Toro y Moi, o rei do chillwave, está de volta com ‘Outer Peace’

por Comunidade Cultura e Arte,    5 Fevereiro, 2019
Toro y Moi, o rei do chillwave, está de volta com ‘Outer Peace’
Capa do álbum
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Há quem diga que o chillwave, o micro-género musical de retro-pop psicadélico que emergiu na Internet no final da primeira década dos anos 2000, já é coisa do passado. No entanto, Toro y Moi está volta com Outer Peace para provar que é possível reinventar o género.

Sim, os vocais muito mellow e os sintetizadores vintage continuam lá, mas, neste novo álbum, Chaz Bear deve muito mais a outros géneros, como o house, e mesmo funk e R&B; para nos lembrar que o chill também se dança, num groove muito disco, alto e bom som.

O disco vem bem “empacotado” em 10 faixas, com duração total de cerca de meia hora, e produção mid-fi muito bem conseguida, que se mostra sobretudo quando se ouve o álbum com uns bons headphones.

No geral, as músicas são ricas em linhas de baixo fortes, batidas digitais, com sintetizadores muito presentes: a canção inicial, “Fading”, é prova disso. À medida que avança, o disco vai ganhando momentum, embora com algumas quebras pelo meio, como em “Miss Me” e “New House”, duas faixas mais lentas, a puxar para o R&B, mas que calham bem; sobretudo a segunda, “New House”, que aparece como uma espécie de desabafo: “I just want a long shower. I’ve been feeling so crowded… Is there a reasoning?”.

Depois, vai ganhado nova velocidade com “Baby Drive it Down”, em que se recupera a batida pulsante, mas sem grande originalidade – a composição parece demasiado básica e a letra muito repetitiva. Felizmente, em “Freelance”, o disco parece renascer e, até à última faixa, podemos escutar loops de sintetizador com muito groove e beats divertidos, que nos prendem até ao fim.

No todo, o disco pode não ser fácil de encaixar, sobretudo para os melómanos mais devotos do analógico. Mas, temos de reconhecê-lo, ao contrário de outros álbuns de Toro y Moi (por exemplo, o anterior, Boo Boo, que, de resto, foi pouco memorável), este novo álbum parece trazer um esforço bem conseguido de inovação dentro de um género já muito explorado.

E, mais do que isso, Outer Peace é um statement. O ambiente social e político que se vive hoje em dia no panorama americano e internacional parece estar de costas viradas à promessa de calma e serenidade que o chillwave nos trouxe. E este disco, pleno de batidas furiosas e letras desconexas, quebra essa premissa e deixa-nos na cabeça uma questão: será que ainda se pode estar chill?

Sorte a nossa! Vamos poder descobrir a resposta ao vivo e a cores, no LAV – Lisboa ao Vivo, no próximo dia 22 de Maio, e a 23 do mesmo mês, no Hard Club do Porto, cortesia do Gig Club. É aproveitar.

Crítica da autoria de Inês Magalhães Correia.

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