Comemorações dos 50 anos 25 de Abril evocam movimento sindical e partidário e Movimento dos Capitães

por Comunidade Cultura e Arte,    19 Janeiro, 2023
Comemorações dos 50 anos 25 de Abril evocam movimento sindical e partidário e Movimento dos Capitães
Fotografia de Cláudia Teixeira – Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril
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Em 2023, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril vai evocar o papel do mundo do trabalho e do movimento sindical independente e anticorporativo no combate à ditadura e assinalar momentos significativos na atuação das Oposições ao Estado Novo, bem como a constituição do Movimento dos Capitães.

Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva, afirma: “As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril vão decorrer até 2026. Cada ano vai focar-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia. O período inicial é dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, os três ‘D’ do Programa do MFA serão revisitados, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.”

O plano de atividades da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril para 2023 foi aprovado esta terça-feira pela Comissão Nacional, órgão presidido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

As iniciativas incluem exposições, colóquios, lançamento de obras literárias, concursos, projetos educativos e ações de formação, entre outros.

Serão também atribuídos apoios de €1,8 milhões a projetos que se enquadrem no âmbito das Comemorações, através de linhas concursais promovidas em parceria com a Direção-Geral das Artes (DGARTES) e o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), cuja abertura está prevista para o primeiro semestre do ano. Está ainda contemplada a abertura de um concurso especial de projetos de curta duração promovido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), sobre a construção da democracia.

Movimento operário, Amílcar Cabral, Oposições e Movimento dos Capitães

A exposição “O movimento operário e sindical na resistência à ditadura (1968-1974)”, a inaugurar em maio, constitui um dos momentos de relevo da programação. Comissariada pelo historiador José Pacheco Pereira, terá dois núcleos centrais (um em Lisboa e outro nas Oficinas da CP no Barreiro) e painéis, placards, ou mostras expositivas em vários locais, de vários pontos do país, associados às lutas neste período: fábricas onde houve greves, sedes sindicais, locais de manifestações, etc.

As Comemorações vão também dar particular atenção aos 50 anos do
III Congresso da Oposição Democrática (Aveiro, 4-8 de abril de 1973), importante momento de revigoramento das oposições à ditadura e de preparação das eleições de 1973, assim como ao Encontro dos Liberais (Lisboa, 28-30 julho 1973), que confirma o fim da Ala Liberal e lança a ideia de constituição de uma terceira via, entre o regime e a oposição democrática.

Será desenvolvida uma exposição sobre Amílcar Cabral (Bafatá, 1924 – Conakry, 1973), que estará patente no Palácio Baldaya (em Benfica, Lisboa), entre março e junho, a partir da qual se promoverão iniciativas diversificadas – mesas redondas, concertos, visitas guiadas, um ciclo de cinema, uma feira do livro, um programa pedagógico, etc. –, incidindo sobre temas como o colonialismo, a luta anticolonial e a descolonização.

Este ano terá ainda lugar a evocação dos 50 anos do nascimento do
Movimento dos Capitães. As cerimónias terão lugar em Alcáçovas, em iniciativas desenvolvidas em conjunto com a Junta de Freguesia de Alcáçovas, a Câmara Municipal de Viana do Alentejo e a Associação 25 de Abril. As Comemorações vão assinalar a génese e evolução do Movimento, a sua atividade conspirativa e a sua intervenção, que acabaria por pôr fim a 48 anos de ditadura.

Estão também previstas várias iniciativas no âmbito da educação, nomeadamente o lançamento dos projetos «A Infância e os 50 anos do 25 de Abril» e «100 anos de democracia: 1974 a 2074», e a campanha de cartazes «Direitos Humanos consagrados na Constituição Portuguesa».

Mais de 90 atividades próprias em 2022

Durante o ano de 2022, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril esteve envolvida em cerca de uma centena de atividades, muitas das quais foram promovidas por sua iniciativa ou em parceria com outras entidades. Apoiou também atividades desenvolvidas por terceiros, nomeadamente através de ações de comunicação e divulgação, e da cedência da marca oficial das comemorações.

Em resumo, a Comissão desenvolveu, no ano passado, mais de 90 atividades próprias, apoiou perto de 30 atividades de terceiros e recebeu mais de 140 propostas por parte da sociedade civil.

Estes dados constam do relatório de atividades que foi entregue à Comissão Nacional.

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início a 23 de março de 2022, ano em que o tema privilegiado foi o contributo do movimento associativo estudantil na luta contra a ditadura.

Tirou-se partido do facto de o início das Comemorações coincidir com o Dia do Estudante e com a data em que se cumpriam 60 anos sobre a crise académica de Lisboa, e desenvolveu-se uma exposição dedicada ao tema: “Primaveras Estudantis – da Crise de 1962 até ao 25 de Abril”.

Na programação, destacou-se ainda o espetáculo infanto-juvenil
“Mais Alto!”, que, ao longo do ano, percorreu o país com concertos
que abordavam pedagogicamente a prática da democracia. Realizaram-se 50 espetáculos em 30 cidades.

Evocaram-se igualmente os acontecimentos da Vigília da Capela do Rato, sobre os quais passaram 50 anos.

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