Sonica Ekrano. Há um novo festival de cinema documental na Margem Sul
Sonica Ekrano traz o cinema documental e as músicas das margens aos concelhos do Barreiro e da Moita. Swans, Suzanne Ciani, Delia Derbyshire, Acid Mothers Temple, Conny Plank, Robbie Basho, Arvo Pärt, Gabriel Ferrandini, Adriana Sá são alguns dos alvos da programação.
A OUT.RA – Associação Cultural (que organiza também o OUT.FEST — Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro) anuncia a 1ª edição do festival Sonica Ekrano — Cinema Documental e as Músicas das Margens, a acontecer de 9 a 18 de Setembro, no Barreiro e na Baixa da Banheira (concelho da Moita).
O nome Sonica Ekrano, grafado em esperanto (significando, em português, “Tela de Som”), procura reflectir a música e o cinema enquanto “linguagens universais”, homenageando simultaneamente a forte tradição esperantista na margem sul do Tejo.
O novo festival é dedicado a músicas, músicos, sons e movimentos nas margens da massificação e da popularidade, e pretende assegurar a existência de um espaço de oportunidade para assistir a obras cinematográficas às quais — mesmo na era das plataformas digitais — o acesso é limitado, num contributo mais em prol da inclusão audiovisual, atentando à diversidade geográfica e ao equilíbrio entre perspectivas históricas e narrativas contemporâneas.
Esta primeira edição apresenta treze filmes, entre eles seis estreias nacionais, nomeadamente Acid Mothers Reynols: Live and Beyond, de Alejandro Maly, focado nos japoneses Acid Mothers Temple e nos argentinos Reynols que, em 2017, se juntaram em Buenos Aires para a gravação de um disco conjunto e um concerto; Voice of the Eagle: The Enigma of Robbie Basho, de Liam Barker, sobre a vida incomum e extraordinária do guitarrista e compositor norte-americano Robbie Basho; The Albatross Around My Neck: Retracing Echoes of Loss Between Lucknow and Berlin, de Markus Schlaffkre, que nos apresenta Irfan Khan, um dos mestres do sarod — instrumento de cordas ligado à música hindustani; Crestone, de Marnie Ellen Hertzler, que nos leva até uma vila deserta no Colorado, onde vive uma micro-comunidade de rappers em isolamento, enquanto vão partilhando com o mundo exterior a sua música através da plataforma online Soundcloud; Extreme Nation, de Roy Dipankar, uma viagem pelo subcontinente indiano em busca de histórias da comunidade e sub-cultura do metal extremo, e Delia Derbyshire: The Myths and Legendary Tapes, de Caroline Catz, um misto de documentário e biopic que retrata a personalidade e o legado precioso de uma das pioneiras da música electrónica, a britânica Delia Derbyshire, para sempre ligada à composição do tema genérico da série Doctor Who, em 1963, mas cuja carreira vai muito para além deste feito.
Para além deste documentário dedicado a Delia Derbyshire, destaque também para mais dois documentários neste festival que celebram e fazem uma justa homenagem à recente onda de redescoberta das mulheres pioneiras na música electrónica. Um deles é Sisters with Transistors, de Lisa Rovner, sobre o trabalho e genialidade de várias mulheres que estiveram na linha da frente desde os primórdios da música electrónica: Clara Rockmore, Daphne Oram, Bebe Barron, Delia Derbyshire, Maryanne Amacher, Pauline Oliveros, Wendy Carlos, Eliane Radigue, Suzanne Ciani e Laurie Spiegel. O outro é Suzanne Ciani: A Life in Waves, de Brett Whitcomb, sobre a vida e as inovações marcantes da norte-americana Suzanne Ciani, e a forma como, a partir de uma educação musical clássica, se tornou financeiramente independente criando música e som para o mundo da publicidade, utilizando-o como campo para explorações e descobertas revolucionárias.
A produção nacional está representada pelos filmes SOA, de Raquel Castro, que resulta de uma investigação da realizadora sobre som e paisagens sonoras, sobre silêncio e ruído em todos os espectros sonoros e como e qual a relação com quem os ouve; e Caos e Afinidade, de Pedro Gonçalves, que neste primeiro filme mergulha no mundo da música improvisada em Portugal, tendo como epicentro o Bar Irreal, em Lisboa, e a participação de nomes como Gabriel Ferrandini, Adriana Sá, Carlos Zíngaro ou Luís Lopes. Ambos os realizadores estarão presentes nas sessões.
Concluindo a programação desta primeira edição do SONICA EKRANO, são ainda apresentados Swans – Where Does a Body End?, de Marco Porsia, um extraordinário retrato dos Swans, de Michael Gira, que construíram uma das mais singulares carreiras do rock moderno; Conny Plank: The Potential of Noise, de Reto Caduff e Stephan Plank, sobre um dos pioneiros do krautrock e da pop electrónica, Conny Plank, que influenciou directamente bandas e artistas como os Neu!, Brian Eno, David Bowie, Ultravox ou Eurythmics; e That Pärt Feeling: The Universe of Arvo Pärt, de Paul Hegeman, dedicado ao estónio Arvo Pärt, provavelmente o compositor vivo mais celebrado da nossa era.
As sessões realizam-se no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo (de 9 a 12 de Setembro), na Biblioteca Municipal do Barreiro (de 13 a 16 de Setembro) e no Auditório Municipal Augusto Cabrita (17 e 18 de Setembro).
Os bilhetes para as sessões no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo custam 2,97€ e podem ser adquiridos na rede Ticketline (online e lojas) e no local, 30 minutos antes de cada sessão, e os bilhetes para as sessões na Biblioteca Municipal do Barreiro e no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo custam 2,50€ e podem ser adquiridos na rede Bol (online e lojas) e no local, 30 minutos antes de cada sessão.
O programa completo pode ser consultado em www.sonicaekrano.com e o festival pode ser acompanhado nas redes sociais em facebook.com/sonicaekrano e instagram.com/sonicaekrano.
O Sonica Ekrano – Cinema Documental e as Músicas das Margens é uma realização da OUT.RA – Associação Cultural, com co-financiamento por parte do ICA – Instituto do Cinema e Audiovisual), e em parceria com Municípios do Barreiro e da Moita.