Entrevista. Fábio Porchat: “As pessoas estão a sentir falta dos encontros e de poder rir”
Fábio Porchat não é um desconhecido dos portugueses. Presença muito regular nos sketches do colectivo Porta dos Fundos, do qual é um dos fundadores, Fábio Porchat há muito que visita Portugal para lhe conhecer os cantos. Nos últimos tempos, tem percorrido o Norte e Centro de Portugal tendo como base a obra Viagem a Portugal de José Saramago, numa série da RTP. É possível que, à boleia deste projecto, se apresente em palco para apresentar O Novo Stand-up de Fábio Porchat um pouco mais “volumoso” do que o habitual, visto não conseguir escapar, conforme nos confidenciou, “a toda uma maldição da comida e da bebida. Do pão à sobremesa, tudo é bom. A manteiga, o queijo, o prato principal, a entrada, a sobremesa. Tem vinho verde, vinho branco, vindo verde tinto, tudo”. Começando por Miranda do Douro, Fábio Porchat veio “descendo visitando os mesmos lugares que Saramago visitou, conhecendo as mesmas pessoas e comendo nos mesmos restaurantes. É um olhar de fora de Portugal e um olhar de fora do tempo de Saramago.”
É com as experiências tidas em viagens que Fábio Porchat irá apresentar o seu novo espectáculo de stand-up. Numa estreia absoluta (só irá estrear no Brasil em Abril), Fábio Porchat volta agora ao formato que deixou de fazer em 2017 e onde irá falar das suas viagens, “coisas que aconteceram no Nepal, Índia, Africa”.
Em 2016, Fabio Porchat disse numa entrevista que “o próximo passo do stand-up era fazer a pessoa rir e pensar ao mesmo tempo”, mas não foi esta a intenção de O Novo Stand-up de Fábio Porchat, porque, diz-nos, “o povo está a precisar de rir.” Habituados a ver Porchat em programas como Que história é essa Porchat?, onde faz troca experiências com os seus entrevistados, no Papo de Segunda ou também na Porta dos Fundos, onde, nas entrelinhas do humor, faz críticas e caricaturas sociais e políticas, o palco do novo stand-up encher-se-á de vivências porque “estamos a viver esta pandemia há 2 anos e as pessoas estão cansadas, politicamente cansadas. Estamos cansados das batalhas das redes sociais e na Internet sobre assuntos super difíceis. É um stand-up em que eu conto as minhas experiências, não é onde dou opiniões ou me posiciono politicamente.”
As experiências que partilhará com o público são fruto de anos de viagens. São também uma fuga a “a um mundo tão pesado” quando o que as pessoas estão mesmo é “a sentir falta dos encontros, e de poder rir e soltarem-se no meio de tanta confusão”. Uma coleção de histórias, “um avistamento de hipopótamos em África, uma massagem na Índia ou uma dor de barriga no Nepal”, mas também uma porta aberta para que essas histórias acontecessem. Quase como um “Guia Michelin de experiências”. Portugal fará também parte do leque de experiências, por ser sempre um bom sítio para falar sobre “desentendimentos entre brasileiros e portugueses, curiosidades brasileiras das muitas viagens a Portugal”.
Se a digressão do espectáculo deixa, por ora, a região sul do país de fora, a verdade é que Fábio Porchat irá reproduzir os passos de Saramago por terras do sul. Aí, reunirá experiências, conhecerá pessoas, e enriquecerá, certamente, o seu saco de vivências que um dia transformará possivelmente em stand-up. Um work-in-progress, que nos poderá inspirar também a visitar os sítios que Porchat percorreu.
O Novo Stand-up de Fábio Porchat estará no Porto no dia 5 de Fevereiro, em Braga a 6 de Fevereiro, em Coimbra a 12 de Fevereiro, em Aveiro a 13 de Fevereiro e em Lisboa a 18 de Fevereiro.