Entrevista. Salomé Areias: “Passámos de uma economia de consumo para uma economia de compulsão e adição”
O Fashion Revolution é um movimento que visa revolucionar a Indústria da Moda. Vai para lá do que o que temos nos armários e, acreditem, não é coisa pouca: a moda é uma indústria poderosa, mexe com conceitos e pré-conceitos históricos, sociais, ambientais e psicológicos. Fundado por Carry Somers e Orsola de Castro após o desastre do Rana Plaza, em 2013, o Fashion Revolution é uma organização global, que conta com activistas que lutam em várias frentes por uma indústria têxtil que seja ambiental e socialmente responsável. Há um trabalho permanente de investigação, educação e mobilização de cidadãos para uma real mudança tão necessária.
Vivemos, actualmente, uma crise de recursos (e não só) sem precedentes, ao mesmo tempo que o modelo extractivista praticado pela indústria não abranda. No topo vemos a bandeira da sustentabilidade, um conceito antagónico ao sistema industrial em vigor. Sendo a indústria da moda um claro exemplo desta incoerência, falámos com Salomé Areias, coordenadora do movimento Fashion Revolution em Portugal, sobre este mesmo tema e a propósito do artigo Quão sustentável é a moda sustentável?.
Como activista e investigadora na área de comportamento de consumo, que mudanças observas na indústria e no comportamento dos consumidores ao longo dos últimos anos?
O consumo de roupa aumentou, exponencialmente, na última metade do século e tal foi agudizado pela liberalização dos mercados. Passámos de uma economia dependente do consumo para uma economia dependente da compulsão e adição, no séc. XXI. Entretanto, chegámos a um nível de devoção delirante pelo crescimento, quando ele já deixou de fazer sentido há muito tempo. Tudo o que representa o bem-estar foi sendo comprometido: o tempo, a saúde mental, a criatividade, a simbiose com a natureza, a arte e, acima de tudo, a dignidade humana (já normalizámos um pensamento de how low can you go para não questionar o sistema).
Estamos a produzir coisas aleatórias que ninguém precisa. Estamos a destruir o planeta só para aquecer. E isto é demasiado doloroso para a humanidade admitir. O movimento ecológico emergiu, mas o capitalismo apenas adaptou o objecto de desejo: quando o eco se tornou sexy, passou a produzi-lo em massa e com isto caímos num paradoxo. Desde então, o consumo de roupa duplicou e espera-se que triplique até 2030. Fast fashion e roupa em segunda mão crescem em conluio e a alta velocidade. A negação da ciência trouxe eco-ansiedade a quem se mantém alerta face ao caos climático e a cultura individualista abriu espaço à culpabilização do consumidor. Criou-se o mito de que a indústria está, inocentemente, a ir atrás do que querem os consumidores, mas essa é a maior mentira da história do sector.
A indústria dos fashionables está, deliberadamente, a produzir até 40% a mais do que é comprado, para estimular a rotatividade. Está a impor produtos que os consumidores não querem (para manter a cadência de compra, é preciso vender coisas que ninguém precisa “pintadas” de solução temporária para um vazio emocional generalizado) e a manipulá-los para que comprem com gatilhos incontornáveis para o cérebro humano. Chamo a isto a economia do não-sou-suficiente. E a nossa propensão natural à pressão de pares e à busca pela identidade e pertença é, descaradamente, explorada pela moda e pelas redes sociais.
Estamos, contudo, a viver a emergência política de economias do sul global depois de terem sido exploradas durante décadas, muitas vezes séculos de colonialismo, onde agora a voz política ganhou um pouco mais de força com estrutura legal, salários mínimos, sindicatos e poder de negociação. Há vozes pela descolonização e decrescimento a surgir, também, um pouco por todo o mundo, resultado de uma espécie de fadiga do consumismo e estupefacção com os ultra-ricos. As marcas fast fashion sofrem, hoje, retaliações constantes e alertas para boicote por conta de escândalos ligados à escravatura moderna e crimes ambientais. Mais de metade das pessoas, hoje, já desconfia de greenwashing, embora não saiba identificá-lo.
