Netflix vai reconsiderar investimentos no Estado da Geórgia se a proibição do aborto for legalizada
Os realizadores Jordan Peele e J.J. Abrams também já se manifestaram.
A nova legislação considera ilegal toda interrupção da gravidez a partir do momento em que se detecta o batimento cardíaco do feto. Isto pode acontecer a partir da sexta semana, quando, em alguns casos, a mulher ainda nem sabe que está grávida.
Depois de já muitos se terem manifestado, a gigante do streaming mundial, Netflix, fez a sua primeira declaração sobre o decreto que deverá entrar em vigor dia 1.º de Janeiro de 2020, caso não seja revertido:
“Temos muitas mulheres a trabalhar em produções na Geórgia, dos quais os seus direitos, além de milhares de outras, serão extremamente restritos por esta lei. É por isso que trabalharemos juntos com a ACLU [União Americana pelas Liberdades Civis] e outras instituições para lutarem contra tudo isto em tribunal. Dado que a legislação ainda não foi implementada, continuaremos a filmar lá, além de continuar com o nosso apoio a parceiros e artistas que concordam com o nosso posicionamento. Se este projecto de lei entrar realmente em vigor teremos de repensar todo o nosso investimento na Geórgia.“, disse Ted Sarandos num comunicado enviado à revista Variety.
A gigante do streaming não é a primeira a reconsiderar negócios neste Estado, caso este decreto seja aprovado. A cineasta Reed Morano (que realizou três episódios de “The Handmaid’s Tale”) parou de procurar locações para as filmagens da série “The Power”, produzida pela Amazon Studios. E os realizadores Jordan Peele e J.J. Abrams, apesar de continuarem com os seus planos para gravar no Estado, anunciaram que vão doar 100% dos seus ganhos para instituições que já estão a lutar contra este projecto de lei.
A Geórgia é um dos grandes centros de filmagens para produções de Hollywood e emprega cerca de 90 mil pessoas na área do entretenimento, um dos motivos para isto acontecer são as vantagens fiscais que oferece. Há já inclusive rumores de que outros Estados estão a tentar convencer estúdios e produtoras a saírem da Geórgia, caso este projecto de lei seja aprovado, oferecendo condições fiscais apelativas a essa mudança.