Pensar a democracia
É preciso pensar a democracia. Poucos o fazem, deixando-a simplesmente ser e andar. A democracia não é um sistema estável e fixo mas sim uma ideologia que se vai adaptando às circunstâncias e às necessidades sociais. É a melhor das piores soluções, enquanto as melhores ainda residem no campo da utopia. Com isto, é preciso trabalhá-las no campo onde temos aplicação direta.
É este o do raciocínio, o do pensamento, de uma análise crítica sistemática aos dias, às semanas e aos meses. Perceber, compreender e estudar com a razão e a devida dose de coração tudo aquilo que faz parte de um sistema que tem em si fragilidades. Como tudo, como em todos, o que escapa à vulnerabilidade tem residência nessas lides fantásticas e utópicas.
A democracia comporta essa vantagem. Uma vantagem que é necessária e indispensável para a progressão e ascensão do coletivo social e político. A liberdade de expressão, de criação, de razão e de confissão são recursos de suporte a toda a remodelação do sistema existente. A democracia chega a uma fase em que deve compreender por onde se emitem as opiniões e por onde se definem as diferentes posições de cada um. Trata-se de algo complexo mas que se simplifica no cumprimento da missão por parte de cada um de nós.
Começar no mais elementar, no mais básico e estender toda a linha de pensamento para contextos cada vez mais amplos e expansivos. Pensa-se a democracia com um âmbito cada vez mais largo e lato. Pensa-se com a disciplina de quem pertence ao mundo e de quem pertence ao sistema como uma voz ativa e progressiva. A voz que temos não se vincula a um certo e determinado período de tempo mas sim à eternidade. As ações e criações que hoje se consumarem serão ressoadas e relembradas no amanhã, estando a democracia na base dessa expressão livre e descomprometida.
A democracia é posta em prova diariamente, com constantes e fulgurantes meios e métodos de ambição e de proclamação deste ou daquele intento, deste ou daquele princípio, desta ou daquela crença. Os limites questionam-se, assim como o valor ético e moral inerente a toda a prática democrática. Eis que se chega a razão a todo este mecanismo, solicitando atitudes frias e sustentáveis mas sem prescindir da toada crítica e reformuladora de um pensamento personalizado.
A conclusão e a súmula que se extrai de toda esta viagem é a mesma do início: é preciso pensar a democracia. Criar casos de uso, de consumo e de experimentação; utilizar a experiência para caminhar lá para trás e perceber o que mudou; envolver toda a disposição pessoal para uma ou várias soluções diferentes e únicas. Ninguém pensa de forma decalcada e replicada mas de jeito específico e particular.
É preciso pensar a democracia praticando-a e questionando-a. É preciso ir além do mundo para se procurar a voz que ecoa bem lá no fundo de cada um e que enuncia esta ou aquela opinião fundamentada numa crença aprendida e interiorizada. É preciso pensar a democracia para além da mundana burocracia. É preciso pensar para agir e para se crescer. Crescemos eternamente, em conjunto com o sistema que é de todos.
Que se pugne a democracia do agente que começa em si e que responda em favor de toda a gente.