Centro de Arte Moderna da Gulbenkian remodelado abre ao público em setembro

por Lusa,    22 Fevereiro, 2024
Centro de Arte Moderna da Gulbenkian remodelado abre ao público em setembro
Fundação Calouste Gulbenkian (via Facebook da Fundação)
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O Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, abre ao público a 20 de setembro, com várias exposições e um programa de artes performativas, após uma remodelação da autoria do arquiteto japonês Kengo Kuma, foi hoje anunciado. 

De acordo com a Fundação Calouste Gulbenkian, em comunicado, o renovado edifício do Centro de Arte Moderna (CAM) – um projeto do arquiteto Kengo Kuma, enquadrado pelo novo jardim desenhado pelo paisagista Vladimir Djurovic – irá reabrir portas ao público com um projeto da artista visual Leonor Antunes, a exposição “Linha de Maré” e uma outra dedicada ao artista Fernando Lemos (1926-2019).

Encerrado desde 2020, o CAM, inaugurado em 1983, alberga uma coleção com cerca de 12 mil obras de arte moderna e contemporânea, predominantemente portuguesa, que inclui também obras de artistas estrangeiros.

O programa de abertura, em setembro, incluirá a exposição “Linha de Maré”, que apresentará mais de 90 obras de diferentes tipologias artísticas – a maioria das quais inspiradas pelo 25 de Abril de 1974 – uma exposição do artista plástico, fotógrafo e ‘designer’ Fernando Lemos que mostrará a relação da sua obra com o Japão, bem como uma programação de artes performativas com a duração de três dias. 

O fim de semana de abertura terá um programa de eventos que inclui performances dos artistas japoneses Ryoko Sekiguchi e Samon Takahashi, e exposições de Go Watanabe e Yasuhiro Morinaga.

A exposição de Leonor Antunes será apresentada na galeria principal do CAM, “com uma instalação imersiva que responde à especificidade arquitetónica do edifício, num projeto intitulado ‘Da desigualdade constante dos dias de Leonor'”, que pretende “questionar a invisibilidade das mulheres no cânone da história da arte moderna”, como, por exemplo, o trabalho quase desconhecido de Sadie Speight, arquiteta e ‘designer’ britânica que contribuiu para o primeiro projeto de arquitetura do CAM, concebido na década de 1980. 

A exposição incluirá também obras da coleção do CAM de artistas mulheres, desde os anos 1960 até à atualidade, escolhidas por Leonor Antunes, “uma apresentação que dá início a uma nova forma de pensar e expor a coleção, convidando artistas para fazerem a curadoria das obras do seu acervo”, indicou a fundação.

Sobre este projeto, Leonor Antunes diz, citada no comunicado: “Aceitei o convite de Benjamin Weil para fazer uma curadoria da coleção do CAM em simultâneo com a exposição das minhas obras, que faz sentido à luz da minha prática e também pelo facto de poder estar rodeada de artistas que foram, e continuam a ser importantes para a minha formação enquanto artista”.

Benjamin Weil, diretor do CAM, também citado no comunicado, afirmou: “Queremos ser um interface entre os projetos artísticos mais ousados e um público diversificado. Sendo os jardins da Gulbenkian um local muito procurado, concebemos o CAM como um lugar onde as pessoas podem regressar vezes sem conta e incluir a experiência da arte na sua rotina, como fazem com um passeio no parque”.

A exposição do artista luso-brasileiro Fernando Lemos irá explorar a sua relação com o Japão nos anos 1960, quando o artista recebeu uma bolsa da Gulbenkian para estudar caligrafia japonesa e aprender técnicas de fotografia. 

Os seus desenhos e fotografias serão apresentados, a par de peças de outros artistas da coleção do CAM e de gravuras japonesas da Coleção do Museu Gulbenkian. 

Na sequência da aquisição de dois hectares de terreno para alargar o espaço da Gulbenkian para sul, o projeto de renovação do CAM cria uma zona de entrada na instituição, alterando o acesso ao edifício, que passa a fazer-se através de um novo jardim e de uma entrada pela Rua Marquês de Fronteira, indicou a Fundação. 

Kengo Kuma reimaginou completamente o anterior edifício de betão, da autoria do arquiteto britânico Leslie Martin, aumentando a sua transparência para sul e acrescentando-lhe uma pala de 100 metros de comprimento, com uma cobertura de grandes telhas de cerâmica brancas. 

O átrio transparente liga visualmente o novo jardim ao resto do espaço da Gulbenkian e uma nova galeria de mil metros quadrados acolherá exposições da coleção do CAM, estando ladeada por uma Sala de Desenho dedicada à apresentação da sua extensa coleção de obras sobre papel. 

Kengo Kuma trabalhou em colaboração com Vladimir Djurovic, de modo a integrar arquitetura e natureza, desenvolvendo a visão dos arquitetos portugueses Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto para o jardim preexistente, “no sentido de reflorestar os terrenos com vegetação autóctone”.

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