Entrevista. Gator, The Alligator: “Vamos fazer a primeira tour europeia, era um dos objetivos da banda desde início”
Gator, The Alligator é o alter-ego de Eduardo da Floresta, Ricardo Tomé, Filipe Ferreira e Tiago Martins. O grupo musical, oriundo de Barcelos, regista o seu nascimento a 31 de outubro de 2017, assumindo o garage psych rock como estilo musical. Após um ano, o jacaré deu os seus primeiros passos com o “Life is Boring” – a representação de situações, acontecimentos e emoções de um dia na vida do Gator. O medo, o amor, a raiva e o aborrecimento são emoções, para o coletivo, que acabam sempre por voltar a ser experienciadas – “o que as torna previsíveis”. Em entrevista à banda barcelense dão a conhecer o nascimento do jacaré hiperativo que os representa, o fio artístico condutor do “Life is Boring” e o novo mundo repleto de desafios que se aproxima de Gator, The Alligator, já no início deste ano.
De onde surge Gator, The Alligator?
A banda formou-se pela necessidade que tínhamos em tocar. Os projetos em que estávamos envolvidos anteriormente ou tinham acabado ou estavam a estagnar, o que nos levou a reunir para uma jam. Dessa jam foi de onde surgiu aquilo que mais tarde se tornaria a “Sanity”, uma das músicas que acabou por fazer parte do “Life is Boring”. Acabamos por sair daí com vontade de a repetir, porque as nossas sonoridades acabaram por se ligar muito bem.
Como se conheceram os elementos da banda?
Conhecemo-nos no secundário, onde ao longo dos anos acabamos por nos encontrar em diferentes turmas…
De que forma descreveriam o vosso inicial entendimento musical?
Bem, como já tínhamos outros projetos musicais, existia já as nossas formas de abordar a música. Por isso, foi uma questão de encontrar a nossa sonoridade que se representa naquilo que os quatro queríamos: um som forte, eletrizante, versátil e que nos desse a oportunidade e liberdade de explorar tudo aquilo que quiséssemos explorar.
Consideram que existiu algum momento de impulso para Gator, The Alligator?
Provalmente o momento que mais nos impulsionou, na fase inicial da banda, foi mesmo o primeiro concerto. Ao fim de três ou quatro dessas jams que fizemos surgiu-nos a oportunidade de dar o nosso primeiro concerto. Desde esse convite, até ao dia do concerto, existia o espaço de duas semanas… Nós ainda não tínhamos músicas, o que se revelou um desafio interessante para nós: seria possível criamos um set para tocar ao vivo em duas semanas? Acabamos por cumprir o objetivo e conseguimos quatro músicas para esse concerto. Essas músicas também acabaram por integrar o álbum após sofrerem algumas alterações.
Durante este ano, quantos espetáculos Gator, The Alligator realizou?
Durante o ano de 2019 demos 37 concertos, divididos em quatro tours diferentes.
Relativamente ao nome do grupo, quem é “Gator, The Alligator”? Trata-se de algum tipo de personificação ou de uma personagem criada que, em certa parte, vos representa?
O Gator é o nosso alter ego enquanto banda. É a personagem que nos representa aos quatro e que conta as histórias que nós queremos transmitir. É o símbolo daquele que é o nosso som e o nosso mundo enquanto artistas.
O “Life is Boring”, lançado a 31 de outubro de 2018, assume como temática “a repetição de acontecimentos e emoções durante todo o período da nossa vida, tornando-a, por vezes, previsível”. Que acontecimentos e emoções quotidianas são estas que exploram nas vossas músicas?
O “Life is Boring” representa situações, acontecimentos e emoções de um dia na vida do Gator; situações comuns, pelas quais todos nós passamos e que, inevitavelmente, se irão repetir com o passar do tempo. O medo, o amor, a raiva e o aborrecimento são emoções que acabam sempre por voltar a ser experienciadas, o que as tornam previsíveis. Não é um comentário positivo, nem negativo em relação a esse aspeto da vida, apenas uma observação.
Acham que conseguiram, através do álbum, transparecer e transportar essa mesma repetição de acontecimentos e emoções nas faixas?
Sim. Um dos objetivos que tínhamos era conseguir transmitir um pouco dessas emoções, quer fosse pela velocidade ou pela intensidade que aplicavamos nas músicas. Achamos que conseguimos transmitir isso.
O álbum procura, em algum momento, criticar aspetos da sociedade atual?
O “Life is Boring” acaba por, de certa forma, criticar a conformidade e a aceitação cega representada em acontecimentos específicos na vida do Gator, mas que também acabam por espelhar a sociedade – na sua inércia e falta de reação.
Se tivessem que nomear uma faixa sobre o qual sentiram maior dificuldade em produzir e/ou gravar, qual seria?
O processo de criação foi bastante fluído e o álbum foi quase todo gravado a um take basicamente. Por isso, as músicas acabaram por passar todas pelo mesmo processo. Algumas levaram mais tempo a compor do que outras, mas nenhuma se sobressai como sendo a mais difícil.
Referem ainda que o “Life is Boring” é um “ponto de partida para o futuro” e “para os dias que virão”. Do que se trata esta previsão?
O “Life is Boring” foi o nosso primeiro lançamento que apresentou o nosso som e que mostrou um pouco daquilo que queríamos mostrar enquanto banda. É um “ponto de partida para o futuro” por marcar exatamente esse primeiro passo que demos, e quem sabe, pode mais tarde vir a ter influência em outros projetos…
É justo, então, afirmar que este projeto de 2018 é o primeiro passo do “baby Gator”. Que mais podemos esperar de Gator, The Alligator para o início do novo ano que se aproxima?
Em 2020, vamos fazer a nossa primeira tour europeia, algo que era um dos objetivos da banda desde início. Vamos lançar também um álbum novo, em princípio, em Março, e com isso entramos numa nova fase e também num novo mundo com o Gator.
Entrevista de Rafael Oliveira