Cada lisboeta fez em média seis atividades culturais por ano, segundo um estudo

por Lusa,    14 Setembro, 2023
Cada lisboeta fez em média seis atividades culturais por ano, segundo um estudo
Fotografia de Zalfa Imani / Unsplash
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Os residentes da Grande Lisboa fizeram em média pouco mais de seis atividades culturais no espaço de um ano, tendo a maioria apontado a falta de tempo e dinheiro como principais obstáculos a uma maior fruição cultural, revela hoje um estudo.

Estas conclusões constam do estudo de públicos “O consumo cultural e artístico na região de Lisboa” — sobre os comportamentos de consumo de cultura e arte naquela região —, conduzido, ao longo de 10 meses, pela Return On Ideas, hoje apresentado pelo Centro Cultural de Belém (CCB).

O trabalho de investigação teve por base um inquérito (realizado entre 22 de dezembro de 2022 e 17 de janeiro de 2023) a uma amostra de consumidores de cultura e arte, composta por 806 pessoas, que nos 12 meses anteriores tenham visitado ou assistido a pelo menos “um evento cultural ou artístico” na região de Lisboa. 

O resultado demonstra que o número médio de eventos culturais consumidos durante esse período se situou nos 6,3, ou seja, cerca de um evento a cada dois meses.

Distribuídos por segmentos, verifica-se que 8% assistiram apenas a um, 33% assistiram a dois ou três, 38% assistiram a entre quatro e nove, e 21% assistiam a 10 ou mais eventos.

O estudo indica ainda que a frequência de eventos culturais aumenta com o avançar da idade e que o cinema (74%) e a visita a museus (58%) são as atividades com maior procura, logo seguidos pelos concertos de música pop ou rock (49%) e pelos espetáculos de teatro (39%), bem acima da dança (16%), da música clássica (14%) e da ópera (5%).

Quanto aos espaços culturais ou artísticos mais visitados, destaca-se, em primeiro lugar, o Altice Arena (39%), seguido da Fundação Calouste Gulbenkian (25%), do CCB (22%) e do Campo Pequeno (22%).

No final da tabela encontram-se o Museu Coleção Berardo, o Teatro Maria Matos e a Cordoaria Nacional (todos com uma média de visita de 9%), o Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu do Oriente (ambos com 8%).

Os inquiridos revelaram, contudo, descontentamento em relação ao tempo gasto nestas atividades, com 54% a afirmarem que “gostariam de ir mais vezes”, 22% a admitirem que “até iriam mais vezes”, mas que acabam por “ter programas alternativos mais interessantes”, e apenas 23% a declararem-se satisfeitos com a quantidade de eventos a que assistem.

O estudo deixa bastante claro que as duas grandes barreiras ao consumo cultural e artístico são a falta de tempo e a falta de dinheiro. Quando questionados sobre os aspetos que os impedem de consumir a cultura e arte que desejariam, 73% dos inquiridos referem a falta de dinheiro e 63% a falta de tempo”, esta última menos significativa nos segmentos com mais de 55 anos, lê-se no estudo.

Assumindo que o consumo de cultura e arte é uma forma de lazer e ocupação de tempos livres, o inquérito procurou saber a que é que as pessoas tendem a dar prioridade quando escolhem as atividades para ocupar os tempos livres.

O resultado é que o principal objetivo é “desligar e descansar” (para 43% da amostra) e procurar o “equilíbrio e o bem estar físico e mental” (38%).

Além disso, os fins de semana revelaram-se os períodos em que as pessoas mais procuram “estar com”, seja através da aproximação da família (42%), da sociabilização (29%) ou da diversão (24%).

A procura de enriquecimento e desenvolvimento pessoal, motivação basilar para o consumo cultural e artístico, é referida por apenas 17% dos inquiridos durante a semana e 13% ao fim de semana”, especifica o estudo.

Ainda no que respeita à ocupação dos tempos livros, conclui-se que as atividades realizadas em casa são “claramente dominantes” e que as atividades de exterior, em modo social ou de prática desportiva, têm também uma elevada relevância, ao passo que as atividades de consumo cultural são “significativamente menos frequentes”.

Assim, verificou-se que o que a maioria faz com mais frequência é navegar na internet e nas redes sociais (53%), ouvir música (50%), ver filmes, séries e documentários (41%) e ver programas de televisão (31%).

Há também uma grande procura de refeições com familiares ou amigos (31% com muita frequência e 50% com alguma frequência), passeios ao ar livre (28% e 50%) e prática de desporto (20% e 32%).

Quando questionados sobre o que representa a cultura e a arte, a maioria (54%) considerou ser “fonte de conhecimento”, enquanto os restantes classificaram-nas como “estilo de vida” (17%), “fonte de entretenimento” (13%) e “fonte de inspiração” (10%).

O que mais motiva os inquiridos na sua relação com a cultura e a arte é o interesse próprio (60%), a família ou o parceiro (56%) e os amigos (41%), revela também o estudo, indicando que a adolescência (53%) e o início da idade adulta (41%) foram os períodos mais determinantes para desenvolver um relacionamento com a cultura e a arte.

Quanto ao perfil do consumidor, o estudo demonstra que na maioria dos casos (63%) se trata de alguém que não gosta de arriscar e prefere saber ao que vai, e quase todos preferem ir com companhia, sendo que 50% nunca vão sozinhos.

Relativamente à satisfação com a oferta cultural, os resultados do inquérito são positivos, indicando que 26% concordam totalmente que esta oferta em Lisboa é “completa e satisfatória”, e 55% concordam parcialmente com esta ideia.

A parte final do estudo procurou saber como os inquiridos tomam conhecimento das atividades culturais disponíveis, tendo concluído que 38% as procuram ativamente, outros 38% reagem a estímulos através da comunicação e 24% tomam conhecimento através do convite de alguém.

Os meios de divulgação de oferta cultural mais procurados são as redes sociais (52%), a comunicação social (50%), amigos ou familiares (47%), as pesquisas ‘online’ (43%) e a comunicação de rua (43%).

Segundo o presidente do Conselho de Administração do CCB, Elísio Summavielle, a realização deste estudo surgiu da necessidade de refletir sobre o posicionamento e a atividade do CCB, constituindo-se, assim, como “uma ferramenta relevante para dar forma às propostas e ações do CCB”, mas também para servir outras organizações e pessoas, que dele possam tirar proveito.

Hoje conhecemos melhor o perfil, as expectativas e os padrões de consumo de quem nos visita, e as conclusões e recomendações desta análise estratégica definirão algumas das linhas de ação do CCB nos próximos anos”, acrescentou.

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