Que problemas identificas, actualmente, como sendo mais proeminentes no sistema de moda?
Hoje, assistimos à seguinte bizarria: metade do mundo é escravizado a produzir toneladas de roupa (porque precisa de sobreviver) para a outra metade ser manipulada a comprar (porque precisa da dopamina) e descartar de volta para poluir a primeira metade (porque a lei de comércio internacional força esse fluxo para que se perpetue o ciclo compra-descarte). Os únicos a rirem-se disto são os que estão sentados em cima dos lucros desta aberração: os donos dos grupos de fast fashion (e seus accionistas) e agora detentores, também, do sector de segunda mão.
O problema base, que nasce com o colonialismo e depois com o capitalismo, intersecta todos os problemas da moda: crimes ambientais, escravatura, dívida e suicídio, racismo sistémico, apropriação cultural, objectificação do corpo feminino, distúrbios alimentares, masculinidade tóxica, homofobia e transfobia, abuso sexual, dependência do consumo e doença mental. A liberalização dos mercados, no início dos anos 90, criou um contexto legal fértil à exploração laboral e de recursos sem assumir as externalidades, sem que as corporações fossem legalmente vinculadas aos seus crimes e a responsabilidade legal por eles não saísse dos limítrofes das economias exploradas.
Noutras palavras, o norte global teve a hipocrisia de aplicar uma nova visão ‘liberal’ num mundo ainda, estruturalmente, colonizado e fingir que todas as economias são livres de fazer os seus preços. Quando a violência, a fome e as mortes acontecem, encolhem os ombros perante uma lei que os privilegia. Um dono de uma fábrica no Bangladesh que pague abaixo do salário mínimo é (se for) responsabilizado pelo seu próprio governo, mas a marca de fast fashion que pressiona a fábrica a baixar os preços de forma proibitiva, não é. Podemos achar que o dono da fábrica pode, simplesmente, recusar, mas eis a grande verdade que o neoliberalismo não quer admitir: ele não pode recusar, e vê-se obrigado a fazer o mesmo a quem dele depende economicamente.
Esta violência perpetua-se em pirâmide. Pois as marcas de fast fashion bilionárias não têm mais nenhuma razão para exigir pagar cêntimos por uma t-shirt, senão perpetuar esta prisão económica para deter o controlo sobre o fornecimento. Uma das perguntas que mais nos fazem no Fashion Revolution é: “mas, então, se deixarmos de comprar fast fashion não vamos deixar estas pobres mulheres no desemprego?”. As pessoas desenvolveram uma espécie de ilusão de poder no seu espectro do consumo. “Não” – dizemos – quem tem poder sobre isso é quem tem poder sobre elas. Mas nós temos a liberdade e o privilégio (portanto, a responsabilidade) de dissolver esse poder de forma colectiva. E não é comprando, é usando a voz política.
Como se pode explicar que, num tempo em que se conhece tanto sobre o impacto social e ambiental da indústria de moda, empresas de fast e ultra fast fashion como a Shein, por exemplo, tenham tanto sucesso?
Parece contraditório, mas comprar este volume de roupa neste contexto de overflow de informação até faz bastante sentido. O cérebro do consumidor é hiperestimulado a comprar e, como se não bastasse, o sentimento de culpa que lhe é incutido por poluir está mais do que provado que resulta em mais compras. Não é estranho. Simplesmente, temos de ver porque é que as pessoas compram e como é que a crise climática está a ser comunicada. A Shein é uma das empresas de fast fashion mais bem sucedidas (e com maior taxa de crescimento) do mundo porque aprendeu com a competição e dominou a mestria em manipular o consumidor.
