Os primeiros episódios de ‘Sara’, série de Marco Martins e Bruno Nogueira
Sara já vai a meio. É já o quinto episódio da série de Marco Martins, Ricardo Adolfo e Bruno Nogueira que passa na RTP2. Contudo, quem não teve oportunidade de a seguir desde a sua estreia em 7 de Outubro, ainda vai a tempo. Isto porque, devido ao feedback positivo que tem recebido, a RTP voltou a disponibilizar os primeiros episódios no seu site.
A série, que foi originalmente pensada para a RTP1, está a justificar a sua aposta devido a um conjunto diverso de factores. Desenvolve-se num tom satírico, interpretado por um elenco repleto de nomes sonantes, encabeçado por Beatriz Batarda. A sua escrita meta-discursiva – onde o meio audiovisual é caricaturado através de um meio audiovisual – acrescenta-lhe densidade. Sara está repleta de referências que só irão ser captadas pelos mais atentos. Com breves momentos oníricos e surreais, que evocam Lynch ou Buñuel, leva-nos para uma dimensão onde, por vezes, confundimos a realidade dentro da ficção, e vice-versa.
Numa espécie de híbrido entre cinema e televisão, Sara é também uma aventura de Marco Martins neste formato que ainda não tinha explorado. A influência de Bruno Nogueira – envolvido na ideia, argumento e representação – está por toda a parte. Quem seguiu de perto o Último a Sair ou Odisseia (projectos anteriores do humorista), encontra em Sara vislumbres semelhantes, espelhados em longos momentos absurdos. A série já valeria a pena pela sua representação do life coach Paulo Prazeres, com um toque de Alien -o personagem interpretado por James Franco no filme Spring Breakers-, contudo, tem muito mais para oferecer.
Beatriz Batarda, actriz com currículo internacional, que serviu de inspiração para a personagem de Sara Moreno, assume o papel de protagonista. Outros nomes reconhecidos do meio, como Albano Jerónimo, José Raposo, Rita Blanco, Miguel Guilherme ou Nuno Lopes, também compõe um elenco de personagens repletas de características peculiares.
Sara satiriza e caricatura os clichés, as sobrancerias, os estereótipos e as precariedades do mundo audiovisual português, ou do audiovisual em geral. Mas desengane-se quem pensa que é apenas uma série de humor. Tem outras camadas. Para já, tem tudo para ser uma das melhores produções portuguesas dos últimos anos. Temos de esperar até ao fim. Até lá, quem ainda não viu, veja!
Link para os episódios de Sara na RTP Play.