As Mulheres em Lisboa ou as Espias de Látex na Madrugada de 25 de Abril estreia na Culturgest

por Linda Formiga,    16 Setembro, 2022
As Mulheres em Lisboa ou as Espias de Látex na Madrugada de 25 de Abril estreia na Culturgest
As Mulheres em Lisboa ou as Espias de Látex na Madrugada de 25 de abril. Fotografia de Joana Linda
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Estreia hoje, na Culturgest, As Mulheres em Lisboa ou as Espias de Látex na Madrugada de 25 de abril de Maria Duarte. De 15 a 17 de setembro, pelas 19 horas, poderemos partilhar as afinidades que a encenadora tem com Agustina Bessa-Luís, que nos deixou em 2019. 

São quatro as obras de Agustina que dão o mote a cada um dos três actos. Começando com Crónica do Cruzado Osb (1976), em que se fala dos movimentos revolucionários, dos regimes, de sistemas contemporâneos e outros nem tanto assim, passa depois para um mini-acto inspirado pel’A Ronda da Noite (2006) e e para Concertos dos Flamengos (1993), onde se aborda o campo metafísico, a sexualidade e assuntos passionais. Termina com Antes do Degelo (2004), onde as personagens debitam, de forma pouca acelerada e como se abstraídas nos seus mundos, frases soltas sobre problemas fúteis, por vezes mal-humoradas.

As Mulheres em Lisboa ou as Espias de Látex na Madrugada de 25 de abril. Fotografia de Joana Linda

Os poucos mais de 90 minutos prestam homenagem à escritora, que nos deixou em 2019, através de 6 personagens que se vão movimentando no palco, numa luz baixa que faz com que os tons vibrantes dos adereços, das cabeleiras, dos lenços e das maquilhagens sobressaiam. Sempre em torno da mulher. Da mulher na política, em casa, no mundo. Há uma dose suficiente de citações, há o name-dropping que denota petulância de uma ou outra personagem, há imitações de sotaques que se podem considerar elitistas (mas mais ao jeito do novorriquismo), mas há, acima de tudo, humor. Humor como o que Agustina tecia, com a acutilância e com a mordacidade que lhes eram (e são) características. Nos interlúdios, os bancos onde os actores se sentam e movimentam (como se de uma trotinete se tratasse) parecem existir com e sem as personagens. Se na maior parte da duração da peça, as personagens se movimentam e rodopiam em cima dos seus bancos, momentos há em que os bancos andam sozinhos, encarreirados, como se o material existisse para além das dores metafísicas e banais do dia-a-dia.

Maria Duarte, encenadora, imprime na peça a sua formação em dança. A linguagem corporal dos actores (todos eles exímios) entrelaça-se com o texto, nas suas rebeldias, nas suas inclinações. De destacar também o fantástico desenho de luz de Miguel Cruz e os figurinos de Maria Duarte e Inês Reis Correia. 

Os bilhetes para o espetáculo custam entre 7€ (ver descontos) e 14€ e estão à venda na Culturgest e na Ticketline.

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