O site da Shein é um chorrilho de gatilhos de ansiedade e descontos que piscam. A presença nas redes sociais não é menos assoberbante. Este modelo de negócio ultra-fast dominou o mercado porque, em vez de produzir milhões de unidades de cada design (um conceito básico de escala para reduzir o preço de custo unitário), a Shein explora, para além disso, o design: rouba o design de pequenos profissionais independentes que não têm robustez legal para retaliar e lança milhares de novos estilos por dia com pequenas quantidades. O que vende, incrementa-se as quantidades e/ou produz-se na hora, o que não vende passa à história.
A Shein, em particular, tem também a seguinte vantagem: tanto quanto tenho lido, a produção ou, pelo menos, o poder sobre a manufactura não sai da China. Sei que, nos últimos anos, produtores chineses têm montado fábricas no norte de África para lá explorar a mão-de-obra barata. Este, juntamente com a exploração de presidiários (nomeadamente Uigures), é um novo modelo de escravatura que pode ser tremendamente profícuo e avassalador numa supremacia económica com grande opressão política como a da China. O que falta é acordar o cidadão sobre o poder que ele tem em pesquisar mais sobre isto e usar a sua voz. Não é dizer ao consumidor que tem de comprar algodão orgânico.
O consumo de roupa aumentou, exponencialmente, na última metade do século e tal foi agudizado pela liberalização dos mercados. Passámos de uma economia dependente do consumo para uma economia dependente da compulsão e adição, no séc. XXI.
Salomé Areias
Porque é que alternativas como a reciclagem, a matéria prima biológica e a roupa em segunda mão são caminhos que se podem tornar uma transferência do problema, um outro berço da insustentabilidade?
Enquanto não formos à raiz do problema (que é a cultura capitalista e neoliberal, a economia de crescimento e a vontade política que deles está dependente), tentar curar sintomas graves com reciclagem e pôr o resíduo têxtil a circular, como se isso fosse circularidade, é ainda mais perigoso, porque camufla a emergência de outros problemas sistémicos e nega a sua interseccionalidade. Olhar para a produção biológica descurando uma visão ampla sobre a estrutura opressiva de produção é perigoso. Ver a circularidade de forma binária é perigoso. Ela é complexa. O problema principal da reciclagem têxtil não tem nada a ver com a técnica da reciclagem, tem a ver com quantidade.
A quantidade é, simplesmente, demasiada para que tenha um sentido económico. É um problema matemático de volume, puro e simples. É por isso que menos de 1% da roupa é reciclada. O mesmo acontece com a segunda mão. As empresas de revenda, a comunicação social e os governos dizem que roupa em segunda mão é sustentável porque temos de reduzir a pegada carbónica da produção de roupa nova. Mas uma coisa não impede a outra. Isso é perigosamente usado como argumento, mas a verdade é que as pessoas estão a comprar cada vez mais das duas — tanto nova, como segunda mão. A segunda-mão prepara-se, agora, para ultrapassar o fast fashion em vendas, mas ambos os sectores são interdependentes e estão a crescer em conluio, como uma mão que lava a outra.
A segunda mão romantiza uma espécie de ressuscitação do desperdício (sob um sistema de valor especulativo que parte da ideia de “lixo”) e o fast fashion precisa que o consumidor abra espaço no armário para comprar mais, precisando que a “doação de roupa” tenha uma retórica de caridade. Isto gera, claro, milhões de toneladas de resíduo têxtil que está a ser literalmente deitado ao mar e abandonado a céu aberto um pouco por toda a África subsariana e América do Sul. A propósito, esta é a verdadeira fonte das microfibras no oceano, e não as nossas máquinas de lavar.
Penso sempre que haveríamos de nos questionar sobre quão abstracto é esse conceito da segunda mão? É algo que eu uso pela segunda vez? É algo que dou a outra pessoa? É algo que devolvo à loja e volta a ser vendido? Quando há cada vez mais marcas de fast fashion a integrar a revenda no seu modelo de negócio, para mim, é tudo a mesma coisa. O mesmo acontece com o uso de “deadstock” de tecidos das fábricas para justificar a ideia de circularidade num negócio. Quando uma fábrica vende tecido que não vendeu antes, está só a fazer gestão do seu produto. Porque raio está a indústria a chamar isto de ecológico? Como diz a Marta Barata do Fashion Revolution Portugal, deviam existir rótulos a dizer “insustentável” numa indústria em que a norma fosse a sua sustentabilidade.
