50 anos da democracia portuguesa em palco no Teatro Viriato, em Viseu, pela mãos de Sara Barros Leitão 

por Comunidade Cultura e Arte,    17 Abril, 2024
50 anos da democracia portuguesa em palco no Teatro Viriato, em Viseu, pela mãos de Sara Barros Leitão 
“Guião para um país possível” / Fotografia de Teresa Pacheco Miranda
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A encenadora Sara Barros Leitão regressa ao Teatro Viriato, nos dias 19 e 20 de abril, com a peça “Guião para um país possível”. Um espetáculo de teatro criado a partir dos discursos proferidos nos últimos 50 anos da democracia portuguesa.  
 
No parlamento português, entre as bancadas dos deputados e a tribuna com membros do Governo, existe, exatamente a meio da sala, uma secretária sem nada à volta onde trabalham dois funcionários que têm a missão de transcrever tudo o que ali é dito. Através dos seus dedos, registam-se os discursos, as intervenções, os apartes, as insubordinações e até os gestos. São centenas de milhares de páginas que registam debates, assembleias constituintes, votações, avanços e recuos nos direitos sociais, laborais e humanos. 
 
“Bem diferente do Diário da República, onde se publicam as leis, os Diários da Assembleia da República registam tudo o que é dito, discutido, gritado, debatido nas sessões plenárias, incluindo os apartes de outros deputados, protestos de bancadas, interrupções de pessoas que assistem das galerias, e ainda breves descrições de ações que possam ser necessárias para se compreender, através daquele texto, o que terá sido determinada sessão. Um copo que se parte, um funcionário que desmaia, um deputado que faz um gesto insultuoso, grupos parlamentares que abandonam o hemiciclo. Todo este material é registado pelos redatores, que se sentam silenciosamente a meio da sala, e está totalmente disponível a consulta no site da Assembleia da República”, explica a encenadora.  
 
Sara Barros Leitão partiu destes registos para criar “Guião para um país possível”, pois queria “descobrir como é que poderia contar uma parte da história, a partir de um lugar que é, também ele, uma conquista dessa democracia: uma assembleia plural, representativa, com eleições livres, onde podem estar representados todos os partidos, da esquerda à direita.” 
 
“Contrariamente a outros espetáculos meus, desta vez não assino o texto, mas sim a dramaturgia, pois decidi que não queria escrever uma única palavra minha. Dediquei-me a construir um espetáculo usando apenas o que consta nos Diários. Por mais incrível que às vezes possa parecer, nada do que é dito no espetáculo é inventado, e já foi, alguma vez, dito na Assembleia da República. Assim, estas são as primeiras palavras que escrevo sobre este espetáculo, até aqui, tratou-se de um trabalho de retalho, de costura, de corta e cose”, refere. 
 
O espetáculo será apresentado ao ensino secundário e superior, no dia 19, às 15h00, e ao público geral no dia 20, às 17h00. 

Os bilhetes já se encontram disponíveis na bilheteira e site do Teatro Viriato e na BOL. 

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