O vulgar realismo mágico de Helen Oyeyemi
Helen Oyeyemi criou uma certa reputação nos seus poucos anos de ofício como escritora. Escolhida como uma das melhores jovens escritoras britânicas em 2013, pela revista Granta inglesa, chega pela primeira vez a Portugal agora, pelas mãos da editora Elsinore.
O Que Não é Teu Não é Teu, o livro agora publicado, é um conjunto de nove contos com uma narrativa preguiçosa e cheia de lugares comuns. Unidos mediante referências a chaves e fechaduras que povoam todos os contos do livro, aquilo que mais têm em comum é a pirosada das histórias, que vão desde histórias de amor que culminam em bibliotecas e jardins de rosas secretos, a estrelas pop que fazem músicas replicando os sons que vêm detrás de portas fechadas à chave, até um onde um grupo de mulheres decide substituir os livros de um clube masculino de Cambridge, os escritos por homens por outros escritos por mulheres.
Nem a qualidade da escrita salva estas narrativas, até pela mesma não ser muito evidente durante a leitura. Por entre os clichês do género, as personagens comportam-se meramente com o intuito de levar a narrativa ao local onde a autora desejou que ela fosse. A história é contada acontecimento após acontecimento, num estilo completamente subjugado à narrativa onde as personagens não têm direito a tornar-se muito mais que estruturas unidimensionais, e, obviamente, o livro perde com isso.
Até mesmo as ligações entre os diferentes contos parece ser forçada, quer através das já referidas chaves, que têm um lugar em cada uma delas, como através da sobreposição de algumas personagens. Mais valia assumir a diferença entre os contos e poupar-nos a esta tentativa de oferecer uma união que, francamente, é pouco mais que ténue, meramente forçada para criar uma unidade que junte estas histórias.
Daí que não se perceba o furor alcançado por este livro que, a não ser que se esteja agora a ser introduzido no realismo mágico e na literatura, não será particularmente interessante. Nem me parece haver nada, pela amostra deste livro, que justifique a aposta que, segundo a lombada do livro, a editora está a fazer em continuar a publicar a obra da autora. Mas vejamos, este conjunto de contos pode ter sido só caso único.