Beira Alta tem novo festival. Luca Argel, Mike El Nite ou Sopa de Pedra vão estar no Planalto

por Comunidade Cultura e Arte,    6 Maio, 2019
Beira Alta tem novo festival. Luca Argel, Mike El Nite ou Sopa de Pedra vão estar no Planalto
Mike El Nite em “Capacete/Arco-íris ft. Catarina Boto”
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O Planalto – Festival das Artes é de entrada é livre.

De 20 a 25 de Maio, a vila de Moimenta da Beira, em plena Beira Alta, entre as Serras de Leomil e da Lapa, recebe um evento pioneiro nas Artes Performativas, com uma programação de excelência. Nesta que é a sua 1.ª edição, durante 6 dias, mais de 30 eventos, divididos por 6 disciplinas artísticas acontecem em mais de 80 horas de programação.

Teatro, dança, cinema, música, exposições, performance, clubbing, workshop’s, conversas, palestras e aulas são as áreas artísticas ou do pensamento sobre a qual a programação desta edição se centrará e que tem como temas centrais da programação as palavras Construir e Integrar.

Com a principal intenção de promover a descentralização da cultura e da arte e de contribuir para desenvolver as mentalidades autocríticas da comunidade, o projecto é pensado e desenhado para ser implementado no interior norte de Portugal, inserido numa região, que demograficamente está banhada pelos rios Douro, Távora, Varosa e Paiva. Moimenta da Beira é a pequena vila do interior norte beirão, no distrito de Viseu, que receberá este projecto que se quer alargado e amplo nas suas frentes programáticas e relacionais com toda a região envolvente.

Com direcção artística e de programação de Luís André Sá, o projecto “nasce de uma vontade pessoal e urgente de colmatar uma das enormes desertificações que acontecem nestes territórios interiorizados. Para lá da cabal desertificação de pessoas, a desertificação cultural que proíbe estes territórios de se afirmarem e criarem ou recriarem as suas identidades para um mundo global e contemporâneo em que vivemos”, disse.

Os espaços convencionais dos Teatros, Museus, Galerias, discotecas e outros espaços culturais dão lugar aos jardins públicos, a aulas nos prados e vales da Serra de Leomil, a exposições em antigos espaços comerciais, a espectáculos numa blackbox improvisada no pavilhão da Escola Secundária local, aos edifícios históricos fechados ao público onde se conversará sobre temas fraturantes do mundo de hoje, à biblioteca municipal onde se pensará a ideia de estarmos sós, ao espaço do mercado municipal que virará pista de dança com pesos pesados da cena clubbing nacional e internacional, até às escolas primárias, secundária, ou mesmo, um workshop para maiores de 55 anos num centro de dia.

Um planalto artístico para promover a democratização do acesso à cultura em regiões interiorizadas, com mais de três dezenas de propostas, todas elas de entrada livre.

Nesta primeira edição integram a programação artistas consagrados e premiados e artistas emergentes que procuram lugares para a consolidação das suas carreiras. E que, segundo o director artístico, “quer no futuro ser ainda mais essa mostra de artes que é, simultaneamente, uma montra de projectos que poderão aqui crescer e/ ou nascer para depois seguirem para circulação pelos diversos espaços programáticos nacionais e internacionais.”

Na programação desta edição constam nomes como o do cantautor brasileiro Luca Argel, que vem apresentar o seu último álbum “Conversas de Fila”, a coreógrafa e performer Sónia Baptista, com um projecto sobre o acto de estar só, em dose dupla a cineasta Leonor Teles, vencedora de um Urso de Urso na Berlinale (Berlim), o promissor realizador de “Infância, Juventude, Adolescência”, Rúben Gonçalves. Duas performances em formato work in progress da brasileira Nina Giovelli e Marta Ramos, que apresentam “Bocuda” e “A body that hides also stands”, respectivamente. O bailarino e coreógrafo Francisco Camacho, que apresentará um dos solos mais icónicos da curta historia da nova dança portuguesa, “ Rei no Exílio – remake”. Joacine Katar Moreira, chega para remontar “Descolonizaaaaarte!”, a importante conferência em torno das ideias do colonialismo e do racismo, que criou e apresentou em Março passado inserida na programação da Boca – Bienal de Artes Contemporâneas. A 23 de Maio, Miguel Bonneville, traz “MB#6” (2008), que integra um dos seus ciclos de espectáculos autobiográficos, este sobre um profundo encontro entre diversas identidades. O coreógrafo português Rafael Alvarez convida o bailarino japonês, Yuta Ishikawa, e apresentam em pós-estreia nacional o dueto “Na onda da distância”. No penúltimo e último dia de festival, Sara Anjo, apresenta o seu último projecto para crianças em dupla sessão. A primeira no Agrupamento de 1º Ciclo, e a segunda aberta a famílias e público em geral. A 25 de Maio, é a vez das Sopa de Pedra, projecto a 10 vozes femininas de cantares tradicionais “a cappella”, tornando-se uma das melhores revelações dos últimos anos na música portuguesa. Para o público mais jovem, na primeira noite de encerramento do festival o rapper justiceiro, Mike El Nite, que traz o seu último álbum “Inter-missão”, seguido de dois nomes de peso da Enchufada (editora dos ex-Buraka Som Sistema), Progressivu e Dotorado PRO. No último dia, o Planalto – Festival das Artes encerra em festa com três blocos centrais da editora lisboeta Príncipe: Dj Nigga Fox, Nídia e Dj Narciso. Entre muitas outras propostas, focadas na importante parte formativa do projecto Planalto com aulas e workshops, onde constam nomes como Leonor Barata, Mário Afonso, David Marques, Romulus Neagu, entre outros.

O Planalto nasce em 2019 com uma missão muito definida. Associando as temáticas da educação pela arte e da formação de públicos como pilares vitais para a sobrevivência do projecto no seu futuro. Expandindo a curto prazo a vontade de alargar o projecto a regiões fronteiriças, quadruplicando assim o território de actuação e triplicando a população-alvo.

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