais solarengas.
Seguem, logo de seguida, para o single que apresentou Himiko Cloud, “Arcadia Garden”, que é realmente fascinante. Tornou-se num dos pontos altos do concerto, com um clímax incrível. É a canção ideal para resumir todo o concerto: empolgante, anguloso e imprevisível; que nos mantém em bicos dos pés à espera do que aí vem. “Midnight Hero” mantém essa toada e fecha este início cheio de pujança e entusiasmo, que fez tremer as fundações do Musicbox.
Algumas das músicas que se seguem soam mais lineares ou redundantes, e então, apesar de muito bem executadas tecnicamente, não provocam uma reacção tão efusiva no público (com a excepção de “Immortality Drive”). Aí, servem mais de banda sonora para as projecções visuais que acompanham o espectáculo, com uma componente estética muito cativante e hipnótica.
No entanto, se o concerto atravessou esta fase menos excitante, redimiu-se com um final fenomenal composto pelo par de “Lazeria Maps” e “7/4” (título provavelmente referente ao tempo da canção), esta última vinda do álbum de estreia da banda.
Miguel Nicolau informa o público que o duo vai “ali um bocadinho” ao backstage, para fazer o famoso teatro do encore. O público colabora, chamando incessantemente pela banda, que reaparece pouco tempo depois. Com todas as músicas de “Himiko Cloud” apresentadas, resta regressar ao passado. Com “Dayjob”, revisitam Memória de Peixe, de 2012, para belprazer da audiência.
Mas, como o que importa é o presente, a banda tem a sensibilidade de fechar o concerto com chave de ouro, recorrendo novamente a “Arcadia Garden”, uma repetição bem-vinda e que permite fazer um paralelismo do concerto com as melhores canções da banda, num crescendo até chegar ao final fulminante.
Os Memória de Peixe contribuem para o bater do coração da música portuguesa, ainda que com um ritmo irregular.