Não nos esquecemos de Alek Rein e ele não se esquece de nós
Aos 6 anos, Alexandre Rendeiro trocou Nova Jérsia por Portugal. Mais tarde, tudo começa com as cantigas de Syd Barret e Made In Japan, dos Deep Purple. Depois quis a bateria, porém, para não arranjar problemas com a vizinhança, os pais ofereceram-lhe a guitarra. Foi com ela que se tornou Alek Rein e deu-se a conhecer através do EP, Gemini. Já se passaram dois anos desde a edição de Mirror Lane, mas o primeiro longa-duração de Alek Rein continua a ecoar nas nossas cabeças. Uma das muitas razões para reencontrá-lo, dia 8 de Março, no pequeno auditório do CCB, onde se apresentará acompanhado pela sua banda e um convidado especial.
Desde a edição de Mirror Lane, em 2016, o que mudou em Alek Rein?
Experiências com várias pessoas à procura de alguém para ficar à responsabilidade da segunda guitarra e das backing vocals. As novas canções continuam a partir da guitarra e da voz, mas as explorações ao nível do strumming tornam-nas mais formatadas pela guitarra, no sentido em que o trabalho “guitarrístico” preenche e guia a canção ao nível rítmico e melódico.
Na canção “Magic Fiddle”, de Mirror Lane, falas no caminho de Alek para o “sol do Sul”, o que é que falta percorrer para lá chegar?
Pessoalmente, esse “sol do Sul” associo-o à tranquilidade e à vagareza de viver no Sul. O que é algo que me interessa e que tendo a romantizar na minha mente como hipótese futura, mas não por agora enquanto estiver comprometido com estes projectos.
Em 2010, Gemini e seis anos depois, Mirror Lane, quanto tempo vamos ter de esperar pelo próximo?
As novas canções estão em fase de arranjos para banda; a banda está em fase de transição de trio para quarteto. Assim que se assentarem as instrumentalizações para as novas canções marcamos estúdio e começamos a gravar.
Podemos esperar algo diferente de Alexandre Rendeiro, outro heterónimo ou a exploração de outras sonoridades?
Eu já exploro outras sonoridades, seja a tocar guitarra nos Acompanhantes de Luxo do Filipe Sambado ou baixo em Sun Blossoms. Quanto à questão da cantautoria, há já algum tempo que tenho investido num ortónimo que canta em português, mas as canções ainda não foram inscritas em qualquer formato.
O concerto de 8 de março tem um convidado surpresa. Podes revelar o convidado ou preferes guardar até à data?
Posso revelar: é o Filipe Sambado, que acabou por ser escolhido por se mostrar tecnicamente capaz e intimamente conhecedor das canções, pois foi com ele que gravámos o álbum Mirror Lane e é na sua sala de trabalho que ensaiamos, seja Alek Rein ou Sun Blossoms.
Será possível ouvir alguma canção nova neste concerto?
Sim.
Disseste numa entrevista à revista Sábado, que “a magia desapareceu (na música) e tudo isto ficou um bocado freak”. Achas que falta um pouco mais de Syd Barret ou Deep Purple nas novas gerações?
O que eu quis dizer foi que a magia de dar e assistir a um concerto pela primeira vez desapareceu, mas que a freakalhice dos dias de hoje dá frutos muito interessantes. Que o espírito aventureiro na cantautoria do Syd e a vitalidade explosiva dos Deep Purple continuam pertinentes, disso não tenho qualquer dúvida.