Uma sessão no Caminhos do Cinema Português
Decorre até dia 26 de Novembro, em Coimbra e Leiria, o festival Caminhos do Cinema Português, que no seu último dia atribuirá prémios aos filmes da Selecção Caminhos e Selecção Ensaios – as duas secções competitivas do festival. Assistimos à Selecção Caminhos das 17h do dia 24 de Novembro, no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, que contou com três curtas metragens e uma longa.
A sessão começou com a curta de um minuto, “Tom” de Filipa Ruiz que nos fala sobre a esterilidade masculina, tema tabu que deixa vontade de ver mais sobre o assunto.
Seguiu-se “O Nome Dela” de Pedro Lino, uma curta metragem documental que se pode encontrar online. Gesuíno, um homem de 88 anos que vive sozinho numa ilha em Itália, fala de si e das suas pequenas coisas. É um retrato ternurento de um pastor solitário que nunca constituiu família, feito por uma câmara que se esforça por filmar a beleza poética sem interferir na vida da ilha, do homem ou da casa, que parece ter uma forma própria de respirar. A procura do genuíno é concretizada com sucesso e no final, Gesuíno mostra-nos o seu maior tesouro – algo que ele nem usa, mas que preserva com o maior cuidado.
“Excursões” é um dos episódios do filme “Aqui, em Lisboa”. Tendo como tema a cidade, o IndieLisboa propôs a quatro diretores a criação de um episódio, o que resultou em quatro diferentes perspetivas que se uniram numa longa-metragem com estreia em Maio deste ano. Tudo unido, talvez se torne numa obra interessante, no entanto, individualmente, “Excursões”, do canadiense Denis Côté, soa a uma glorificação meio vazia da contemporaneidade de Lisboa, usando como meio a história de dois guias com vidas pouco movimentadas que se encontram num concerto de free jazz dos The Red Trio (que participam na curta).
Por fim, André Gil da Mata, com o seu “Como me apaixonei por Eva Ras”, apresenta-nos um filme lento, escuro e silencioso sobre a vida monótona e rotineira de Sena, uma projeccionista que todos os dias passa, na sua sala de cinema, os filmes Jugoslavos de que restaram cópias. Podia ser um filme de homenagem à atriz Eva Ras e ao universo do cinema, mas talvez não devesse ser uma longa-metragem. Lento, escuro, silencioso, com personagens que são pessoas normais, entrecortado por partes aleatórias de filmes Jugoslavos. Uma hora e pouco difícil de ver e pouco cativante.
No final o público das secções em competição é convidado a avaliar cada filme, para a atribuição do prémio do público “Chama Amarela”. Além das secções já mencionadas, o festival, que vai já na sua 22ª edição, conta com a secção Caminhos Mundiais (este ano dedicada a cinema catalão), Caminhos Séniores e Caminhos Juniores, na perspectiva de atingir um público variado e ajudar a divulgar e valorizar a arte do cinema português.