A sonoridade frenética dos Riding Pânico
Os Riding Pânico são uma das bandas portuguesas de culto, com vários anos de confirmação da sua qualidade. Recentemente editaram o seu novo álbum “Rabo de Cavalo”, uma frenética viagem pelo mundo do post-rock instrumental. No próximo dia 22 de Abril tocam no PARTY SLEEP REPEAT, um grande festival de música portuguesa de São João da Madeira.
Com a saída e entrada de diversos membros é também natural que as influências de cada um alterem a própria banda. Na vossa opinião há uma mudança de identidade musical ou os Riding Pânico continuam a ser os mesmos?
Há mudança sim, pelo factor tempo e por haverem membros novos que trazem o seu input criativo. No fundo o espírito mantém-se.
Têm alcançado um sucesso bastante positivo do ponto de vista da crítica em Portugal. O que falta aos Riding Pânico para se lançarem com mais força lá fora? É uma questão de vontade ou apenas uma escolha própria?
Acho que foi mais por falta de oportunidades e por disponibilidade de cada um. Mas estamos a planear uma tour para breve.
O novo sangue da banda vai buscar dois músicos de grande qualidade da nova vaga musical portuguesa. Na vossa perspectiva quais são as principais diferenças que se vivem na música portuguesa quando os Riding Pânico começaram e actualmente?
Talvez na altura houvesse menos comunicação entre músicos comparativamente com o que há hoje. A internet fez-nos conhecer mais projectos e músicos interessantes.
Os Riding Pânico são, a par de Linda Martini, uma das poucas bandas da fornada de If Lucy Fell, Men Eater, Adorno, etc, que ainda estão em actividade. O que é que vos continua a motivar no dia a dia enquanto banda? Que desafios é que querem ainda alcançar?
Todo o processo de tocar e compor para nós tem sido bastante satisfatório e acho que é mais isso que nos faz continuar. A nível de desafios talvez o de internacionalização seja o mais pretendido.
Portugal tem assistido nos últimos anos a um gigantesco aumento de público presente em concertos de todo o tipo, assim como de apoio à musica nacional. No vosso entender o que é que motivou esta enchente aos concertos?
Acho que é o buzz cultural que cada vez está mais forte, cada vez há mais bandas de qualidade no panorama nacional e através disso uma vaga crescente de público.
Vendem-se poucos discos, o conceito de single foi alterado. Vivemos numa era digital que expande a criação artística. De que forma é que gerem os vossos novos lançamentos? Seja o último álbum, merchandise, um videoclip ou single. Qual é a estratégia montada?
Ainda é bastante DIY. Vendemos muito merch e discos pelo facebook e internet e nos concertos. Temos alguma distribuição, mas não é onde temos mais vendas.
Que bandas em Portugal é que consideram que têm feito um bom trabalho nos últimos anos?
Bastantes. Capitão Fausto, Sensible Soccers, etc…
Existem já várias bandas nacionais onde se reconhece a influência de Riding Pânico (Quelle Dead Gazelle, Pista, La Flag). Se pudessem aconselhar as bandas mais jovens, que erros é que diriam para estas não cometerem?
Para insistirem e trabalharem regulamente na banda.
As 8 faixas do álbum “Rabo de Cavalo” simbolizam alguma mensagem especial? Existe uma conceptualidade por detrás de tudo ou são apenas músicas?
Nem por isso. Se soar bem, fica.
Em 2012 o realizador John Filipe usou a banda sonora de “Pop Santeiro” para a sua curta metragem “Unspoken Understanding”. Esta música está de alguma forma relacionada com esse momento?
Sim, Foi uma lembrança a esse projecto que alguns membros da banda tinham.
“Rabo de Cavalo” é um trabalho sólido e uma viagem pelo melhor do rock instrumental. Como é que caracterizam o vosso próprio álbum?
Não é muito fácil caracterizar o disco, pois foi feito em vários momentos e partes. Talvez o seu carácter advenha do vínculo de cada músico no disco e pelo facto de nos estarmos a conhecer musicalmente com a entrada dos novos músicos na banda.
Se os Riding Pânico musicassem um filme qual seria? (Não vale responder “Homem Elefante”).
Otto e Mezzo do Fellini.
No dia 22 de Abril tocam no Festival Party Sleep Repeat, um festival ligado à Luta contra o Cancro e a uma bela homenagem a Luís Lima. No fundo é uma das mais puras celebrações da música. O que é que sentem por estarem presentes neste momento?
Já ouvimos falar muito bem do festival e achamos que vai ser um óptimo momento. E claro, estamos muito gratos pelo convite.