Salas de cinema pedem apoio ao Governo português
Numa carta aberta dirigida ao Ministério da Cultura e ao Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), a Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas (APEC) fez um apelo por “medidas que evitem a progressiva fragilização económica das empresas ou até mesmo o incumprimento das suas obrigações sociais, patrimoniais e fiscais”.
Em declarações à agência Lusa, avançadas pelo Público, Lima de Carvalho explicou que o impacto do encerramento temporário das salas de cinema, devido à pandemia por Covid-19, está a ser “incomportável“. O secretário-geral da APEC avança que “as empresas estão preocupadíssimas com a situação, porque a única fonte de receita é a exibição, a publicidade e, eventualmente, a ajuda de outros serviços, como é o caso das pipocas e refrigerantes”.
Sem especificar que medidas em concreto propõe para colmatar a situação, Lima de Carvalho referiu apenas que “o que se pede é apoio”. O objetivo passa por “uma solicitação genérica e um alerta para a situação das salas de cinema nesta emergência”. Ainda assim, o secretário-geral da APEC esclarece que, neste momento, não estão em risco nem os postos de trabalho nem os salários dos cerca de dois mil trabalhadores do setor.
No entanto, a situação poderá alterar-se com o avançar do estado de emergência. “Com o encerramento, os cinemas não têm qualquer fonte de onde lhes provenha qualquer tipo de receita para enfrentar esta situação”, disse Lima de Carvalho, para alertar também que “os operadores continuam com custos altíssimos e incomportáveis”. São 3 milhões de euros gastos em pagamento de rendas e salários.
A Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas representa a maioria das exibidoras em território nacional, com cerca de 450 das 583 salas de cinemas em Portugal. A APEC representa as exibidoras NOS Cinemas (219 salas), Cineplace (85 salas), Cinema City (46 salas), UCI (45 salas) e Socorama (31 salas). De acordo com o ICA, a exibição comercial de cinema gerou no ano passado cerca de 83 milhões de euros.
Por decisão do Instituto do Cinema e do Audiovisual, os exibidores deixam, temporariamente, de reter 7,5% do preço de venda ao público dos bilhetes de cinema, visto que a rede de exibição comercial está praticamente paralisada. Mas Lima de Carvalho afirma que esta é “uma medida inútil, porque não havendo receita não há nada a reter”.
Sem perspetivas de mudança
Com dezenas de países sob estado de emergência devido à pandemia global de coronavírus, o setor da cultura é visto como um dos mais prejudicados. O sindicado do setor do entretenimento nos Estados Unidos estima pelo menos 120 mil despedimentos na indústria do cinema e televisão. Em Portugal, tanto o cinema como o teatro e a música são áreas da sociedade fortemente afetadas pela ausência decretada de ajuntamentos.
Este mês, todas as salas de cinema foram obrigadas a encerrar ao público, depois de o Governo declarar o estado de alerta, que mais tarde passaria a estado de emergência, como forma de conter a propagação do vírus. Segundo Lima de Carvalho, a Festa do Cinema deste ano deverá ser adiada de maio para outubro, em data a anunciar.
Artigo escrito por Paulo Ricardo Pereira e originalmente publicado em Espalha Factos.