Filmes que vimos em 2017 e que vão dar que falar em 2018
O último filme do ano, mas um dos primeiros de 2017. Portanto, quase um ano inteiro com vontade de rever Call Me By Your Name – descobrimo-lo na Berlinale, em fevereiro passado – esse pedaço da vida romântica de um rapaz que cresce em ambição para abordar um bocadinho de tudo. Seja o significado das paixões do verão, a captura daqueles momentos que contam, sempre com uma sensualidade desarmante do autor de Eu Sou o Amor.
Curiosamente, o primeiro filme que vimos em 2018 foi Lady Bird, da Greta Gerwig, outro dos queridinhos da saison dos prémios. A outra surpresa é que mantém com Call Me um diálogo muito próximo com essa travessia estranha da adolescência. E não apenas por registar um novo registo desse enorme talento chamado Timothee Chalamet. Sim, já um dos grandes filmes do ano.
Mas há tantos outros que irão deixar a sua marca em 2018. Muitos deles que tivemos oportunidade de ver no périplo festivaleiro, em particular pelos três grandes, Berlim, Cannes e Veneza. Desde logo, com a pujança de Samuel Maoz, uma das vozes discordantes do cinema israelita a confirmar o valor seguro com o coeso Foxtrot, na “dança em que se regressa sempre ao mesmo lugar”, nesse conto sobre o regime militar e a perda. Num registo semelhante, o alemão Robert Schwentke acorda os fantasmas do pesadelo nazi para uma história macabra, mas verídica, em O Capitão (produzido por Paulo Branco), sobre a barbárie infligida aos desertores alemães nos derradeiros dias antes da capitulação.
Numa altura em que o assédio se tornou no tema mais quente do ano, Três Cartazes à Beira da Estrada propõe uma visão inesperada sobre o problema, embora no maus irreverente tom de comédia, bem ao estilo de Martin McDonah e que deverá considerar Frances McDormand como uma das atrizes do ano. Outra candidata reside na narrativa de A Forma da Água, com uma Sally Hawkins suprema nesse romance com o monstro de Guillermo del Toro. Romance é o que transborda do novo Kechiche, que nos ensina que o poder da sedução é também uma espécie de ‘destino’ em Mektoub, Meu Amor.
E há ainda o regresso saudado de Paul Schrader com um dos melhores filmes de Veneza, em que um Ethan Hawke no seu melhor assume o padre renitente, em First Reformed, preparado para a redenção. Ou Sean Baker a aproximar-se do playground Disney para nos oferecer o seu antípoda numa das revelações do ano, chamada Brooklynn Prince, em The Florida Project. Ou, finalmente, outro dos filmes do ano (2017 ou 2018), com a francesa Angés Varda a embarcar no mais fascinante e confessional road movie, em Visages Villages co-dirigido e em parceria com o fotógrafo JR a construirem murais de seres anónimos.
Quando forem divulgados no finalistas às nomeações dos Óscares, o novo filme de Spielberg, The Post, terá lugar cativo em várias secções, sobre os Papéis do Pentágono, onde sucessivos presidentes esconderam do povo americano a impossibilidade de vitória no conflito do Vietname. No fundo, uma espécie de prequela a Os Homens do Presidente. Outro forte candidato será A Hora Mais Negra, do virtuoso Joe Wright, sobre os dias que abalaram a Europa, retratando a entrada em cena de Winston Churchill. Aqui, uma espécie de bastidores da ação evocada Dunkirk, de Chris Nolan.
Estes, e outros também, são todos a não perder.
Os melhores filmes de 2017 que veremos em 2018
- Chama-me Pelo Teu Nome, Luca Guadagnino
- Lady Bird, Greta Gerwig
- Foxtrot, Samuel Maoz
- Três Cartazes à Beira da Estrada, Martin McDonah
- O Capitão, Robert Schwentke
- Visages Villages, Agnès Varda
- The Florida Project, Sean Baker
- A Forma da Água, Guillermo del Toro
- Mektoub, My Love, Abdellatif Kechiche
- First Reformed, Paul Schrader
- The Post, Steven Spielberg
- The Darkest Hour
https://www.youtube.com/watch?v=QkJ5H_LnRTY
(artigo escrito por Paulo Portugal em parceria com Insider.pt)