Pedro Almodóvar defende o cinema em sala
Na coletiva de imprensa após o início de Cannes com Les Fantômes d’Ismaël dois lados de um argumento foram postos em causa.
“Eu pessoalmente entendo que a Palma de Ouro não deve ser entregue para um filme que não foi visto nos cinemas”, disse o cineasta espanhol que é o presidente do júri da 70ª edição do tradicional festival francês. “Tudo isso não significa que eu não esteja aberto para celebrar novas tecnologias e oportunidades, mas enquanto eu estiver vivo, vou defender a capacidade de hipnose que uma tela grande tem sobre o espectador, algo que as novas gerações não conhecem”. Afirma Almodóvar, ele que é um habitué de Cannes e apesar de nunca ter ganho uma Palma de Ouro, ganhou o prémio de melhore diretor por Tudo Sobre a Minha Mãe (1999) e o de melhor argumento por Volver (2006)
Já Will Smith, um dos maiores atores dos anos 90 e de 2000 tem uma visão mais open minded sobre o assunto. “Tenho filhos de 16, 18 e 24 anos em casa e a Netflix não tem impacto sobre a relação deles com o cinema. Eles descobriram na Netflix muitos filmes que não conheceriam de outras formas e que despertaram a atenção deles para um tipo de cinema sobre o qual eles podem pesquisar na internet. Mesmo assim, eles continuam indo a salas de exibição. São formas bem diferentes de entretenimento” contra-argumenta Smith perante olhares desconfiados de Almodóvar. Smith tem um projeto para ser lançado via Netflix, de nome Bright.
Outro membro do júri, a diretora Agnès Jaoui pôs de lado as polémicas entre os serviços de streaming e o grande ecrã e comentou apenas “Não podemos fingir que a tecnologia não existe. Mas seria um absurdo penalizar esses diretores apenas por causa disso.”
Artigo de André Pisco, publicado no nosso parceiro Insider Film