“É preciso reorganizar o sistema educativo, a ligação com a natureza, o acesso global à saúde mental, reintegrar na cultura o desfrute do tempo, a celebração da arte e as reparações face a séculos de opressão. E tempo é algo que não temos perante a urgência climática que ameaça a nossa espécie.”
Salomé Areias
O que precisa ser feito para uma mudança real que minimize o impacto social e ambiental causado pela indústria e quais as prioridades?
A prioridade é palavra-chave na mudança sistémica. Isto não é uma crise climática, é uma crise essencialmente humana e espiritual. Mas embora seja crucial restabelecer a conexão do ser humano com o seu propósito e reintegrar uma visão holística da vida na Terra, essa mudança mais profunda é a que exige mais tempo. É preciso reorganizar o sistema educativo, a ligação com a natureza, o acesso global à saúde mental, reintegrar na cultura o desfrute do tempo, a celebração da arte e as reparações face a séculos de opressão. E tempo é algo que não temos perante a urgência climática que ameaça a nossa espécie.
A prioridade é, assim, começar pela primeira camada que é a legal, assumindo que as políticas são de transição, e isso exige volume de vozes da sociedade civil: o voto, a tomada de conhecimento dos programas eleitorais e a pressão política gerada por protestos, consultas públicas e participação em organizações. Só com a lei podemos chegar à segunda prioridade, que é produzir menos, muito menos. A ciência já não está para remendos. Temos de travar a fundo. O extracção fóssil tem de acabar. Têm de haver preços mínimos de produção tabelados para libertar países sem poder de negociação, salário digno e sindicatos.
As empresas têm de ser responsabilizadas pela totalidade do ciclo de vida dos seus produtos. Tem de haver literacia e policiamento maior à apropriação cultural e penas maiores sobre o plágio e extorsão de pequenos produtores. Toda a publicidade e truques de marketing passiveis de manipular o cérebro humano têm de ser regularizados. Tem de haver acesso justo e inclusivo à saúde mental para desmantelar o consumismo na sua raíz. A temperatura está nos 1.2º, os microplásticos já circulam no nosso sangue e na água que bebemos e um terço deles vem do descarte de roupa. Não sou optimista, mas derrotismo perante isto é algo que não podemos dar-nos ao luxo de ter, com o privilégio que temos em unir-nos pelo bem comum.
Qual o caminho para a circularidade?
Circularidade é só uma palavra nova para algo que sempre esteve aqui, mas que a dada altura deixamos de ver porque nos desconectamos da nossa natureza. O caminho para a circularidade é, na verdade, um retorno à circularidade. Com a roupa é a mesma coisa: temos de recentrar-nos naquilo que são as nossas necessidades essenciais enquanto espécie, enquanto sociedade e enquanto parte integrante de outros ecossistemas com os quais somos interdependentes.
Temos de mudar o sistema político e económico, incorporar o consumismo nos temas da saúde mental, perceber quanto dos recursos que extraímos da Terra pode ser reduzido, suficiente e regenerado, e quanto do que criamos é prazeroso para quem cria e para quem veste. Mas temos, sobretudo, de analisar e operar de forma holística: olhando para o todo e integrando uma responsabilidade pelo todo. Isto traduz-se na prática em reduzir o volume de roupa produzido, desenhar os produtos com visão sobre o seu fim de vida e para serem usados, cuidados ou transformados para sempre.
