Cinema enquanto arma e retrospetiva de Jane Campion para ver no Batalha no Porto
O programa do Batalha Centro de Cinema para março e abril já está disponível. Destaque para o ciclo Se o Cinema é uma Arma, que celebra os valores de Abril, a retrospetiva dedicada à cineasta neozelandesa Jane Campion e o lançamento do livro dedicado à prática de cinema de João Salaviza e Renée Nader Messora.
Ecoando os valores da Revolução dos Cravos, o Batalha apresenta, entre 16 de março e 28 de abril, Se o Cinema é Uma Arma, um ciclo que aborda múltiplos gestos de luta e libertação através do cinema. Com curadoria de Fradique, Janaína Oliveira, Manuela Matos Monteiro e Rita Morais, o programa reúne um conjunto de obras que transcende fronteiras estéticas, culturais e geográficas para discutir ideais de justiça e igualdade.
A partir de 5 de abril, a obra de Jane Campion, uma das cineastas mais aclamadas da atualidade, estará em destaque na retrospetiva Jane Campion, Sem Cedências que se prolonga até 15 de junho. A sua filmografia, que inclui o reconhecido O Piano (1993), tem somado, ao longo de décadas, aplausos da crítica. A retrospetiva inclui todas as longas-metragens de Campion e a maioria das suas curtas — um conjunto de obras que ilustram o percurso pioneiro da cineasta e as suas complexas personagens femininas à margem da sociedade.
A 8 de abril, o programa Luas Novas destaca a obra de Rui Esperança, cujo cinema, marcadamente documental, se debruça sobre a adolescência e o início da idade adulta, fases de inúmeras dúvidas e decisões.
Tesouros do Arquivo, dedicado à descoberta de obras recentemente restauradas, apresenta The Lady from Constantinople (1969), de Judit Elek; Vie privée (1962), o filme de Louis Malle protagonizado por Brigitte Bardot e Marcello Mastroianni; duas obras de Sara Gómez, a primeira cineasta cubana a realizar uma longa-metragem e a única mulher (e negra, e feminista) com atividade no Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica (ICAIC); e Toute une nuit (1982), de Chantal Akerman.
Em março e abril, as Matinés do Cineclube continuam a recordar a Semana do Cinema Europeu, organizada durante a década de 90, exibindo filmes de Thomas Vinterberg, Krzysztof Kieślowski e Cynthia Beatt.
Já o programa Seleção Nacional, dedicado ao cinema português, foca-se no cinema de ficção científica com filmes amadores experimentais dos anos 60 e obras de Rita Figueiredo, Pedro M. Ruivo, Cristina Teixeira, Catarina Wallenstein e Felipe Bragança, e Sandro Aguilar. No dia 24 de abril, está prevista uma sessão de entrada gratuita com exemplos do denominado Cinema de Abril — produzido nos anos imediatos depois da revolução — apresentando filmes criados em coletivo nas cooperativas mais ativas no período revolucionário.
No Dia Mundial do Teatro, é apresentada uma sessão especial com All That Jazz (1979), um dos últimos filmes de Bob Fosse, o criador de vários sucessos da Broadway, incluindo Chicago — com a presença do encenador André e. Teodósio. Serão também assinalados o Dia Internacional da Pessoa Cigana e o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo.
As sessões para Famílias, inseridas no ciclo temático Se o Cinema é uma Arma, propõem a animação brasileira Tito e os Pássaros (2018), de Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto, e o clássico Os Quatrocentos Golpes (1959), de François Truffaut. Também a pensar nos mais novos, está prevista uma oficina de animação durante as férias da Páscoa orientada pela cineasta Laura Gonçalves.
A 13 de março, no mês em que estreia em Portugal A Flor do Buriti (2023), de João Salaviza e Renée Nader Messora, o Batalha lança a primeira publicação monográfica dedicada à prática de cinema da dupla de cineastas, com ensaios de Creuza Krahô, Jacques Lemière, Joana Pimenta, Justin Jaeckl, Paz Encina, Philippe Descola e Wellington Cançado, e Renata Marquez. Na sessão de lançamento do livro, será apresentado, em estreia, um vídeo-ensaio homónimo comissariado pelo Batalha, de Luísa Homem, Wellington Cançado e Renata Marquez, a partir do ensaio visual que Cançado e Marquez dedicaram à obra do duo.
Em março, o Batalha acolhe a 44.ª edição do Fantasporto, que vai apresentar em estreia nacional filmes oriundos de 30 países, e, em abril, o Porto Femme, que na sua 7.ª edição pretende refletir sobre as mulheres e revoluções.
A 16 de março, inaugura Na Faina do Argaço, de Mariana Vilanova, uma exposição que procura ligações entre rituais milenares — como a apanha do sargaço, valioso pelas suas propriedades terapêuticas e fertilizantes — e novos desenvolvimentos tecnológicos. A exposição, com uma visita guiada com a artista agendada para 27 de abril, poderá ser visitada até 19 de maio.
O programa completo está disponível no website do Batalha e os bilhetes para as sessões encontram-se à venda online e na bilheteira.