Ano Agustina

por Comunidade Cultura e Arte,    16 Janeiro, 2018
Ano Agustina
Ilustração de Luisa Silva Gomes / CCA
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Não seria justo se a literatura portuguesa, daqui a uns séculos, não recordasse Agustina Bessa-Luís como uma das suas mais importantes marcas do século XX. A editora Relógio d’Água adquiriu os direitos de publicação da obra completa da autora – aos poucos, irá reeditá-la integralmente. A somar aos textos originais – incluindo inéditos – cada edição contará ainda com um prefácio, assinado por destacadas figuras da cena literária contemporânea: de António Lobo Antunes a Gonçalo M. Tavares, de Hélia Correia a Bruno Vieira Amaral.

Na estante das livrarias podem encontrar-se desde já A Sibila, Fanny Owen, O Mosteiro, Vale Abrãao, Deuses de Barro e Dentes de Rato – este último, livro escrito para os mais novos, com ilustrações da filha da autora, Mónica Baldaque. Os restantes títulos do catálogo seguir-se-ão, ao ritmo de um por mês, com o próximo a ser A Ronda da Noite.

A reedição da obra recentra a autora no actual panorama do mercado literário, com o cuidado e destaque que merece. Mas, para que os escritos de Agustina sobrevivam ao tempo, não basta que a obra seja publicada; é necessário que os seus livros sejam lidos pelas várias gerações, à luz da sensibilidade de cada tempo, por leitores tão diferentes quantas as leituras que se podem fazer dos seus textos.

A Comunidade Cultura e Arte tem todo o gosto em dar o seu contributo a esta causa literária e, por isso, vimos propôr-vos que, ao longo do ano de 2018, celebrem connosco o ‘Ano Agustina‘ – porque a Agustina é para hoje, e importa. Além do mais, queremos que o movimento de renascimento da sua obra ocorra ainda em tempo de vida da autora (que conta hoje com 95 anos de idade), não se deixando levar pelas vagas de romantismo póstumo que tantas vezes motivam estas acções.

Por isso, durante este ano, em cada um dos 12 meses do ano, publicaremos uma crítica a um dos livros de Agustina Bessa-Luís, do catálogo reeditado pela Relógio d’Água. Queremos propor-vos que, connosco, a leiam; que seja por vocês provada, experimentada, ao longo de 2018. A ordem das críticas não será feita segundo qualquer critério específico, e tentaremos também completá-los com mais alguns artigos retrospectivos, como por exemplo acerca da sua relação com o cinema de Manoel de Oliveira. Para além disso, estamos abertos às vossas sugestões. O projecto só pode sair enriquecido se também houver interesse da vossa parte em abordarmos o tema por outros ângulos, e contamos convosco para que também sugiram. Resta-nos esperar que se juntem a nós nesta exploração pela obra de uma das mais importantes escritoras portuguesas de sempre.

Livros já abordados:

Ano Agustina: o triângulo amoroso de ‘Fanny Owen’
Ano Agustina: ‘A Sibila’, uma proposta de humanidade
Ano Agustina: ‘Vale Abraão’, uma reescrita de ‘Madame Bovary’
Ano Agustina: as imponências religiosas, históricas e femininas de ‘O Mosteiro’
Ano Agustina: ‘O Manto’, ou as histórias que ficam por contar
Ano Agustina: ‘A Ronda da Noite’, um livro para se ler de frente ao espelho
Ano Agustina: ‘Deuses de Barro’ explora o antagonismo na vida rural
Ano Agustina: O messianismo narcisista d”Os Meninos de Ouro’
Ano Agustina: um combate chamado amor em ‘Ternos Guerreiros’
Ano Agustina: ‘Três Mulheres com Máscara de Ferro’, o encontro de três personagens do universo de Agustina Bessa-Luís
Ano Agustina: ‘Dentes de Rato’, uma viagem pela infância de Agustina Bessa-Luís

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