MONDAY: “Tenho a sorte de gostar de escrever e usar a música para esse lado terapêutico”

por Bernardo Crastes,    28 Março, 2018
MONDAY: “Tenho a sorte de gostar de escrever e usar a música para esse lado terapêutico”
Fotografia de Rita Coroado
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Cat Falcão é uma das metades do duo folk Golden Slumbers. Em Fevereiro passado, lançou One, o disco de estreia do seu novo projecto a solo, MONDAY. Na senda de alguns concertos de apresentação do álbum – o primeiro dos quais será a 30 de Março, no Musicbox, em Lisboa – falámos com ela, para que nos contasse mais sobre esta sua nova aventura musical.

O que pretendes dizer com MONDAY que não consegues/podes dizer através das Golden Slumbers, o teu outro projecto?

Nunca pensei nisso dessa forma. Comecei a escrever coisas soltas desde cedo, na altura sem objectivo, mas por gostar e precisar de escrever. O ser fora de Golden Slumbers é inevitável, mas não foi por achar que não conseguia dizer certas coisas (pelo menos de forma consciente). Escrever sozinha ou com outra pessoa são processos completamente diferentes, há uma “liberdade” em fazê-lo sem mais ninguém, mas não foi nunca por não me sentir livre de me exprimir em Golden Slumbers.

Por que escolheste o nome MONDAY?

Andei muito tempo à procura de um nome, este surgiu-me por acaso e acabei por gostar de como soava. E as segundas podem ser felizes!

Que inspirações musicais foram cruciais para fazer este One?

Sendo que o disco tem uma grande parte do António [Vasconcelos Dias, produtor e guitarrista], temos várias influências diferentes, desde Dirty Projectors a algo mais folk, tipo Laura Marling. Da minha parte, as canções nasceram de uma base muito folk e depois passaram para as mãos do António, que procurou mais sonoridades rock.

Sentes-te mais confortável a cantar em inglês?

Sim.

Os temas das tuas letras parecem andar normalmente à volta de uma procura de algo ou de uma mudança. Sentes que este álbum te ajudou a enfrentar uma fase talvez mais tumultuosa na tua vida?

Tenho a sorte de não só gostar de escrever, como usar a música para esse lado “terapêutico”. Escrevi muitas das canções entre os meus 21 e 23 anos, aka fase tumultuosa em que andamos confusos com o que queremos fazer (sei que isso provavelmente é eterno, mas durante esta fase parece mais dramático esse choque com a realidade). E em relação à mudança, é mais um “amadurecimento” e o querer ir ficando mais à vontade com o que sou. Fazer o disco foi mais um statement do que sentia nessa altura, e é engraçado ver essa “frustração” nas letras do disco mas, agora, com alguma distância.

Uma das coisas que mais admiro no teu álbum é a produção. Que tipo de ambiente querias conjurar?

A produção passou pelas mãos do António. Ele quis abordar a cena com uma atitude mais assertiva e com um lado mais rock (embora não seja rock no seu sentido mais tradicional). Tive a sorte de gostar de praticamente tudo logo à primeira, e sentir que ele conseguiu pegar em algo meu com algumas limitações e dar-lhe algo muito melhor.

Fala-nos um pouco da capa do álbum. Apresenta um desenho de uma rapariga (que assumimos seres tu), rodeada de uma série de objectos, alguns deles inusitados. Qual o seu significado?

Foi a Mané que fez a capa. No início de tudo falámos sobre arranjar objectos para cada canção e tentar que esses objectos não fossem totalmente óbvios e clichés. Ela depois partiu, com total liberdade, para a ilustração da capa e do poster, e criou esse mundo meio desarrumado/caótico. Acho que foi da interpretação que teve das letras e das músicas que lhe fui enviando; talvez também dessa procura de mudança e alguma confusão de que falaste anteriormente. E já agora, na vida real, sou uma pessoa bastante arrumada e o meu quarto nunca está assim!

O que poderemos esperar dos concertos de MONDAY?

Tenho uma banda com músicos incríveis e gostamos todos muito de tocar. O resto só lá estando!

Tour MONDAY:

30 Março – Musicbox, Lisboa
4 Abril – Coffee Concert Teatro, Vila Real
6 Abril – MIL Lisbon International Music Network, Lisboa
20 Abril – O Teatrão, Coimbra
24 Maio – FNAC Santa Catarina, Porto
24 Maio – Maus Hábitos, Porto

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