‘Solaris’ é publicado em Portugal e é traduzido pela primeira vez directamente do polaco

por Comunidade Cultura e Arte,    19 Fevereiro, 2018
‘Solaris’ é publicado em Portugal e é traduzido pela primeira vez directamente do polaco

O Homem partiu em busca de outros mundos, de outras civilizações, sem conhecer inteiramente os seus próprios recantos, os seus becos sem saída e abismos, e sem saber o que está por detrás das suas portas negras“, pode ler-se na sinopse da obra editada pela Antígona. A tradução ficou a cargo de Teresa Fernandes Swiatkiewicz e com nota prévia do escritor e tradutor argentino Alberto Manguel.

A obra de Stanislaw Lem é “um romance psicológico sobre a incomunicabilidade, a memória e a angústia face ao desconhecido e ao insondável“, para além de ser considerada “uma obra maior no seu género, dominada por um inesquecível e imenso oceano planetário“, revelou a editora à agência Lusa.

Solaris, de Andrei Tarkovski

Pela primeira vez em tradução directa do polaco, “Solaris” (1961) é uma das obras de ficção científica mais complexas e filosóficas, e consagraria Stanisław Lem (1926-2006) como autor de culto. Publicado em Varsóvia, em pleno regime comunista, e adaptado ao cinema por Andrei Tarkovski, em 1972, e Steven Soderbergh, em 2002, é dominado por um imenso e enigmático oceano planetário, capaz de controlar as emoções e as memórias de exploradores à beira da loucura, isolados numa estação espacial. Neste romance psicológico sobre a incomunicabilidade, a angústia face ao insondável e a incapacidade humana de lidar com o desconhecido sem causar destruição, Stanisław Lem leva-nos a um planeta distante para revelar os eternos abismos e buracos negros da alma.

Stanisław Lem, 1960 / Fotografia de: PAP/Piotr Barącz

Stanisław Lem (1921-2006) é um dos autores polacos mais traduzidos e destacados. Nos anos 40, estudou medicina e psicologia em Lviv e em Cracóvia. De ascendência judaica e apoiante da resistência, foi forçado a obter documentos falsos — que o salvaram das câmaras de gás de Bełžec — e, como mecânico, dedicou-se a sabotar carros alemães durante a ocupação nazi. Nos anos 60 e 70, publicou “A Nave Invencível” (1964) e “A Voz do Dono” (1968), e livros com um humor inimitável, como “Memórias Encontradas numa Banheira” (1961) e “Congresso Futurológico” (1971). Em 1976, foi expulso da Associação de Escritores de Ficção Científica e Fantasia da América, por ter criticado a qualidade da produção norte-americana no género. Romancista e ensaísta premiado, perdurará, neste planeta, como um mestre da imaginação, e, na galáxia, como “3836 Lem”, o asteróide a que deu nome.

Capa do livro

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