A enérgica tranquilidade de Toro y Moi ao vivo
Passados cerca de quatro anos, Toro y Moi voltaram a actuar em Portugal, desta vez para dar inicio à tour europeia de apresentação do seu novo disco, Outer Peace. O concerto exclusivo com o cunho Gig Club decorreu numa noite quente de primavera, condizente com a energia deste novo trabalho da banda.
O espaço Lisboa ao Vivo (LAV) começou por, meio cheio, nos dar a conhecer Erika de Casier, num estilo descontraído e simplista. O público não vibrou durante a apresentação das primeiras canções, como “What u Wanna Do?”, mas a dinamarquesa acabou por ir conseguindo convencer durante a lo-fi “Do My Thing”, fácil de acompanhar musicalmente, enquanto o vídeo de uma saída nocturna da artista era projectado. A pequena prestação da artista terminou com “Intimate”, uma faixa de registo descontraído que deixou o palco livre para a banda da noite.
Os poucos minutos de preparação para a entrada de Toro y Moi serviram para a sala se compor e para que os poucos que ainda se encontravam sentados no piso de cima se começassem a levantar para a banda. As luzes finalmente apagam-se e as primeiras notas do baixo e das teclas recomeçam a noite. O vocalista Chazwick Bear, ao comando do sintetizador, fez-se acompanhar nas teclas por Anthony Ferraro, no baixo por Patrick Jeffords e Andy Woodward na percussão. A introdução de “Mirage” começa e, adequadamente, Chaz canta o primeiro verso — “I just want everybody to have a good time, I really do” — o que nunca é um mau presságio. O público que ainda podia não estar convencido, com o reconhecimento de “No Show” e a interacção do vocalista com a plateia, rapidamente se entusiasmou.
E à terceira música, “Ordinary Pleasure”, a primeira do novo álbum a ser apresentada, já não havia volta a dar e estávamos convencidos, tanto pelas danças simplistas de Chaz, que sempre soube como ocupar o palco e contagiar os ouvintes, como pelo facto de o refrão ter sido acompanhado e dançado por grande parte dos presentes. O registo animado continuou com “Still Sound” a puxar à dança e “Grown Up Calls”, com o teclista Anthony Ferraro a acompanhar na voz.
As posições dos elementos da banda mudam para “Monte Carlo”, com o baixista Patrick Jeffords a ocupar o local de Chaz no sintetizador, que o liberta para ocupar o palco enquanto canta uma versão curta de uma das músicas mais aplaudidas da noite. A banda, já nos lugares iniciais, estava em perfeita sintonia durante “Labyrinth”, proporcionando um agradável momento de cumplicidade. A energia do vocalista em “Fading” foi perfeitamente acompanhada pela banda. O final impecável surpreende o público com o timing perfeito da nota final em sintonia com o espetáculo de luz e com a atuação do vocalista, demonstrando a experiência de Toro y Moi nos espetáculos ao vivo: a banda não desilude.
“Girl Like You” foi tocada sob um mar de luzes azuis apropriado à reflexão e ao ritmo mais calmo. Contudo, este ambiente durou pouco, pois “Who I Am” rapidamente nos trouxe tons quentes e energia que parecia não acabar, com um trabalho de sintetizador por parte do vocalista que agradou, sendo uma das músicas mais mexidas da noite, acompanhada por uma dança selvática tanto em palco, como fora dele. “50/50”, com nova troca de posição do baixista, que passa para o sintetizador, acalma as hostes com mais um momento calmo, em que parte da faixa é cantada de joelhos por Chaz. Segue-se “So Many Details”, onde o vocalista se aproxima e agradece à plateia por entre os fumos e as cores mistas do palco. É durante “Say That” — uma das mais esperadas da noite — que o vocalista corre no fosso que separa a plateia do palco, cumprimentando os fãs que se encontram na frente, sendo um dos momentos a recordar da noite.
“New House” e “Baby Drive it Down” são novamente momentos calmos, em que a banda é apresentada e são pedidas as merecidas ovações para todos os elementos. Em “Freelance”, o público entoa a melodia freneticamente, roubando sorrisos à banda que sabe que só pode estar a fazer um bom trabalho esta noite. Durante “New Beat”, começamos a entender que o final se aproxima, com o vocalista a despedir-se. “Rose Quartz” fecha a noite, com um agradecimento e a promessa de voltar. O palco é abandonado e o público pede entusiasticamente um encore, mas infelizmente tal não aconteceu.
Os Toro y Moi mostraram mais uma vez que experiência em espectáculos ao vivo parece sobejar. A alternância entre faixas mais tranquilas e a energia conhecida do vocalista, quando necessária, proporcionou um espectáculo infalível. A qualidade do concerto em Lisboa foi um bom presságio para o que se seguiria, no Porto.