Teatrão estreia ‘Eu Salazar’ a 25 de Abril
O Teatrão prepara-se para estrear, a 25 de Abril, o espectáculo “Eu Salazar”. Seguindo a filosofia da companhia, este projecto contém um espectáculo teatral, um road movie, oficinas para alunos do ensino secundário e um conjunto de mesas-redondas organizadas pelos consultores científicos do projecto.
Em 2018 passarão cinquenta anos desde que Salazar deixou o poder. Ricardo Trindade tem 39 anos – os mesmo que tinha António Oliveira Salazar quando assumiu a pasta das Finanças no governo do General Óscar Carmona. Diferentes vivências pessoais foram injectadas e questionadas durante o processo, com particular interesse na mitificação desta figura indecifrável – e nos processos de passagem e renovação/modificação de conhecimento. Tomou-se como ponto de partida o que se considera ‘conhecimento comum’ sobre Salazar (e como todos nós, cidadãos, achamos que sabemos muito sobre ele) para procurar o sentido das ‘verdades’ que foram mastigadas por gerações. Esta busca é feita de contradições, de revolução, de reacção, e envolta em polémica – porque Salazar não era o regime, no entanto, o regime era Salazar.
O processo colaborativo e as residências criativas em equipa têm reflexos claros na dramaturgia, que se ampara em investigação social e histórica – com o apoio dos investigadores Joana Brites (CEIS20), Luís Reis Torgal (CEIS20), Miguel Bandeira Jerónimo (CES) e Rui Bebiano (Centro de Documentação 25 de Abril). Além do acompanhamento ao espetáculo, a equipa assume também a curadoria do ciclo de mesas – redondas que acompanha o projeto – e que pretende conjugar várias perspetivas e abordar diferentes temas sobre o Estado Novo. Pretende ainda, ao envolver vários centros de investigação académica e trazer a produção de conhecimento para fora do circuito fechado da academia, imprimindo um paradigma de trabalho que é muito caro ao Teatrão – entre a criação artística, a comunidade e a academia.
A ligação ao meio escolar, especificamente a alunos do ensino secundário de praticamente todas as escolas de Coimbra (E.S. Quinta das Flores, E.S. Avelar Brotero, E.S. José Falcão, E.S. D. Dinis, E.S. D. Duarte e E.S. Jaime Cortesão) , procura compreender e incluir a visão de gerações mais novas para complementar, questionar ou contradizer. As opiniões e o trabalho desenvolvido pelos jovens, cruzando as linguagens de teatro e cinema, contaminarão a segunda fase de filmagens do road movie de João Vladimiro. O resultado destas oficinas será ainda sistematizado em pastas pedagógicas.
O formato de digressão está a ser preparado e que passará por cidades como Lisboa, Porto, Aveiro, Guarda, Tábua, Santa Comba Dão, Ponte de Lima, e conterá o espectáculo, o filme, uma oficina para jovens e, nalguns locais, uma mesa-redonda.