‘1982’: os Liima provam que os 80’s continuam na moda

por João Jacinto,    9 Março, 2018
‘1982’: os Liima provam que os 80’s continuam na moda
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A segunda incursão dos Liima – um projecto que se quis experimental – revelou-se uma aposta ganha. A banda nórdica vai-se paulatinamente afastando da sombra de Efterklang, onde nasceu, para criar uma assinatura musical própria. Paisagens sonoras inóspitas, pintadas com sintetizadores reminiscentes dos idos anos oitenta; foram os elementos que nos decidiram apresentar em 1982.

O mais recente álbum do quarteto escandinavo bebe do synth-pop, divergindo assim do antecessor ii. Não se pode afirmar que as melodias fiquem no ouvido, mas o estilo intrigante de todo o álbum, com destaque para a faixa de abertura que partilha o título deste projeto, fazem-nos querer ficar para ouvir o resto. Já a hipnótica segunda faixa “David Copperfield“, que nos embala durante a sua primeira metade, acaba por desembocar numa pequena explosão, de um modo exímio, pela voz de Kasper Klausen.

Estamos perante um álbum introspetivo, pontualmente claustrofóbico – como em “People Like You“; mas são estes momentos que tornam o álbum mais do que uma aventura synth-pop com vocalizações esparsas. Nessa mesma faixa, testemunhamos a percussão de Tatu Rönkkö, que brilha e se destaca.

“Jonathan, I Can’t Tell You volta a assemelhar-se à sonoridade dos Efterklang, mas é sem dúvida uma das melhores faixas do conjunto. Em quatro minutos e trinta e três segundos, consegue aglomerar tudo o que se poderia querer deste quarteto – melodias hipnotizantes, sons da natureza (como o chilrear de pássaros, o correr dos ribeiros), numa harmonia que é pano de fundo para o que o vocalista mostre o que sabe fazer tão bem. A certo ponto, torna-se óbvio que todas as faixas são construídas em torno da voz; sente-se que os arranjos abrem espaço para que a voz assuma um papel preponderante.

My Mind Is Yoursencerra o álbum, o que nos deixa algo desconcertados – “Jonathan I Can’t Tell You teria sido, talvez, uma escolha mais apropriada e menos banal para closer. Não obstante o alinhamento, que poderia ter constituído uma narrativa mais coesa, este trabalho tem camadas suficientes para preencher os curtos 38 minutos que o compõem. As faixas formam um ótimo conjunto, nesta segunda incursão dos Liima, que quiseram enveredar o estilo por um caminho paralelo e mais experimental. É sabido que mais difícil que a execução de um álbum de estreia, é a capacidade de se inovar num segundo – e, no caso dos Liima, era ainda necessário fazer esquecer a perseguidora referência aos Efterklang. Embora 1982 atinja o primeiro objectivo, constituindo-se como um álbum melhor e mais inovador que o seu antecessor, ainda não conseguimos deixar de ouvir na sonoridade a influência da banda que precedeu este quarteto.

E não; os Liima não convocam, decerto, os anos oitenta da cultura pop, do Thriller de Michael Jackson, da pastilha elástica e do cubo de rubik. Aqui é iluminado o outro lado dessa mesma década, a que herda as paisagens dos encontros imediatos de terceiro grau, os introspetivos 8bits, a parte escura e sintetizada desses tempos; que, convenhamos, também fazia falta.

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