“Qual é o nosso lugar no Universo”, primeiro livro do astrofísico David Sobral, leva-nos numa viagem pelo Universo

por Bernardo Albuquerque Nogueira,    29 Setembro, 2022
“Qual é o nosso lugar no Universo”, primeiro livro do astrofísico David Sobral, leva-nos numa viagem pelo Universo
“Qual é o nosso lugar no Universo”, o primeiro livro do astrofísico David Sobral (capa do livro)

“Qual é o nosso lugar no Universo?” é o primeiro livro de comunicação de ciência de David Sobral, astrónomo e astrofísico português e professor na Universidade de Lancaster, no Reino Unido.

O livro, publicado em Maio de 2022 pela Planeta, é um dos raros exemplos de literatura científica dirigido ao público generalista escrito por um cientista português e destaca-se pela capacidade de nos fazer compreender de forma simples mas altamente eficaz alguns dos fenómenos mais interessantes da astrofísica e da astronomia. Adicionalmente, o primeiro livro generalista de David Sobral transporta-nos para o dia-a-dia de um cientista de uma forma magistral, fazendo-nos compreender de que forma se celebram os pequenos grandes feitos a nível científico, mas também a perceber as dificuldades inerentes à carreira científica, tanto em Portugal como no meio da comunidade internacional.

David Sobral, é licenciado em Física pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e concluiu o seu doutoramento em Astrofísica em 2011, pela Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. Apesar da sua ainda curta carreira, David Sobral é já um dos cientistas mais respeitados na sua área internacionalmente e, sem dúvida, um dos mais prestigiados cientistas portugueses da atualidade. Por isso, este livro trata-se de um acontecimento raro, onde um reputado jovem cientista português decide partilhar connosco a sua experiência numa área tão interessante quanto a ciência que estuda o Universo (ou a nossa compreensão dele), mas também a sua visão sobre a ciência num sentido mais lato.

David Sobral, astrónomo e astrofísico português e professor na Universidade de Lancaster / DR

Contudo, não é só a raridade que faz com que este livro seja um impar na literatura de divulgação científica. A forma como David Sobral nos consegue colocar nos seus sapatos, faz com que a leitura deste livro se transforme numa viagem aos limites do conhecimento científico atual, ao mesmo tempo que nos é dado a provar as frustrações (e não são poucas!) de um cientista nos dias que correm, mas também da ilusão de contribuir para o conhecimento científico da humanidade e o prazer de ver isso acontecer. David Sobral dá-nos ainda uma lição sobre alguns dos mitos urbanos que, apesar de terem sido já totalmente descredibilizados pela ciência, continuam a ter um impacto significativo na vida de muitos, como é a questão dos signos astrológicos, fazendo-nos compreender muitas questões do céu que temos por cima de nós e que tantas vezes ignoramos.

Finalmente, David Sobral presenteia-nos com a sua visão sobre o ensino científico atual, que poderá (e deverá!) servir para uma profunda reflexão no meio educacional português. Na visão do autor, a lógica dogmática da educação científica dos dias que correm deve ser substituída pela aprendizagem do método científico moderno e na apresentação dos principais questões científicas que continuam por resolver (“Estaremos sozinhos no Universo?, O que existe para além da Terra? O Universo é infinito? …”), de forma a melhor cativar o interesse dos jovens pela ciência, quer estes decidam ou não encarrilhar por uma carreira científica. Esta visão do ensino científico não é totalmente inovadora (basta lembrar o exemplo de Carl Sagan, que há 40 já defendia este tipo de metodologia pedagógica), mas dadas as poucas alterações feitas nesse sentido no país, a proposta agora apresentada por David Sobral mantém-se inteiramente atual. Dada a sua a experiência internacional e a relevância científica, valerá certamente a pena pensar no que é proposto neste livro para melhorar a ciência em Portugal.

Esperamos que este livro possa ter um impacto positivo em todos aqueles que se interessam por ciência em Portugal e que seja apenas o primeiro de muitos.

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