E com isto não estou a falar de durabilidade material (até porque optar indiscriminadamente pela durabilidade de um produto com potencial para ser descartado é ainda pior), mas sim ter em conta o verdadeiro preenchimento do indivíduo: ir ao encontro de uma verdadeira melhoria na sua vida, a nível funcional e emocional. Isso exige uma maior proximidade entre consumidor e criador, potencialmente a justaposição destes dois papéis em co-criação, e horizontalidade na indústria. O sistema educativo (os cursos de design de vestuário) devem acompanhar também esta óptica.
Secundariamente, no que diz respeito ao resíduo estritamente necessário que daí resultar, estratégias de reutilização, compostagem e reciclagem devem ser implementadas. Penso que um dos maiores obstáculos ao upcycling é o facto da triagem e desmontagem do resíduo ter de ser actualmente incorporado pelo designer, e que este investimento seja diluído entre o seu negócio e a parca carteira do seu consumidor. É altamente contraproducente para as políticas da economia circular. Para não falar no investimento académico que se perde ao não dar continuidade ao potencial de massa crítica que emerge hoje entre os novos designers. Se há um resíduo têxtil com potencial para ser recriado, ele tem de ser tratado, organizado e disponibilizado para todos.
“Se eu posso falar de política no almoço de família, devo falar. Se há um livro de reclamações, vou usá-lo. Se eu posso votar, devo votar conscientemente. Se eu posso protestar numa manifestação, vou gritar ainda mais alto. Se eu sou gestora de resíduos, ou de logística, ou designer de moda e posso mudar coisas no meu campo de acção e deixar pessoas desconfortáveis, vou deixar.”
Salomé Areias
Qual o papel da indústria neste processo e o nosso enquanto consumidores?
A indústria e o consumidor têm um papel que lhes foi dado pelo capitalismo, que é produzir e consumir. Mas indústria e consumidor são conceitos que só existem no espectro económico — não somos nem um nem outro. Somos seres humanos incrivelmente complexos e o nosso papel é desfrutar da vida e canalizar a nossa energia e criatividade para o bem comum. Sendo que há uma esmagadora maioria de seres humanos com a sua liberdade condicionada de forma sistémica, o nosso motor natural deveria fazer-nos revisitar o nosso privilégio, liberdade e poder de impacto (e, portanto, de responsabilidade).
Se eu posso falar de política no almoço de família, devo falar. Se há um livro de reclamações, vou usá-lo. Se eu posso votar, devo votar conscientemente. Se eu posso protestar numa manifestação, vou gritar ainda mais alto. Se eu sou gestora de resíduos, ou de logística, ou designer de moda e posso mudar coisas no meu campo de acção e deixar pessoas desconfortáveis, vou deixar. Se a minha voz chega a milhares de pessoas, vou criar espaço e autonomia para outras vozes. E se tenho o poder económico e político para, directamente, impedir a desumanização e violência, então não vejo como não ser automaticamente responsável por fazê-lo.
Temos de nos acordar uns aos outros. Mas primeiro temos de nos dar conta do quão livres somos para negar o sistema actual. É por isso que considero a terapia e auto-conhecimento um acto de resistência activista.
O que pode ser feito e o que está a ser feito?
O que pode ser feito (a força, comunhão e capacidade de organização enquanto espécie humana) ficou evidente à luz da mobilização massiva de 2020. Somos capazes de reagir adequadamente à emergência quando há vontade política — muitos de nós até nos antecipámos à lei e às directivas dos governos nessa altura! O problema é que a dormência mental e espiritual, na qual está baseada a cultura capitalista, não permite que nada de proporcionalmente significativo esteja a ser feito.
As metas carbónicas das cimeiras do clima são insuficientes e em desacordo com a ciência, os acordos são não vinculativos. O mínimo que deveria estar a ser feito, não está a ser feito. Continuamos a caminhar para a extinção. Estamos, contudo, a acordar aos poucos para uma mobilização activista que pode vir a chegar, em breve, a um ponto crítico positivo e de grande impacto, pela radicalidade com que opera (indo à raiz existencial, filosófica e política).