Conselho para as Ciências da Vida avisa que IA não pode substituir médicos

por Lusa,    15 Fevereiro, 2024
Conselho para as Ciências da Vida avisa que IA não pode substituir médicos
Fotografia de Igor Omilaev / Unsplash
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A presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) admitiu hoje a importância crescente da inteligência artificial (IA) no domínio da biomedicina, mas sublinhou que a última palavra deve caber sempre ao profissional de saúde.

Em declarações à Lusa, Maria do Céu Patrão Neves frisou que a IA deve “complementar, mas nunca substituir” o trabalho do profissional de saúde ou do cientista.

“Mas a realidade é que os sistemas de inteligência artificial estão a ter uma preponderância cada vez maior no domínio da biomedicina”, vincou.

Na sexta-feira, na Universidade do Minho, em Braga, o CNECV promove uma sessão pública de apresentação do Livro Branco intitulado “Inteligência Artificial: inquietações sociais, propostas éticas e orientações políticas”.

Segundo Maria do Céu Patrão Neves, o objetivo é promover uma reflexão e recolher contributos para “aprimorar” o texto final do livro, que deverá ser publicado em março.

O trabalho já feito no pelo CNECV identifica as cinco grandes áreas em que o impacto da IA é mais evidente: a investigação biomédica, a assistência clínica, a gestão hospitalar, a administração pública e a educação, tanto dos profissionais de saúde quanto da população em geral.

Para a presidente do CNECV, a digitalização da saúde é “urgente e fundamental para haver melhores serviços e para a otimização de recursos humanos e financeiros e de equipamentos”, mas “também tem impactos negativos”.

Entre estes, destacou um eventual “distanciamento” entre os profissionais de saúde e o utente, a criação de um espaço de menor confiança e a indução de consultas “muito mais breves, muito mais orientadas, única e exclusivamente para aspetos específicos da patologia de que a pessoa sofre, sem que a pessoa tenha oportunidade para falar de toda a sua realidade, que no fundo, influencia o modo como a doença se manifesta nela”.

Por outro lado, admitiu que os sistemas de inteligência artificial “conseguem ser muitíssimo mais rigorosos e mais céleres” na leitura de qualquer exame radiológico.

“Nós queremos uma inteligência artificial que venha coadjuvar, que seja o complementar do trabalho do cientista, do profissional de saúde, dos políticos, dos legisladores. Não queremos um sistema de inteligência artificial para substituir o humano”, rematou.

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