Dissemos SIM ao novo álbum dos KLEPHT
Os KLEPHT, banda portuguesa liderada por Diogo Dias, lançaram na semana passada o seu terceiro álbum de estúdio, de nome SIM. Durante os últimos dias tive a oportunidade de partilhar as ocasionais viagens de carro com o álbum, e estou rendido a ele.
Sendo já um fã assíduo de KLEPHT desde o álbum homónimo, de 2008, assim que recebi a notícia de que o álbum estava à venda, entrei no carro em direção à fnac mais próxima para o comprar, mesmo antes de o ouvir nos players de música onde já se encontra disponível gratuitamente (Spotify, iTunes e Meo Music). Por 10,99€ foi com certeza uma boa compra.
Assim que cheguei ao carro, tirei o CD que tinha no leitor (Temple of the Dog) para dar lugar a este SIM. Corri o álbum do início ao fim já várias vezes e a cada vez que o ouço fico a gostar mais dele. O bichinho que se tinha criado em 2010 (com o lançamento do álbum Hipocondria) com saudades de um novo álbum da banda portuguesa finalmente desapareceu. Começando a minha curta viagem, começou também a dar música boa. O Grito (Partes 1 e 2) introduziu-me ao mais recente trabalho do Diogo, do Marco e do Mário. Confesso que não foi à primeira que encontrei o encanto destas duas músicas iniciais pois parte de mim esperava uma voz calma e grave como a que fomos habituados com Embora Doa ou até algo intermédio como em Tudo de Novo, mas Diogo Dias apresenta-se no início do álbum com vontade de provar que consegue fazer mais e diferente, e apesar de terem sido necessários alguns (poucos) replays, rapidamente me ambientei e reconheci a qualidade deste grito do Ipiranga dos KLEPHT.
Seguem-se por esta ordem as músicas 21-6, Dar Uso, e Hibernar, que para mim são talvez as melhores músicas do álbum, em conjunto com o Manual de uma Conquista, single lançado previamente ao álbum. 21-6 será certamente a música que marcará o meu verão (e que bonito é conduzir pelas ruas solarengas de Lisboa com este tema como música de fundo!), e trata-se de algo como uma experimentação para a banda, que bebe um pouco de todos os potes e cria um som que não é necessariamente parecido com nada do que a banda nos mostrou até hoje, e dificilmente se encontram paralelos no mundo da música no geral. Em Dar Uso, um tema mais sombrio que dita uma mudança de paradigma no álbum, os KLEPHT convidaram a voz dos Amor Electro, Marisa Liz para partilhar os holofotes com o Diogo. Apesar de nunca ter imaginado esta parceria, é óbvio que resulta, e juntaram-se duas das grandes vozes da música moderna portuguesa para criar um hino pesado ao bom rock português. Notam-se as influências musicais da banda de Marisa Liz no tema, que se separa da típica linha musical de KLEPHT, parecendo mesmo uma música de Amor Electro com Diogo Dias como convidado. Talvez seja este o ponto mais alto do álbum. O quinto tema, Hibernar, leva-nos aos Klepht de 2008, das músicas que ficam no ouvido à primeira e que dão o tom a um serão de música calma e agradável.
Do resto do álbum, vale a pena referir os temas já lançados, SIM e Manual de uma Conquista, que como já sabemos fazem jus à qualidade da banda lisboeta. Outro dos muitos pontos altos deste álbum é Narcose, uma música que mostra na totalidade a genialidade dos KLEPHT, com a voz de Diogo Dias e as vozes de fundo quase em batalha, ou numa dança mortal e amigável ao mesmo tempo. Diogo mostra-se como um dos melhores em Portugal no que toca a cantar fora dos parâmetros «normais», conseguindo embeber as músicas da banda com uma identidade pouco familiar mas ao mesmo tempo muito bem aceite e fácil de digerir.
O terceiro álbum dos KLEPHT, SIM, ficou na minha opinião ao mesmo nível do álbum homónimo e de Hipocondria (o que não é dizer pouco), álbuns que considero geniais e do melhor que se faz em Portugal atualmente. Apesar da longa espera e de abordarem este álbum com uma mente diferente e mais madura, os KLEPHT estão para ficar, e mal podemos esperar por ouvir o próximo trabalho da banda!